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sábado, 28 de fevereiro de 2015

[7829] - C O N V I T E ...




UM CONSELHO DE AMIGO:  NÃO FALTE!...



[7828] - E O ILHÉU ALI, TÃO PERTO!...

José F. Lopes

O que impressiona nesta foto, é a sensação de proximidade do ilhéu, como se à banhista da Laginha bastasse estender a mão para o alcançar...Efeitos, decerto, de uma tele-objectiva de qualidade já que o resultado final é de uma beleza notável...Parabéns ao artista desconhecido!

[7827] - "ALEA JACTA EST"...

José Fortes Loipes
VIVA A UTOPIA CABOVERDIANA: Governo aprova medidas para a afirmação da língua cabo-verdiana!

Mais uma medida ILUMINADA no bom sentido, para escangalhar de vez Cabo Verde!
Com estas medidas (não sejamos tolos...), o Governo aprova vias para a instauração do ALUPEK e da oficialização do crioulo, na sua versão badia. Assim, o crioulo não é mais do que uma propaganda política e eleitoralista para satisfazer a maioria da população de Santiago, sobre um assunto na realidade sério, que poderia levar décadas a ser ponderado e a não ser de ânimo leve decidido. Mas, quando o fundamentalista de Santiago, JMN, candidato a PM, foi eleito, já tinha prometido isso ao seu povo... Punha-se, assim,  em marcha, a maior operação de propaganda alguma vez efectuada!
É assim, que um punhado de iluminados fundamentalistas, gente poderosa bem colocada na máquina do poder e do estado, viu uma grande ocasião para mostrar protagonismo e empoleiraram-se nesta nova causa revolucionária: acabar com o uso do português e generalizar por "dá-cá-aquela- palha" o crioulo. Dá-se o 2º assalto ao poder em Cabo Verde, agora através da democracia, naquilo que é essencial: a língua e a cultura. Pois não é de todo linear imaginar que pessoas pretensamente competentes, que viviam exclusivamente da política, de repente estariam na posse de Mestrados e PhD em Crioulo, dirigindo hoje Cátedras em Cabo Verde... Levam este assunto tão sério da maneira mais atabalhoada, numa autêntica maratona corrida contra-o- relógio, indiferentes a todas as críticas...
A minha grande dúvida é que Grupinho de Trabalho, sem experiência profissional e científica para um assunto sério, que exige décadas na investigação e ensino universitários,  se fechará nas suas certezas e tenha a pretensão de conduzir todo o país em mais esta aventura sem retorno. Cabo Verde tornou-se terra de experimentação das mais levianas utopias e mentiras,  herança do esquerdismo utópico da revolução da carochinha.!
Que os ingénuos nacionalistas não tenham ilusões: isto é uma operação de "marketing" político puro!  Aos filho do povo dá-se-lhes o crioulo e os filhos dos donos do Sistema vão poder cultivar o português e outras línguas para poderem estar bem colocados nas universidades estrangeiras de topo e regressarem para ocupar os postos reservados pelos pais.
Mas para além de tudo isto,  será mais uma oportunidade: muito dinheiro e novos tachos para a pseudo-elite sediada na Praia estudar e ensinar o crioulo...
Obviamente, para a implementação do Crioulo haverá a mão estendida, vão ser precisos milhões de dólares, euros ou ienes... Como sempre, haverá  UNESCO, FAO, OUA, PNUD,  para pagar estas leviandades e luxos de desaforados. Mas, Adivinhem quem vai pagar isto tudo, quem vai arcar com tudo!!!


sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

[7826] - CABO VERDE: A EMIGRAÇÃO E A SOCIEDADE CIVIL...

              A DIASPORIZAÇÃO NA CRIAÇÃO E VALORIZAÇÂO DA NOSSA SOCIEDADE CIVIL

O nosso Grupo de Reflexão para a Regionalização de Cabo Verde vem actuando com a força contundente de bons argumentos contra a “nação inclusiva no centro e um império opressor na periferia”, segundo a expressão do professor do Departamento do Instituto Superior de Educação de Cabo Verde, Gabriel Fernandes, no seu bem documentado livro Em Busca da Nação, cuja leitura recomendo vivamente a todos aqueles que se interessam pela compreensão da nossa existência como nação e Estado e das perspectivas futuras. Para mim, das melhores abordagens do nosso percurso existencial como povo, nação e Estado, por combinar “uma pesquisa historiográfica acurada e a análise sociológica densa e aguda”.
A projectada reunião para a discussão da Regionalização, adiada por causa da erupção do vulcão do Fogo, continua por se marcar e nenhuma notícia temos de próxima data para o evento. Constata-se, pois, falta de vontade por parte do Governo em discutir o assunto, não obstante a anuência dos partidos políticos que, contrafeitos (com excepção da UCID), esgotadas as desculpas e evasivas, acabaram por concordar, mas com propostas travestidas de descentralização e regionalização.
Há uma citação, atribuída ao imperador chinês Xuau (91-49 a.C.) de que “as pessoas sábias mudam as leis e os regulamentos para responderem às circunstâncias que estão a viver”. Já citámos também Talleyrand que afirmou algo semelhante, mas os efeitos têm sido nulos dada a inércia de lesma do governo. 
O grau de descentralização política (não somente administrativa como quer o Governo e o MpD) tem sido encarado como um factor que estimula a sociedade civil. Quanto mais descentralizado for o Estado, maior o estímulo ao desenvolvimento de associações voluntárias locais. Estas associações, ou o que geralmente se denomina de sociedade civil, são decisivas para o aprofundamento da democracia e funcionam como gongons para certos regimes políticos, razão por que não promovem nem facilitam o seu desenvolvimento. 
A verdadeira descentralização e a reforma estrutural do Estado visando a implantação da regionalização implicam forçosamente autonomia, isto é, liberdade de decisão quanto aos poderes delegados à periferia. Se assim não for, os efeitos da descentralização não funcionarão; será uma pura desconcentração de serviços, ficando tudo praticamente na mesma, devido ao facto de estes continuarem a ser geridos por funcionários nomeados centralmente e não eleitos ou escolhidos localmente, ficando as decisões sempre dependentes de autorização central, de uma ou mais assinaturas como, de resto, vem acontecendo sob gestão de pesada burocracia. 
A cidadania, condição de pessoas que, como membros do Estado, se acham no gozo de direitos que lhes permitem participar na vida política e gestão da coisa pública, não é muito praticada entre nós. Com certa frequência, existe uma dicotomia: nós e eles, sendo eles, os governantes, que nós, os cidadãos, não identificamos como nossos representantes. Isso acontece quando a democracia não existe ou é de qualidade ruim.
Rodopiando à volta do conceito de sociedade civil, escrevi recentemente sobre a constituição do povo cabo-verdiano e do seu sentimento de pertença a uma nação, o que vim a encontrar magistralmente tratado por Gabriel Fernandes no seu livro, onde explica e valoriza a crioulização em Cabo Verde, onde “os brancos (reinóis) eram poucos e ruins e os negros (e mestiços) tornam-se brancos”, o que permitiu que os crioulos desempenhassem, bastante cedo, cargos elevados na Administração Pública e nas Forças Armadas, com liberdade de comerciar com todas as nações que visitavam as ilhas, até à época do Marquês de Pombal, que subverteu completamente a situação, retirando direitos adquiridos aos ilhéus e subordinando-os aos brancos vindos de Portugal, felizmente poucos, com medo do paludismo. 
Não me alongo no fornecimento de dados fornecidos por Gabriel Fernandes e só afloro um ou outro aspecto para atiçar o apetite dos leitores para a leitura dessa obra de peso que nos dá a medida da luta dos nossos antepassados como elementos activos da sociedade civil. Ora, vejamos.
Interessante a acção dos chamados protonacionalistas cabo-verdianos ou nativistas – Eugénio Tavares, Pedro Cardoso, José Lopes, Januário Leite, Loff de Vasconcelos, Abílio Macedo, entre outros – face às exigências colonialistas do metropolitano, que abriram os caminhos da emancipação dentro do sistema, erigindo as traves-mestras sobre as quais estruturar os caminhos da nação, dentre elas, a imprensa, a educação e a diasporização (emigração), que foram decisivas para explicar a contradição do sistema, ruinar as bases e influenciar a emergência de uma consciência nacional(ista) cabo-verdiana, como nos relata Gabriel Fernandes, isto dentro do nacionalismo lusitano-crioulo, portanto, do portuguesismo cabo-verdiano. Os nativistas consideravam-se “portugueses de lei e cabo-verdianos de alma”, como dizia Eugénio Tavares. Escorados nos emigrantes, ou diaspóricos, fizeram sair Cabo Verde da indignidade, sem necessidade de os retirar do tribalismo que nunca conheceram, insistindo na educação do povo como a melhor chave para atingir os nossos destinos.
Como se aperceberam, estamos a falar da nossa sociedade civil de antanho, muito mais activa do que a actual completamente mangrada com o centralismo, sem energia nem força e com medo até de dar um simples traque de protesto. Home, crede! Se o nosso filósofo do povo, Nhô Djunga Fotógrafo, estivesse vivo, estaria, seguramente, barafustando, não em cartas mas em altos berros na tchon de Soncente.
A seguir aos nativistas vêm os claridosos cujos intérpretes conhecemos melhor: Baltasar Lopes, Jorge Barbosa, Manuel Lopes, João Lopes (pai), Teixeira de Sousa, entre outros, onde podemos incluir João Cleofas Martins, Sérgio Frusoni, e, como confessou o Mestre Baltasar Lopes ao Luiz Silva, chegou a dizer, em jeito de brincadeira, mas que continha muita verdade, a Nhô Fidjito Martins, Velosa e alguns comerciantes da praça mindelense que apoiaram financeiramente a publicação da revista Claridade, que eles também eram claridosos. A comprovar isso, a publicação da primeira edição de O Chiquinho foi financiada por Joãozinho Lopes da Silva, irmão de Baltasar Lopes.
Os claridosos deram uma guinada regionalista ao trabalho dos nativistas com o seu projecto “fincar os pés na terra”. Embora Baltasar manifestasse franca propensão europeísta, mormente nas suas declarações mais antigas, defendeu, posteriormente a independência, que o movimento claridoso configurou-se como “precursor da independência política”, uma vez que “revelou que Cabo Verde possuía uma personalidade autónoma bem caracterizada e diferenciada que merecia um tratamento e uma atenção específica”, o que é facto.
Dos claridosos, da geração da revista Certeza e dos anti-evasionistas, Gabriel Fernandes leva-nos à geração de Amilcar Cabral, a qual não se atém à cultura, como os claridosos, e se fixa na política. A geração nativista pouco se preocupou com o ambiente; a claridosa trata de coisas reais, o mar, as rochas escalvadas, o povo a debater-se nas crises. Com a geração de Cabral, os cabo-verdianos são obrigados a assumir um lado da fronteira (entre africanos e europeus), não podendo mais ficar numa zona indefinida mas sim na africana, identificando-se com os oprimidos e colonizados, atingindo a condição nacionalista pela rama anticolonialista.
Bem, fico-me por aqui, sem entrar na riola da unidade Guiné-Cabo Verde e na sua caducidade após o golpe de Estado de Nino Vieira, o qual, para alguns foi a segunda morte de Cabral, mas para outros um grande alívio, até porque, tendo cumprido a sua missão de nos enquadrar dentro da realidade panafricana, levou-nos à independência. A nossa miscigenação e a faceta cosmopolita conferida pela nossa diáspora, esta começada por volta do século XVIII, permitiram-nos situar étnica e socialmente em qualquer continente.
Obviamente que concluímos ter sido a sociedade civil a urdir o sentimento de pertença a uma pátria (nação) até o Estado se enxertar nessa nação. O contributo da diáspora (emigração) foi essencial na modulação dos nativistas e não só. Daí a necessidade do reconhecimento desse valor, não somente em discursos, da nossa diáspora, aproveitando melhor as várias potencialidades da sua colaboração, sem empecilhos nem preconceitos políticos e outros, até porque, como dizia o velho grego Protágoras, “o homem é a medida de todas as coisas”; o homem, e não o dinheiro, e entre nós, os diaspóricos são e têm sido uma medida maior.
A Amílcar Cabral, como pai da nossa nacionalidade, é curial associar os nativistas e claridosos.
Talvez volte ao assunto com mais vagar.

Lisboa, Fevereiro de 2015                                           Arsénio Fermino de Pina
                                                                                        (Pediatra e sócio honorário da Adeco) 

N.R. - De acordo com a norma seguida para o post Nº 7811, este Blogue não publicará novas postagens nas próximas 24 horas...                 

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

[7825] - ALSÁCIA - GUY WURTH...



[7824] - QUATRO DÉCADAS DEPOIS...

O Governo de São Tomé e Principe dá um passo importante para a melhor inserção e “inclusão” da comunidade cabo-verdiana radicada naquele país, sendo que esta terça-feira o Ministro do Emprego e Assuntos Sociais de S. Tomé e Príncipe, Carlos Alberto Pires Gomes, anunciou um projecto do Executivo liderado por Patrice Trovoada para conceder a nacionalidade santomense aos cabo-verdianos radicados desde os primórdios da independência.


Uma boa notícia avançada em conferência de imprensa após audiência com o Primeiro-Ministro cabo-verdiano, José Maria Neves e que para Carlos Gomes é uma “questão de justiça” por tudo o que “deram de si” para São Tomé e Príncipe. Para além de contribuir para a sua maior “inclusão”, esta medida terá efeitos práticos na melhoria das condições desses cabo-verdianos.
Um exemplo é que passarão, assim, a beneficiar de regalias e direitos que não dispunham, entre os quais serem abrangidos por inteiro no sistema de previdência social e poderem ter direito a maior protecção e à junta médica. “Com essa nacionalidade santomense (…), estando doentes ou em situação de evacuação, já o Governo irá assumir essa evacuação…”, como poderão votar nas eleições em São Tomé, etc., podendo ser cidadãos de corpo inteiro.
Este é mais um sinal de que o Executivo liderado por Patrice Trovoada estará “dispostos e disponíveis para continuar a estreitar esses laços de amizade, de solidariedade e cooperação entre os dois povos”, afirma o Ministro Carlos Gomes.
Ainda no que concerne à inclusão dos cabo-verdianos, sobretudo os chamados “contratados” que se aventuraram por São Tomé e Príncipe na época colonial para trabalhar nos campos de café, o Ministro Carlos Gomes apela ao apoio de Portugal, pela sua “cota parte de responsabilidade” no processo enquanto Governo colonial, na altura. Todo apoio será bem-vindo”, reflecte, ciente de que Cabo Verde e São Tomé sozinhos “não vamos conseguir resolver os problemas dos cabo-verdianos em São Tomé e Príncipe”.  

[7823] - VERDADE OU MISTIFICAÇÃO?!


Investigadores da Universidade de Princeton, dos Estados Unidos da América, descobriram algo considerado assustador. Durante vários meses,  alimentaram dois grupos de ratos: um,  com comida guardada num frigorífico  e ao outro com comida guardada num frigorífico, mas com vários ímanes decorativos fixados na porta.
O objecto do estudo era ver como afectavam os alimentos as radiações electromagnéticas dos ímanes.
Surpreendentemente, após rigorosos estudos clínicos,  os investigadores constataram que o grupo de ratos que havíam consumido a comida irradiada pelos ímanes tinha 87% mais de probabilidades de contrair cancro que os do outro grupo... É que um íman fixado a qualquer aparelho dos chamados electrodomésticos ligado à corrente eléctrica, aumenta o consumo eléctrico do aparelho, por potenciar a força electromagnética do campo eléctrico.*
Todos têm alguns ímanes no frigorífico  como elementos decorativos, sem que até agora se suspeitasse que isso fosse prejudicial... PORÉM, SÃO FATAIS!!!
*É perigoso brincar com as forças da natureza e com as energias.* Se tiver algum íman na porta do seu frigorífico, retire-o rapidamente e coloque-o longe de qualquer alimento!
 Graças a Internet e à boa vontade de todos, podemos ajudar-nos mutuamente.
*DIFUNDA ENTRE FAMILIARES E AMIGOS URGENTEMENTE...

- N.R. - Esta informação provoca alguma desconfiança e só a reproduzimos na expectativa de que tenha alguma base científica...


[7822] - A GRANDE FARSA...


Amigos, de nada serviu a tomada do Grémio em 1974... Aquilo já era uma casca vazia. O Mundo tinha mudado mesmo e em S.Vicente tudo estava a mudar também, e o pessoal do grémio já estava envelhecido. Os ventos de 68 tinham chegado pela porta do cavalo... Já tinham chegado as mini-saias, os pops/hipies de cabelos compridos, a primavera marcelista, a avenida da Holanda com emigrantes endinheirados que construíam a ‘tout va’ no Monte Sossego . Já ninguém tomava   a sério as coisas do "ancien regime".  S. Vicente estava a mudar a grande velocidade...
Na minha opinião povo não tomou o Grémio/Rádio Barlavento: foi um grupo de pessoas!

Estava eu a jantar, nesse Dezembro de 1974 e constatava-se que algo de estranho passava-se na Rádio. Então um amigo sugeriu-me "vamos para a Praça, para a Rádio Barlavento!" Quando chegamos, recordo ter visto umas dezenas de jovens liceais, dos grupos maoistas e trotskistas, obviamente os chefes, e todos aqueles estudantes vindos de Lisboa. Penso que do PAIGC estava a Elisa, uma bela morena, que parecia uma indiana ou índia, vestida com um bubu que lhe chegava até aos pés e que se tinha tornado locutora. Não me recordo de ver mais ninguém (eu era jovem, tinha acabado de fazer 14 anos). Poderá ter estado lá o Silvino... Os outros estavam de certeza no estrangeiro, pois até aquilo estar bem nas mãos do PAIGC nenhum deles ousaria mudar-se definitivamente. Porque, se não, já estariam na Praia, a futura capital do centralismo. Os rapazes andavam todos excitados com a Tomada do Palácio de Inverno ou da Bastilha, mas este já era um jogo para crianças, o essencial não estava aí. Esta rádio virou Voz de S. Vicente, depois foi desconjuntada e levado tudo para Praia, pois nada de bom devia ficar em S. Vicente!
Se é questionável a tomada do Grémio, a tomada da Rádio Barlavento foi assim um autêntico tiro no pé para S.Vicente: foi o fim do pluralismo que se iniciava e que oxalá tivesse vingado graças personalidades fortes que partilhariam o poder com o PAIGC.

Portanto, o que resta desta revolução social, 40 anos depois? Quantos grémios, rádios e clubes privadas onde não entra um pé descalço existem hoje? Não estejamos a brincar: a natureza do poder e a natureza humana nunca mudam e as Revoluções até hoje, acabaram por ser autênticos logros daí, que as Reformas sejam o melhor caminho.

O Paigc, em 1974, tinha a Rádio Conacri e dinheiro para construir uma rádio de raiz, para contrariar a ‘reacção’. E, se não tinha dinheiro, uma vez que ganharia o poder, poderia recorrer a um empréstimo aos bancos e fazer as coisas com toda a legalidade.

Confidenciando, há muita gente dentro do PAIGC que não estava de acordo com os desacatos promovidos pelos esquerdistas e jovens ‘descabeçados’. Eu sei que muitos não concordaram com a queima da bandeira portuguesa e acho que a opinião deles sobre outros desacatos que percorriam Mindelo não está muito longe disso.  Aquilo era mais brincadeira de liceais do que uma revolução. O povo dos arredores, esse, estava acantonado nas suas casas!
José Fortes Lopes



quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

[7821] - O CIRCO DOS FUTEBOIS...

PRIMEIRO ACTO
 Anda todo o mundo, há dias, inebriado nos vapores de um "cocktail" vermelho e azul que, afinal, se resume a uma coisa mesquinha de saber quem, nos últimos 25 anos, teve maiores favores dos árbitros de futebol, se as águias se os dragões... A coisa adquire foros de acontecimento nacional à volta de duas instituições cujos dirigentes deviam estar à altura das entidades que tutelam sob pena de caírem no ridículo, com a agravante de os media, os apresentadores e os comentadores darem tanta visibilidade ao assunto que o leitor, ouvinte ou tele-espectador desatento pode ficar convencido de que, nos últimos 25 anos, os campeonatos de futebol cá do burgo foram disputados, apenas, por dois clubes!!!

SEGUNDO ACTO
Costuma-se dizer que lei é lei mas, digo eu, não me parece que haja nenhuma lei que me coarte o direito de discordar das leis pelo menos, até que alguém me prove que não tenho razão...
Recentemente o Presidente de um Clube da chamada Primeira Liga de Futebol, foi condenado a 30 dias de suspensão por alegadas injúrias a um funcionário de um outro clube...Até aqui, nada a dizer!
O pior é que, segundo os Regulamentos, a sanção pode ser contestada perante instância superior o que, no entanto, não confere efeito suspensivo ao cumprimento da pena e, aqui é que a porca torce o rabo...Então, se a instância a que se apresente recurso  julgar o castigo improcedente, como vai o castigado ser ressarcido de uma penalização injustamente sofrida?!

[7820] - O TABACO MATA...


VOCÊ JÁ DEIXOU DE FUMAR?!

NOTA DA REDACÇÃO...

...Apenas para estranhar que ninguém tenha tido uma única palavra sobre as fotos publicadas nos "posts" 7812 e 7813...Mera distracção?!

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

[7819] - EXPLICAÇÃO MUITO RECONFORTANTE...


Afinal, os cérebros das pessoas mais velhas são lentos só porque elas sabem muito. As pessoas não declinam mentalmente com a idade. Os cientistas acreditam que elas apenas têm mesmo mais tempo para recordar factos e acumulam muito mais informações nos seus cérebros. Muito parecido com o que acontece nos discos rígidos dos computadores quando ficam cheios, dificultando assim o tempo de acesso às informações pretendidas.
Os investigadores dizem que esta desaceleração não é o mesmo que o declínio cognitivo. O cérebro humano funciona mais lentamente na velhice, disse o Dr. Michael Ramscar, mas apenas porque temos armazenadas mais informações. Com o tempo,o cérebro de pessoas mais velhas não fica mais fraco. Pelo contrário, elas simplesmente sabem mais.
Mesmo quando as pessoas mais velhas se esquecem do que iam fazer a outra dependência da casa, esse não é um problema de memória mas apenas uma forma da Natureza as obrigar a fazer mais exercício físico. É isso! Eu sei que tenho mais amigos a quem deveria mandar isto mas, de momento, não consigo recordar os respetivos nomes. Por isso, agradeço que o enviem aos vossos amigos. Quem sabe eles também são meus amigos...(Tuta Azevedo)

[7818] - S.VICENTE - OS ARREDORES E MUITO MAIS...


Da Ponta João d'Évora à Ponta Sul e da Ponta do Farol à Ponta do Calhau, imagine-se como seria a nossa ilha se as suas NOVE ribeiras tivessem onde ir buscar água...Ribeira de Vinha, Ribeira de Julião, Ribeira de Flamengo, Ribeira de Caixa, Ribeira de Meio, Ribeira de Chã de Madeiral, Ribeira de Baleia, Ribeira de S.João e Ribeira do Cavalo...

[7817] - A VISÃO DO MUNDO...


[7816] - ALUPEK? NÃO, OBRIGADOS...

José Fortes Lopes
O CRIOULO E A AGENDA FUNDAMENTALISTA E ESQUERDISTA

Decididamente, andamos de sobressalto em sobressalto com as coisas em cabo Verde.
Não é que os DOUTORES DA LÌNGUA, uma comissão composta de ‘especialistas’ e ‘linguistas’, mas na realidade  radicais fundamentalistas associados a  ex-esquerdistas, pessoas desorientadas que perderam o tino e o norte, voltam à carga. A agenda deles, para além da erradicação da língua portuguesa, inclui também um pacote para a escrita do crioulo que chamam   ALUPEK (O Alfabeto Unificado para a Escrita do Crioulo Cabo-Verdiano ), que usa ‘k’, ‘w’ etc, o que vai ser a maior confusão uma vez instaurada em CV, pois palavras idênticas em crioulo   em português inglês e francês serão escritas de maneira diferentes. Será uma confusão na cabecinha dos meninos. Para deitar poeira nos olhos, agora falam de BILINGUISMO quando toda a gente sabe que as políticas levadas a cabo até agora, nomeadamente por este governo fundamentalista, têm sido no sentido da erradicação da língua portuguesa do convívio dos cabo-verdianos e a sua substituição pelo crioulo falado em Santiago, como de resto é prova nas televisões, rádios e em tudo o que é empregue o crioulo. Se para o zé-povinho desta ilha poderia ser um presente a oficialização já do crioulo e o seu ensino, pois igualaríamos esta versão do crioulo ao estatuto da língua portuguesa, como ferramenta operacional (esta é a intenção dos demagogos), para muitos cabo-verdianos honestos e que pensam no fundo dos problemas e das sua consequência este será um autêntico presente envenenado, pois não é do interesse de Cabo Verde que o país se feche no crioulo, embora língua materna, mormente no crioulo de Santiago. Esta atitude, para além de violar o direito das outras variante á existência, teria grandes e graves inconvenientes, sobretudo num mundo global em que será necessário falar bem o português, o inglês o francês e o mandarim. Não tenhamos dúvidas: sem o domínio da língua portuguesa os cabo-verdiano voltarão ao obscurantismo, incapazes de exprimir conceitos em qualquer língua, mormente em crioulo. Quando tudo parecia em ponto morto, anda a trabalhar subterraneamente. O crioulo é pois a última tábua de salvação que resta para este radicais. Foi muito usado como propaganda demagógica pelas alas radicais esquerdistas que antes só falavam o português e de repente, para se aproximarem do povo, queriam mostrar valentia, enganando o povo com esta história de carochinha, e agarram-se a ela para mostrar que têm razão. Como diz o amigo Adriano Lima deixem o crioulo livre, é em liberdade que ele se porta melhor. Ninguém com juízo alguma vez alguma vez teria pensado que nos metesse nesta aventura que será sem retorno. Enquanto não derem cabo de Cabo Verde de vez esta gente não para. Já é tempo de pôr esta gente toda ‘na rua’ do poder e destas comissões pois o estrago que vêm fazendo a Cabo Verde é incomensurável.
A este propósito, leia-se o que Andrea Fortes escreveu no Expresso das Ilhas:

[No ano passado, a grande novidade foi o ensino bilingue do português e do crioulo. "Perguntar-se-à se é uma grande novidade ou simplesmente o prenuncio da derrocada total do sistema de ensino em Cabo Verde já bastante fragilizado. Para os leitores uma pequena informação das consequencias nefastas da substituição do holandes para o "papiamento" na Ilha de Curacao alguns anos atras. Sem duvida há um paralelo entre estas duas situações.[Alguns anos atras por inspiração demagógica o governo da Ilha Curacao que é um departamento da Holanda mas gcom uma grande autonomia e governada pelos autóctones decidiu introduzir o papiamento como língua oficial nas escolas publicas substituindo assim a língua holandesa considerada como uma língua de colonizadores e portanto menos valida.Entretanto logo no inicio esses mesmos políticos que tudo fizeram para introduzir o papiamento como língua oficial retiraram imediatamente os seus filhos das escolas publicas e colocaram os mesmos nas escolas privadas onde o ensino era ministrado em língua holandesa.Passado 5 anos duma experiência que desde do inicio estava condenada ao falhanço chegaram a conclusão que a introdução do papiamento como língua oficial em detrimento da língua holandesa foi um verdadeiro desastre pelo que nao havia outra alternativa senão começar de novo com a "língua nao amada".Nada de novo. Este desastroso resultado como é logico já era de esperar. Os alunos das escolas publicas sofreram um atraso de 5 anos. O fosso entre os alunos filhos das elites que frequentaram as escolas privadas onde a língua oficial era a língua holandesa e os alunos das classes menos favorecidas que frequentaram as escolas publicas onde a lingua oficial era o papiamento foi enorme e estes últimos sofreram um retrocesso de 5 anos.Manuel Veiga, Marciano e comparsas que nao sao tao parvos e que sabem perfeitamente quais as nefastas consequencias de oficializar o crioulo deviam ir ate Curacao e inteirarem-se da sua experiência negativa em substituir a "língua nao amada" mas de qualquer forma a mais funcional pelo papiamento...]

[7815] - O ALUPEK CONTRA-ATACA...

Manuel Veiga
O linguista e coordenador do mestrado em Língua Cabo-verdiana na Uni-CV, Manuel Veiga, disse hoje acreditar que 2015 seja o ano da oficialização da língua materna por ser o ano em que se revisa a Constituição.

 Manuel Veiga, que falava à Inforpress no âmbito do Dia Internacional da Língua Materna que se assinala hoje , 21 de Fevereiro, adiantou ainda que “pouco a pouco” muita coisa está sendo feita, destacando o aumento de mestrados na língua materna nos últimos anos.
“Em 2014 tivemos oito dissertações de mestrado sobre língua cabo-verdiano, sobre variantes da ilha do Fogo, Maio e Santo Antão. No exterior, saíram também alguns trabalhos sobre o crioulo, o que mostra que se está a trabalhar para a oficialização da língua materna”, sublinhou.
Segundo o antigo ministro da Cultura, para avançar nesse domínio, a nível do governo foi criada uma comissão para as línguas que tem estado a trabalhar numa perspectiva da oficialização da língua cabo-verdiana.
Para seguir o trabalho, salientou o linguista, estão a decorrer aulas na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV), tanto sobre a língua cabo-verdiana, como em tradução e técnicas de escrita em crioulo, bem como tradução da Bíblia para a língua cabo-verdiana.
Manuel Veiga referiu-se ainda à política voltada para a educação bilingue que está sendo introduzida pelo Ministério da Educação, mas lembrou que o bilinguismo não é apenas crioulo/português, mas crioulo/inglês ou crioulo/francês.
Questionado sobre a língua que ainda predomina na comunicação na família, língua das tradições orais, principal suporte musical, língua da oralidade e das situações informais de comunicação, mas ainda não língua oficial do ensino, da literatura, dos media, Manuel Veiga adiantou que “pouco a pouco se vai lá chegar e conseguir a oficialização da língua materna”.
No que respeita à educação, o linguista apontou a necessidade de criação de um gabinete que sirva para fazer avaliação da situação sobre o que foi feito e o que deve ser feito.
“Para massificação do ensino do crioulo, vamos precisar de muitos professores, pelo que penso que é necessário promover a formação numa escala maior”, frisou.
Tudo isso, sustentou, para que os efeitos a longo prazo sejam acompanhados por uma “vasta implementação” de condições estruturais direccionadas para a valorização do estudo e do uso do crioulo em todos os campos sociais.
O Alfabeto Unificado para a Escrita do Crioulo Cabo-Verdiano (ALUPEC), aprovado com o objectivo de estabelecer um padrão oficial para a língua falada no arquipélago, não obstante as variantes de cada ilha, segundo Manuel Veiga, já mostrou que serve para o avanço da língua materna.
Como recomendações no que respeita ao estudo bilingue, o linguista chama a atenção para o alargamento desse projecto a outras ilhas, e solicita a dinamização da formação dos professores a curto prazo.
Aos políticos, Manuel Veiga alerta pelo facto de que o crioulo é a língua que “nos une” por ser a língua “da Nação global”.

Fonte - Inforpress/Expressodasilhas


[7814] - O GENERAL RAMIRES OLIVEIRA...

General Arménio Nuno Ramires Oliveira

 O general Arménio Nuno Ramires de Oliveira nasceu em 9 de Julho de 1925, em Codeçais, concelho de Carrazeda de Ansiães,  e faleceu em 28 de Dezembro de 2013, em Lisboa. Entrou para a então designada Escola do Exército em 1944 e, concluído o curso da Arma de Infantaria, teve as seguintes e sucessivas promoções na sua carreira: a alferes, em 1948; a tenente, em 1949; a capitão, em 1952; a major, em 1961; a tenente-coronel em 1968; a coronel, em 1974; a brigadeiro, em 1977; a general, em 1979. Passou à reserva em 1984. Enquanto capitão, frequentou o Curso de Estado-Maior.
    O leitor habitual deste blogue perguntará: - O que leva este colaborador a trazer para o ARROZCATUM a biografia de um general do Exército Português, atendendo a que os temas normalmente aqui abordados, embora primem pela diversidade, procuram o que tem uma mais estreita ligação com os problemas deste mundo caótico, em geral, e os de Portugal e Cabo Verde, em particular?
    Explico as razões: 
    Em primeiro lugar, porque este oficial serviu em Cabo Verde entre 1959   e 1962 (postos de capitão e major), colocado como chefe de estado-maior no Quartel-General do Comando Territorial Independente de Cabo Verde (CTICV), em S. Vicente;
    Em segundo lugar, porque, nessa sua passagem pela minha ilha natal, comeu “arrozcatum”, cachupa e cuscuz, e com muito deleite, como o próprio me confessaria em correspondência trocada entre ambos,  iniciada cerca de 12 anos antes da sua morte;
    Em terceiro lugar, porque foi o coordenador da elaboração do importante “Plano para o Abastecimento de Cabo Verde em Época de Seca”, por nomeação do então governador da província ultramarina, tenente-coronel Silvino Silvério Marques;
    Em quarto lugar ainda, pela especial motivação e cumplicidade profissional que me leva a falar de uma pessoa que eu muito considerava e de um oficial de alta estirpe que passou pelo Exército. 
    Outras razões menores poderiam ser aqui inventariadas, como a profícua e interessante correspondência que mantive com ele, centrada em assuntos de cultura geral e em temas relacionados com a geoestratégia e os problemas de Portugal. Mas fiquemos por aqui.
    Acontece que, como militar que sou, nunca servi às ordens do general Ramires Oliveira, mas há um curioso episódio da minha adolescência que não resisto a contar. Por volta de 1961/1962, estava eu a terminar o liceu e pertencia à então chamada Milícia no âmbito da Mocidade Portuguesa. Se antes eu nunca frequentara a Mocidade Portuguesa, a partir dos 18 anos a Milícia era de carácter obrigatório, sob pena de perda de ano por falta. O compromisso com a Milícia limitava-se a ir receber, aos sábados à tarde, uma espécie de instrução pré-militar no quartel da antiga 2ª Companhia de Caçadores. Aprendia-se Ordem Unida e a manejar a espingarda (na altura, a obsoleta espingarda Lee-Enfield, de 1917. A Mauser era para a tropa pronta e a outra era a instrução da recruta nas colónias).  Ora, vez por outra, realizavam-se acampamentos, sobretudo durante as férias. Um belo dia, fomos acampar para lá do Monte do Sossego. O instrutor responsável era o tenente Santiago Maia, mas grande parte da instrução era ministrada por um sargento chamado Chaves. Este lembrou-se da insólita ideia de um ataque ao cimo daquele Monte, em moldes militares mas sem que soubéssemos o elementar da instrução individual do combatente, quanto mais das pequenas tácticas de infantaria, ou seja, nos escalões esquadra, secção e pelotão. Mas tínhamos efectivos para mais ou menos 3 pelotões e lá desencadeámos o nosso  “ataque”. Eu era “soldado raso” e estava sob o “comando” daqueles que eram graduados provindos da militância  anterior na Mocidade Portuguesa. Enfim, os rapazes lá cumpriram a ordem de “ataque” e chegaram ao cimo do Monte esfalfados e a suar às estopinhas, em magote desordenado, mas impantes de orgulho pelo seu desempenho pré-militar. Regressados do ataque, eis que surge num automóvel militar o major Ramires de Oliveira, ao tempo chefe de estado-maior, certamente com o intuito de ver como andava a portar-se essa Milícia. Perguntou então o que tínhamos acabado de fazer. O graduado mais alto da Milícia lá explicou tudo, e o major abanou a cabeça em sinal de reprovação, reprimindo um sorriso de mofa, ante o visível embaraço do sargento.
    Depois desta pequena deriva, vamos ao que mais importa. Este oficial cumpriu, pois, uma comissão de serviço em Cabo Verde, de 1959 a 1962, e duas em Angola, de 1963 a 1965 e de 1971 a 1973. Em Cabo Verde, ficou já assinalado que, para lá das tarefas inerentes à sua função de chefe de estado-maior, participou nesse já referido trabalho determinado pelo governador Silvério Marques. Na nossa correspondência, dar-me-ia conta da enorme satisfação que ainda guardava na memória pelo seu contributo para algo de importância vital para o povo de Cabo Verde. É das tarefas que “me calaram e calam ainda bem fundo”, confessava ele.
    Em Angola, na comissão de serviço de 1971 a 1973, como chefe de estado-maior (era então tenente-coronel)  do general Bettencourt Rodrigues, no Comando da Zona Militar Leste, desenvolveu uma importante estratégia político-militar, cujos resultados se revelaram fundamentais para reduzir drasticamente a actividade guerrilheira naquela vasta zona do território angolano. Com efeito, elaborou e coordenou a chamada “Operação Madeira”, que consistiu numa espécie de “éntente cordiale” com a UNITA. Esta passou desde então a ter como opositor mais directo o MPLA, o qual, a passar também por dificuldades estruturais e conjunturais,  perdeu fulgor de tal maneira que a subversão se considerou praticamente extinta na zona, dando razão a que se falasse na “Vitória Militar no Leste”. Não tenho conhecimento directo ou oficial deste facto senão por relatórios e narrativas posteriores. Estive, sim, no Leste de Angola, mas numa altura bem mais recuada, em que o MPLA andava no auge do seu poderio militar, tanto que o meu Batalhão sofreu um total de 20 mortos no seu subsector.
    Relativamente a outros cargos militares, refira-se apenas, para se ser breve, que, com o posto de tenente-coronel, este oficial estava colocado na sede do Comando da NATO em Bruxelas, na altura em que se desencadeou o golpe militar do 25 de Abril. Terminada essa função, e sendo promovido a coronel em 1974, foi comandar o Regimento de Infantaria do Porto. Exerceu também o cargo de Comandante Geral da Guarda Fiscal, entre 1978 e 1980.
    No final da sua carreira, ou já na reserva, foi nomeado para coordenar a organização da História do Exército Português (1910-1945), obra que me foi útil quando, há uns anos, escrevi o historial das Tropas Expedicionárias a Cabo Verde durante a II Guerra Mundial. Por mais de uma vez, consultei o general para me confirmar ou esclarecer melhor alguns factos, tendo inclusivamente recorrido à sua memória reportada a São Vicente para me informar do destino que foi dado ao antigo quartel localizado no Lazareto e em que esteve o Batalhão de Infantaria 7. 
    Homem também de grandes preocupações cívicas, dedicou grande parte da sua vida à terra trasmontana, defendendo o vale do Tua e a sua via-férrea “de forma abnegada, sem nunca daí tentar retirar qualquer protagonismo”, como refere em comunicado a Plataforma Salvar o Tua.
    O general Ramires de Oliveira confessava-me o afecto que sentia por  Cabo Verde: “terra de poucos recursos naturais mas rica na sua humanidade, em certa medida a fazer-me lembrar o meu Trás-os- Montes; ainda por cima, nasceu-me uma filha em S. Vicente.” Era de opinião de que Cabo Verde não era uma colónia, dizendo que foi um erro crasso não se lhe ter conferido o estatuto de região autónoma em tempo devido.
    Enfim, liga-me à memória deste grande general do Exército Português a seguinte conjugação de circunstâncias: a minha condição de militar, o amor que ele dedicou à terra cabo-verdiana, e, finalmente, o elevado sentimento de apreço e admiração que me suscitou. Oficial de excepcional competência, dotado de elevados princípios éticos e imbuído  de grande sentido de humanidade,  era uma síntese perfeita do Homem e do Militar.
    Até ao próximo toque de alvorada, Meu General!

Tomar, 22 de Fevereiro de 2015

Adriano Miranda Lima


[7813] - POEIRA DO TEMPO...

Amendes

MINDELO E BAÍA DO PORTO GRANDE - DATA E AUTOR DESCONHECIDOS...
QUEM SE LEMBRA  DO CAIS DO PRIMEIRO PLANO?!

[7812] - MINDELO - CARNAVAL DE DIASÁ...

Manuel Marques da Silva
UN QUETHADA DE GENTE CONCHIDE...

sábado, 21 de fevereiro de 2015

[7811] - O LUGAR DA HISTÓRIA - 3

NOTA PRÉVIA...
Dado o indiscutível interesse deste trabalho, por um lado, e a sua extensão, por outro, a Gerência deste blogue decide suspender pelo prazo de 48 horas a edição de outras postagens, no sentido de dar aos nossos visitantes a oportunidade e o tempo necessários para expressarem os seus comentários.
Esta situação passará a ser regra do "Arrozcatum" sempre que o interesse dos trabalhos a aconselhem...
Boa leitura e bons comentários, são os nossos desejos!

...oooOooo...

3- CABO VERDE 40 ANOS APÓS A INDEPENDÊNCIA: DA NORMALIZAÇÃO À RECONCILIAÇÃO NO QUADRO DA LEI DE RECONCILIAÇÃO NACIONAL 

       In ‘Cabo Verde 40 anos após a Independência; Da  Independência à 1ª Via’ 

No artigo precedente (1, 2), na abordagem à notícia sobre a anunciada “Lei de Reconciliação Nacional” (3), suscitou dúvidas o emprego das palavras “indultar”, “amnistiar” e “reinserir” a que se refere aquela lei, no pressuposto de que poderia apenas tratar-se de uma questão de empregabilidade semântica. E isto porquê? Porque simplesmente aqueles termos se aplicavam a pessoas que entendem que não cometeram qualquer crime ao fazerem uso do direito de opinião e de reunião devolvido aos cidadãos com o 25 de Abril de 1974. 

Em todo o caso, essa lei poderá ter o mérito de criar a possibilidade de abertura e revisão de todo do período revolucionário que começou em finais de 1974, assim como outros episódios menos dignificantes da 1ª República, implicando assim a necessidade de reescrever a história. 
Por outro lado, a existência desta lei reconhece implicitamente que terão sido cometidos ‘erros’ e eventualmente delitos da parte das então autoridades, o que até agora tinha sido invariavelmente negado ou ignorado pelas diferentes versões da história até hoje contada. Mesmo tardiamente, ela não deixa de constituir uma censura a todos aqueles que, por motivações de ideal revolucionário ou impelidos pelo fulgor dos acontecimentos, conscientemente ou inconscientemente, praticaram ou deram cobertura a actos actualmente condenáveis no quadro nova ordem moral e política. Mas o mais importante é que a Lei pode abrir a possibilidade de um despertar de consciência de muitos cabo-verdianos entorpecidos pela desinformação e pela propaganda sobre um capítulo bastante controverso da história de Cabo Verde, e que engloba todo o processo revolucionário iniciado em 1974. Se a sociedade não estivesse anestesiada, poderia reabrir um debate interessante, descomplexado e maduro, que pudesse envolver, para além dos protagonistas ainda vivos, a sociedade em geral, incluindo jornais e redes sociais. Mas aparentemente estas coisas ainda não conseguem quebrar a placidez em que vivemos.
Como vimos no artigo precedente, o número de pessoas que possam considerar-se injustiçadas e em condições de litigar é potencialmente superior ao dos declarados expropriados, pelo que poderá não ser fácil passar uma esponja a este período, do jeito tomem lá uns tostões e calem-se, pois, como é óbvio, as pessoas que se consideram injustiçadas com as práticas do passado não se contentarão com indemnizações mas sim com uma completa ilibação e as devidas desculpas públicas. Tudo isto revela a enorme dificuldade moral e política em lidar com a questão, agora que está aberta a caixa de Pandora.
Como poderemos antecipar, uma eventual revisão do período revolucionário levará ao confronto duas posições antagónicas: uma baseada na Lei e no Direito formal e outra baseada na legalidade revolucionária, ou seja no direito do povo a uma forma de justiça, ou mesmo de violência, determinada pela lógica revolucionária. Tudo isto veremos mais à frente. 

Como vimos precedentemente, o perfil dos protagonistas em confronto nesta saga revolucionária de 1974 pode resumir-se nestes termos:
- De um lado, os que ficaram ou estavam em Cabo Verde, a Tapadinha (esta denominação de S. Vicente quando se refere à terra-mãe na sua desolação). Referindo ao grupo que se opôs ao PAIGC, eram essencialmente homens nascidos nos finais do século XIX até ao início do século XX, que nunca ou quase nunca saíram da sua terra, para além dos estudos e das férias graciosas passadas na Metrópole. Eram em geral pessoas cultas, bem formadas ou que conseguiram singrar na vida, e formavam a elite colonial, administrava e económica do país. Do ponto de vista político, eram na sua maioria conservadoras, muito identificadas com a ideologia reinante, fossilizadas socio-politicamente no sistema colonial-salazarista e fechadas no Grémio elitista, entendido pelo povo como um clube de ‘aristocratas’. Todavia, era a elite influente que contava tanto em Cabo Verde como na ex-Metrópole em tudo o que determinava os destinos de Cabo Verde. Esta elite, segundo a lógica dos seus opositores, ao organizar-se politicamente no pós 25 de Abril na UDC e ao opor-se aos ‘libertadores’ do PAIGC, queria pura e simplesmente preservar os seus privilégios e o seu estatuto através de um regime alegadamente democrático e pluripartidarista, mas que na prática lhes permitiria manter as rédeas do poder e assegurar uma ligação à ex-Metrópole, perpetuando uma situação de neocolonialismo clássico. Se os principais protagonistas da UDC foram “decapitados” pelas vicissitudes da própria revolução, nem todos o seriam, pois, aparentemente, alguns reaparecem em 1977 na alegada intentona contra-revolucionária e outros não abandonaram a causa política, associando-se nos anos oitenta à Oposição na emigração, engrossando as fileiras da UCID. A UDC em tudo se opunha ao PAIGC, apresentando-se como atlantista, ocidentalista e radicalmente contrária à Unidade Guiné-Cabo Verde (4) e à africanização de Cabo Verde. Entendia o país como um caso à parte em África, e mesmo como uma espécie de anexo de Portugal nos trópicos. Defendia uma economia de mercado e um sistema político parlamentar, classificado na época de burguês pelos revolucionários. 

 - Do outro lado, os recém-chegados líderes do PAIGC, que eram, para a população residente no arquipélago, um punhado de ilustres desconhecidos da maioria da população (compreensível no ambiente falta de informação e de censura em que se vivia), são hoje (1974) aclamados heróis do povo, pela luta política levada a cabo no estrangeiro e pela luta armada nas matas da Guiné Bissau em nome de Cabo Verde, aos quais se juntam os resistentes antifascistas ou militantes nos partidos de esquerda em Portugal, assim como alguns funcionários cabo-verdianos nas ex-colónias portuguesas, alegadamente apoiantes do PAIGC na clandestinidade. É de realçar o papel dos emigrantes cabo-verdianos de Moselle (França) que terão em 1964 engrossado as fileiras da guerrilha na Guiné (5,6,7): Segundo informa o jornal online A Semana“…Era um grupo constituído por 26 originários de Santo Antão, São Vicente e Santiago, que tinha iniciado o seu trabalho nas minas de ferro e na indústria siderúrgica na região de Moselle, nordeste da França. Mas a parte mais expressiva era constituída por camponeses da Ribeira Grande de Santo Antão a mobilização política realizada na região de Moselle, nordeste da França, em 1964, ficou gravada no itinerário da luta pela independência e liberdade da Nação Cabo-verdiana. Por isso, ela simboliza a generosa contribuição das comunidades cabo-verdianas no exterior a esta causa patriótica, depois da mobilização em Bissau em finais de cinquenta, e Dakar, em princípios de sessenta”. Estes bravos que se juntaram ao grupo de Paris terão sido formados na arte da guerrilha e da revolução nas montanhas de Escambray (Cuba) no intento de um dia tentarem uma operação anfíbia e desencadearem uma guerra de guerrilha em solo cabo-verdiano (8). Convenhamos que esta seria uma operação em todos os pontos de vista suicida, dado a fraca ou inexistente implantação do PAIGC em Cabo Verde nesta altura e a inviabilidade de manter uma guerra de guerrilha num arquipélago com as características de Cabo Verde.
 Como vimos nos dias de hoje, a lista dos combatentes não pára de crescer, aparecendo, para surpresa de todos, novos que se declaram autores de alegadas acções antes do 25 de Abril em solo cabo-verdiano ou no estrangeiro, contra a presença colonial portuguesa, para além dos que se evidenciaram depois dessa data, durante o período revolucionário cabo-verdiano, ou que adquiriram este estatuto por outros motivos. 
Os cabo-verdianos do PAIGC tinham pura e simplesmente rompido na altura certa com o sistema colonial em vigor no arquipélago e no império, quando novos ventos de liberdade sopravam em todo o mundo e em África, onde o sistema colonial europeu claudicava. Os mais instruídos eram em geral pequeno-burgueses nascidos entre os anos 20 e 50 do século XX, estudaram no Liceu Gil Eanes e muitos foram alunos ou discípulos de alguns dos homens que agora afrontavam. Alguns fizeram uma formação universitária em Portugal, conviveram com os círculos de esquerda portugueses e internacionais, assim como os círculos anticoloniais africanos, alinhando com o espírito da época na luta anticolonialista ou de Maio de 1968 (Paris). Eram, pois, jovens cabo-verdianos que contactaram com outras realidades, outros regimes sociopolíticos (socialistas e sociais-democracias), e familiarizaram-se com as mais modernas correntes de pensamento do seu tempo, a saber, o socialismo, o terceiro-mundismo, o pan-africanismo e o anti-neocolonialismo. Podiam ser, portanto, considerados, para o contexto da época, progressistas, revolucionários e de esquerda, sem terem todavia experienciado os valores da democracia parlamentar, social-democrata ou democrata-cristã. O PAIGC, como todos sabemos, defendia a Unidade Guiné-Cabo Verde, a africanização de Cabo Verde, a aproximação ao países africanos e/ou Não Alinhados de tendência progressista, assim como aos países do Bloco Socialista, que concederam uma ajuda determinante durante a sua luta armada. Segundo este partido o arquipélago era um caso tipicamente africano, ou mesmo uma espécie de anexo da Guiné-Bissau, país irmão no qual se desenrolava o essencial da luta de libertação de Cabo Verde. Defendia para depois da independência um regime centralizado, baseado uma economia planificada do estilo ‘socialista’ e um sistema político de partido único, sendo o Partido, o único e legítimo representante do povo, o porta-voz das suas aspirações. 

É, pois, em torno destes personagens em oposição ideológica que se desenrola a saga do pós-25 de Abril, da descolonização e da Independência, deflagrando o confronto político em Cabo Verde, pelo menos na primeira e curta fase do processo revolucionário, uma vez que os potenciais opositores ao regime que estava a ser instituído foram prontamente postos fora de jogo ou expulsos do país manu militari em finais de 1974. 
É claro que não me propus descrever na sua globalidade todos os protagonistas dos dois campos em toda a diversidade ideológica, moral e política que a complexidade da situação proporcionou, mas sim as características mais marcantes dos dois campos. Sobretudo, não pretendo neste artigo fazer um julgamento moral dos mesmos. Em ambos campos, havia boa gente, bem formada e bem-intencionada, mas que simplesmente se posicionava em posições diametralmente opostas e que nunca se dialogaram.

Se a análise desta problemática utilizar hoje o crivo sociológico adequado a uma realidade livre e plural, desde logo ter-se-á de concluir que a sociedade cabo-verdiana contemporânea está dividida em várias correntes políticas, ideológicas, morais e jurídicas, a saber: 

- Uma corrente, subitamente tornada maioritária por injunção de impulsos ideológicos em ambiente político privilegiado, que se revê nos ideais de Amílcar Cabral e do PAIGC/CV ou da esquerda revolucionária, e que analisa a problemática de um ponto de vista estritamente revolucionário e no viés do processo de descolonização. Ela defende que uma acção revolucionária em nome da justiça e do povo acarreta forçosamente excessos que não podem ser julgados a posteriori; 

-Uma outra corrente que incorpora uma fracção não menos representativa da opinião pública e que analisa a problemática estritamente de um ponto de vista de novos valores modernos, democráticos e jurídicos, trazidos pelo 25 de Abril e pela posterior instauração da democracia em 1992, demolindo assim os pressupostos da outra;

- Entre estas duas correntes fundamentais e representativas de campos ideológicos em confronto, jaz o largo sector dos indecisos, constituído de gente pouco esclarecida ou timorata, simples espectadores dos acontecimentos mas que são os que determinam as maiorias sociológicas. Incluem-se também os vira-casacas e a legião de oportunistas mais papistas que o papa que caracterizam os períodos pós-revolucionários.

Assim, na lógica dos primeiros, os que defendem a legitimidade revolucionária (apoiada então pela força militar colonial ainda estacionada na colónia, que antes combatia o campo dos vencedores mas que agora protegia o dos vencidos, e que até ao último momento poderia determinar o lado para o qual penderia a balança), Indultar e Indemnizar aqueles que foram justamente punidos de 1974-1981 pela nova ordem popular revolucionária, é um contrassenso político, uma traição aos ideais revolucionários dessa época e uma injustiça a todos os que lutaram por um Cabo Verde livre, justo e sem exploração do homem pelo homem, e que inclusivamente pegaram em armas. Os eventos ocorridos nesta época e os subsequentes aconteceram no quadro de um processo revolucionário, tomado no seu sentido mais lato, este era o espírito predominante entre os seus protagonistas. Não sendo possível fazer omeletes sem partir ovos, os eventuais actos delituosos cometidos nesse período não foram senão uma consequência natural do mesmo processo, para além de serem um ajuste de contas com o colonialismo e os seus lacaios, em suma, com um passado de 5 séculos de exploração colonial. Para os revolucionários, o Grémio era um refúgio dos representantes do regime deposto e a tomada da Rádio Barlavento, sua propriedade, foi um acto que se reveste de um marcante simbolismo na história de Cabo Verde: representa o fim do colonialismo e o início da revolução cabo-verdiana. ‘Après tout’, esses cabo-verdianos constituíam a autêntica elite colonial ‘aristocrática’ (já que não havia assim tantos colonos portugueses), soberba, fechada sobre si mesma, discriminadora, ou mesmo racista-social, que desprezava o povo e estava alheia à sua condição. Para além disso, arrostavam o pecado capital de serem representantes ou apoiantes do odioso regime de Salazar, os zelosos serviçais do colonialismo português em Cabo Verde, e que, inclusivamente, apoiaram incondicionalmente a guerra colonial em África, onde o PAIGC se batia gloriosamente. Portanto, o que restava do sistema colonial em Cabo Verde devia ser desmantelado e os seus principais actores não podiam jogar nenhum papel no novo país ou mesmo corridos do país. De resto muitos foram parar a Caxias. Para os revolucionários não podia haver outra justiça senão esta baseada na moral revolucionária.
De resto, numa interpelação irrecusavelmente pertinente, impregnada de materialismo histórico, os protagonistas da corrente revolucionária perguntarão mesmo se essa elite não foi vítima do seu próprio imobilismo e acomodação acrítica e oportunista a um sistema colonial caduco e sem intenção de se regenerar, ela incapaz de amadurecer e ser a voz representativa e reivindicativa da comunidade em que se inseria. Mas convenhamos que nem toda a elite cabo-verdiana estava no refúgio de ‘aristocratas’ que era o Grémio, nem tão pouco partilhava o conjunto dos seus valores. A elite cabo-verdiana era, na realidade, complexa, multifacetada e estava estratificada socialmente, culturalmente, embora fracamente preparada ideologicamente, visto depender totalmente da Metrópole.  
Embora não se questione que por essa altura a elite social local já não dava sinais da mesma vitalidade cívica e interventiva de outrora, mais preocupada com as rotinas do seu estatuto de casta do que com o activismo que lhe competia em proveito da comunidade, reconheça-se, todavia, que sem esse sector social Cabo Verde teria sido no passado uma colónia banal, no imobilismo clássico da administração colonial, como o era por exemplo o caso da Guiné, que, sem elites locais, tinha de recorrer a quadros cabo-verdianos excedentários para a sua administração. O que na verdade distinguiu Cabo Verde do resto dos territórios africanos sob administração portuguesa, foi precisamente a sua capacidade de gerar pessoal qualificado nos mais diferentes sectores de actividade, não obstante a sua pequenez e as suas parcas condições naturais. Dir-se-á que numa relação desproporcional com o seu território, Cabo Verde produziu homens da ciência como o célebre químico Roberto Duarte Silva (10) e o engenheiro Humberto Duarte Fonseca (11), um militar de alta patente Viriato Gomes da Fonseca (12) (o General de Coculi), zeladores do bem comum como o senador Vera Cruz, o deputado Adriano Duarte Silva e os cidadãos Júlio Oliveira e Leça Ribeiro de Almeida, figuras da cultura como Eugénio Tavares, José Lopes, Baltasar Lopes, Aurélio Gonçalves, Jorge Barbosa e Teixeira de Sousa, o distinto professor e Reitor do Liceu Gil Eanes Antero Barros, e da arte musical como B. Leza, Bana e Cesária. Isto só para citar nomes sonantes e alguns de notoriedade internacional, pois o que se pretende relevar é a circunstância extraordinária de um território pequeno e desprovido de recursos ter sempre gerado ao longo da sua história gente qualificada mais do que suficiente para assegurar a sua própria administração e orientar as suas pulsões cívicas, sem o que talvez ele tivesse sido votado a um maior abandono pela potência administrante. 
Esta é uma verdade que não poderia ter sido ignorada no momento da exaltação revolucionária, uma verdade que deveria ter obrigado a um mais rigoroso critério na hora do julgamento, com o cuidado de separar o trigo do joio. Mais prudente tivesse sido a atitude do novo poder político, talvez a ilha de S. Vicente não se visse subitamente privada de parte importante da sua massa crítica, ela que foi sem dúvida a principal, se não a única, vítima da fuga maciça de importantes quadros do território. E talvez este pecado original é a mãe de todos os problemas que assombram hoje Cabo Verde, e em particular a ilha de S. Vicente.
Seguindo, pois, o pensamento da corrente revolucionária, foi a própria caducidade do sistema colonial que ditou a sentença de morte da elite colonial cabo-verdiana, afogada na sua própria ‘água’. Deste ponto de vista, tudo o que lhes aconteceu foi merecido, e mais: o regime de partido único instaurado em 1975 pelo povo e para o povo, era uma resposta, uma retaliação natural ao “Mal” que se vivia em Cabo Verde, para além de ser uma vacina contra um eventual retorno encapotado da elite de “má memória” ao poder através de eleições livres. Para além disso, a revolução se propunha, do alto da sua presunção ideológica, salvar a alma dessa elite através de uma longa reeducação revolucionária que incluiria o seu Suicídio de Classe, a criação do Homem Novo e a Reafricanização do seu espírito, conforme o pensamento de Amílcar Cabral. Assim sendo, exações, atropelos à ainda lei colonial vigente em 1974, dirigidos contra a elite e a burguesia colonial, não podem ser julgados hoje como delitos, são consequências naturais de um processo revolucionário de descolonização, e nesta conformidade devem ser vistas à luz da legalidade revolucionária e, portanto, perfeitamente justificadas e até bondosas! 

No entanto, na óptica dos direitos elementares da pessoa humana, a verdade é que muitos cabo-verdianos se viram privados dos seus direitos de propriedade e muitos deles presos, vilipendiados e feridos na sua dignidade moral, por mor de um processo de descolonização feito à pressa e promovido por via revolucionária na onda dos acontecimentos propiciados pela súbita queda do regime político anterior. Só que o ímpeto revolucionário acabou por ser daninho nos seus efeitos, pouco precavido no julgamento das intenções e das culpabilidades.

No sopeso dos factos históricos e na análise da sua relação com as teorias sociais e políticas, diz o Luiz Silva (1,2), um sociólogo e nacionalista convicto que não ascendeu ao poder, nem teve o privilégio das suas benesses e que por isso está bem situado para fazer uma análise ponderada e equidistante do processo: “Em todos os países colonizados os partidos políticos foram emanações do movimento sindical e associativo. No entanto, houve países como a Inglaterra em que independência das colónias foi objecto de diálogo e concertação. A França, que concedeu direitos sindicais, aboliu o indigenato desde 1946 e procurou integrar os representantes das colónias no parlamento, no entanto tentou pelas armas dominar os movimentos independentistas. Mas a maioria dos presidentes das repúblicas dos países francófonos passou pelo parlamento francês onde teve o treino da democracia, e alguns como Senghor e Houphouet Boigny chegaram a ser ministros na Terceira Republica. Quanto a Portugal, em caso algum quis saber do exemplo dado pelas potências colonizadoras, tão renitente era o ditador Salazar em seguir contra os ventos da História. Pelo contrário, a partir de 1933 foi estabelecida a censura, criada a PIDE e proibido o movimento associativo e entre ele a Maçonaria, que teve um papel importante em Cabo Verde. Amílcar Cabral, que conhecia os movimentos pacifistas, tanto mais que deu o nome de Indira a uma das suas filhas, procurou sempre dialogar com o governo colonial e foi quase forçado a entrar na luta de libertação, inspirando-se no seguinte lema (apoiado na cultura com a bela frase): a luta de libertação é um acto cultura. 
O Governo colonial, com a conivência da Igreja Católica e mercê do seu aparelho repressor, conseguiu sustentar o seu regime autocrático com quadros dóceis, temerosos de que uma simples atitude crítica pusesse em causa os seus postos de trabalho e os seus privilégios. O curioso, mas não de todo surpreendente, é que alguma dessa gente, numa atitude servil, aderiu imediatamente ao PAIGC, trocando as voltas às suas convicções, se é que na verdade houvesse alguma, o que é perfeitamente natural depois da clausura dos espíritos ao longo de décadas. Assim, não havendo sindicatos e nem associativos, que podiam ser geradores de partidos políticos ou de lideranças cívicas suficientemente estribadas, o PAIGC, ao chegar a Cabo Verde com um treino politico importante, encontrou a adesão imediata das massas populares sedentas de justiça social, de salários justos e da liberdade de que o regime colonial lhes tinha coarctado. E por mais aceitáveis que fossem as intenções dos neófitos partidos UDC ou a UPIC, alguns dos seus membros também vítimas do regime colonial, mas com o ónus do seu silêncio comprometedor durante a vigência do regime deposto, a sua mensagem não encontrou eco na sociedade, até porque o ambiente se tornou pouco favorável ao confronto livre das ideias. O 25 de Abril caiu de surpresa  e os revolucionários dirão que se erros cometidos houve foi devido a um percurso diferente do dos outros regimes coloniais. Mas quem não erra é aquele que nunca fez nada..” …“A descolonização é uma questão violenta, dizia Frantz Fanon, um dos teóricos da descolonização e da negritude e que mais influenciou o Amílcar Cabral e muitos patrícios da minha geração…..Embora a formação teórica marxista de Amílcar Cabral, ninguém pode afirmar qual o modelo económico e social que seria aplicado nos dois países. Do que estou certo é que ele nunca iria excluir do debate sobre o destino da Nação qualquer cabo-verdiano, como aconteceu aqui em França com De Gaulle, que aliás foi buscar o André Malraux, antigo companheiro de Trotsky na guerra da Espanha, para o Ministério da Cultura.”

Recentemente, ressurgiu uma corrente fundamentalista/irredentista, que revisita e reactualiza o discurso do período revolucionário reinvocando agora a problemática da escravatura (que há muito tinha desaparecido do imaginário cabo-verdiano, embora revisitado depois desde a Independência). Ela, para além de evocar a clássica recriminação anticolonial, acusando a elite colonial de ser aliada do colonialismo e do regime salazarista, vai mais longe e acusa-a de ser o principal mentor de um sistema que vigorava em Cabo Verde e que é caracterizada de racista por subjugar e reprimir as raízes africanas do arquipélago. A herança da escravatura em Cabo Verde, que consistia no seu papel como placa giratória do tráfico internacional e mesmo na sua prática no território, envolveria não somente a potência colonial mas também esclavagistas cabo-verdianos (a dita elite) cujo papel era importante se não determinante. Ao levantar esta questão das compensações pelo regime de escravatura em Cabo Verde, que foi abolido em meados do século XIX, está-se a associar, implicitamente, a potência administrante colonial a um possível processo de ressarcimento que não deixará de amplificar e complexificar o âmbito da aplicação dessa Lei da Reconciliação Nacional. Um comentário à notícia (5) exprime esta corrente de opinião: “ … foi, de facto, um grande erro não termos nacionalizado, depois da Independência, todas as terras e empresas dos colonizadores e estrangeiros, em Cabo Verde, como fizeram os nossos manos palopianos… Conceder, de mãos beijadas, grande parte do território nacional ou pagar milhões de dólares ou euros aos herdeiros dos antigos colonizadores e dos estrangeiros, isto é um assunto muito sério, isto é hipotecar ou perder, de vez, a própria INDEPENDÊNCIA NACIONAL, o que nos custou muito caro, o nosso orgulho maior como POVO INDEPENDENTE. Se for possível lutar outra vez, vamos lutar. Vamos lutar pela nossa SEGUNDA INDEPENDÊNCIA. Que as lições de CABRAL nos sirvam de exemplos; que as acções dos nossos bravos e verdadeiros combatentes da Pátria nos sirvam de inspiração“ ou “Os deputados aprovam leis que prejudicam, Cabo Verde e favorecem o colonialismo…”  ou “De acordo. Primeiro paguem a Escravatura de Negros vendidos como alimárias, depois de nativos humilhados, sem escolas e sem hospitais, o País herdado sem sentinas, nem latrinas, nem estradas, nem coisas mais elementares de saúde publica…” 
Mas convenhamos que esta questão da Escravatura poderá extravasar o horizonte geográfico e temporal da sua incidência (Portugal e Cabo Verde), tornando-se numa questão global e permanente. Todavia, embora se perceba esta argumentação, este assunto não pode ser debatido de ânimo leve e no quadro da Lei em questão, pois não lícito Cabo Verde ter de assumir o protagonismo de uma tal cruzada, sobretudo quando os países africanos deixaram há muito tempo cair o pan-africanismo revolucionário e reivindicativo e existem ainda alguns países que praticam escravatura. Ou não fosse precisamente através do Tráfico de Escravos que se deu à luz nas nossas ilhas o actual povo cabo-verdiano em toda a sua riqueza e diversidade.

 Do outro quadrante, os que analisam a problemática de um ponto de vista técnico-político estrito, destacando os novos valores democráticos ao abrigo da actual ordem jurídica e constitucional democrática e de direitos do Homem, interrogam-se se é lícito falar de ‘amnistia’ quando as vítimas não cometeram crime político algum comprovado e demonstrado, para além de simplesmente terem sido os perfeitos anti-heróis da situação revolucionária e de estarem na oposição. Nesta perspectiva, Armindo Ferreira, num artigo publicado há anos (9) em que defende “RECONCILIAÇÃO, SIM! INDULTO OU AMNISTIA, NÃO!”, escreve: “Ao tentar escamotear a realidade, com a palavra escrita, o Governo fez um mau registo histórico e, por via disto, prestou um péssimo serviço à História. O Governo não pode pensar que no processo é apenas mediador, como pretende. É parte. Como o foi nas condecorações. Não pode por isso haver reconciliação se ele insiste em condecorar, e tratar como heróis, os responsáveis directos pelos acontecimentos de 1974/75, que diz condenar, e fazer das suas vítimas criminosos que ora pretende artificiosa e sub-repticiamente “indultar ou amnistiar”….”Fazer a reconciliação apenas reparando materialmente os prejuízos causados é negar a sua essência. A vítima não está à procura de dádivas ou esmolas do Governo em troca da sua honra ferida. Ela quer justiça! A reparação implica também a restituição da dignidade ultrajada. E isto só se consegue com humildade e nunca com arrogância e sobranceria como a manifestada no título do artigo 3º da proposta de lei: “Reabilitação e reinserção na comunidade política”. Talvez, por descuido, não se tenha feito a análise sociológica dos vocábulos “reabilitação” e “reinserção”. Não é abonatória para vítimas… possivelmente se aplica bem a criminosos, a marginais!” Efectivamente, pergunto, como é possível ter o descaso de pretender indultar/amnistiar inocentes e vítimas? “…. “É assim que, p.e., no ponto 2 dessa “Exposição de motivos”, escreve: Em 1974/75, alguns cidadãos, e de entre eles, funcionários públicos, foram internados no Campo de Chão, e depois expatriados para Portugal, com o fundamento de que constituíam perigo para o processo de descolonização.” (O sublinhado é meu)….. Chamar internamento ao encarceramento de um punhado de compatriotas, durante meses, sem culpa formada, e rebaptizar o Campo de Concentração do Tarrafal como Campo de (internamento) de Chão não é retórica  ou figura de estilo, mas sim uma total desconsideração e desrespeito pela nossa História  e por todos aqueles, sem excepção, que por lá passaram e sofreram na alma e no corpo os efeitos da prepotência, da intolerância e da perseguição. É uma tentativa pouco séria e pouco elegante de reescrever a História.” …” Ainda no mesmo artigo – o 3º – há um exercício do absurdo que é o de nivelar as monstruosidades, os desmandos e as tropelias de 1974/75 com as acções praticadas, “na instalação e consolidação da democracia pluralista”, isto é, de acordo com as próprias palavras do Governo, no exercício da democracia. Não é apenas o que popularmente se diz juntar alhos com bugalhos mas sobretudo procurar a quadratura do círculo. Mas para haver reconciliação, insisto, tem que haver um pedido formal de desculpa. O arrependimento. O mea culpa! O Governo que em nome do Estado faz condecorações para acontecimentos de há trinta anos, em nome desse mesmo Estado tem legitimidade e o dever de pedir formalmente desculpas por excessos cometidos nessa mesma altura. É uma questão de coerência. E o PAICV que se diz herdeiro dos activos do PAIGC deve igualmente assumir a herança dos seus passivos. Noblesse oblige!”
   Assim, segundo esta linha de pensamento, não bastam eventuais indemnizações a expropriados da Independência, impõe-se um pedido de desculpas por parte do Estado, mas poderá ser o precedente para que todos os que se consideram vítimas e lesados materialmente e moralmente do processo de descolonização em Cabo Verde e do processo revolucionário subsequente, exijam, para além das devidas desculpas políticas, compensações e indemnizações.
Sobre este assunto Arsénio de Pina afirma (1,2): “Só muito mais tarde é que me fui apercebendo da realidade, mas sem acreditar que os governantes principais estivessem ao corrente das anomalias. Foi a partir daí que botei a mão na pena, embora mansamente e sem meter a boca no trombone para não ferir eventuais inocentes. O artigo mais revulsivo foi produzido em 1988 e levou seis meses a ser publicado no Voz Di Povo, e só o foi por ter ameaçado publicá-lo noTerra Nova, onde falava da nossa socialização da Medicina e da necessidade de se entrar no multipartidarismo. Constou-me que esse número do jornal se esgotou na Praia e houve gente a fazer fotocópias do mesmo”. Embora condenando os actos delituosos do período revolucionário, Arsénio de Pina não acredita nas boas intenções da UDC “por os seus dirigentes terem estado conluiados com o governo colonial e haver risco neocolonial pelas posições defendidas por Spínola, e a UPIC não dispor de força para levar avante a sua política. Somente o PAIGC, no contexto revolucionário que se vivia no mundo lusófono, poderia, como fez, levar à independência, e teria tido melhores resultados, causando menos sofrimento a muito boa gente (que classifiquei num artigo às direitas que foi considerada da direita) que foi ofendida, caluniada, forçada a abandonar o país, ou presa por simplesmente discordar da sua política, se os seus dirigentes não se tivessem empolado de arrogância e tornado intratáveis, impedindo-os de ouvir a opinião de pessoas competentes, experientes e idóneas que não militavam no Partido. A infalibilidade, somente papal, e mesmo esta, embora limitada a assuntos de fé, contestável.”

Ou seja, perante os traumas do período de transformação ainda em curso, existem na população cabo-verdiana vários ressentimentos antagónicos e problemas do foro psico-político que só podem ser resolvidos com uma serena reflexão e a aceitação da irreversibilidade das consequências de um processo histórico revolucionário que ultrapassou tudo e todos, e por fim o Reconhecimento, o Perdão e a Reconciliação, ou seja, a Normalização. 
É, pois, minha opinião que a problemática aqui em discussão não está minimamente clarificada, sobram ainda muitas pontas soltas para uma cabal compreensão do processo e do papel exercido pelos principais protagonistas. Por outro lado, a questão da Reconciliação merece uma melhor atenção e aprofundamento. Nesse sentido, devia-se constituir uma Comissão Nacional séria e independente, com um mandato claro e objectivo, para se investigar toda a época em causa, analisar arquivos, recolher depoimentos, ouvir os protagonistas ainda vivos, em ordem a apurar os factos e a esclarecer as responsabilidades, porque só assim se contribui para que a História se escreva com verdade e não se confunda com a propaganda política ou com as versões desencontradas dos diferentes protagonistas. As conclusões do trabalho dessa Comissão deverão ser do conhecimento público, para que nenhuma dúvida paire sobre a linearidade da intenção de abrir caminho para uma verdadeira Reconciliação Nacional. É hora de virar definitivamente esta página dolorosa, repensar Cabo Verde e unir toda a nação cabo-verdiana em torno dos difíceis desafios do futuro: rumo às necessárias e inadiáveis reformas de que carece o país.

Janeiro de 2015
José Fortes Lopes

Bibliografia:
1-Da Independência à 1ª Via: 1974, a tomada do Poder pelo PAIGC e a fuga da Elite Cabo-verdiana
2-http://arrozcatum.blogspot.pt/2015/02/7754-o-lugar-da-historia-2.html#comment-form
3- http://www.asemana.publ.cv/spip.php?article106666&ak=1 
4-GUINÉ – BISSAU E CABO VERDE: DA UNIDADE À SEPARAÇÃO Por Antero da Conceição Monteiro Fernandes PORTO 2007;http://pt.slideshare.net/barrosjonatas/guine-bissau-e-cabo-verde-da-unidade-a-separacao
5- Santo Antão: Ribeira Grande celebra 20 de Janeiro com homenagem aos combatentes do Grupo de Moselle
http://www.asemana.publ.cv/spip.php?article106592&ak=1#ancre_comm
6-http://www.familcarcabral.org.cv/index.php?option=com_content&view=article&id=293:historia-de-jaime-mota&catid=131&Itemid=567
7-http://rtc.cv/index.php?paginas=45&id_cod=38148
8-Tricontinentale, Quand Che Guevara, Ben Barka, Cabral, Castro et Hô Chi Minh préparaient la révolution mondiale (1964-1968). Roger Faligot; Edition La Découverte
http://www.editionsladecouverte.fr/catalogue/index-Tricontinentale-9782707174079.html
9-http://www.coral-vermelho.blogspot.pt/2015/01/reconciliacao-sim-indulto-ou-amnistia.html
10-http://madeincaboverde.blogspot.pt/2012/03/roberto-duarte-silva-quimico-natural-de.html
11-http://brito-semedo.blogs.sapo.cv/371892.html
12- http://arrozcatum.blogspot.pt/2014/05/6878-crioulos-ilustres.html