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terça-feira, 31 de março de 2015

[7951] - D'RIBA D'ÁGA DE MAR...

NOTA PRÉVIA - Iniciamos hoje, com o primeiro de três capítulos, a publicação de um trabalho de Adriano Miranda Lima que bem poderia chamar-se  História Trágico-Marítima do Povo Cabo-Verdiano...
Aquela necessidade de "querer ficar mas ter de partir", essa vocação para a aventura, esse chamamento permanente do mar na vida dos ilhéus hesperitanos, parece espelhada numa sentença que recentemente li no Blogue da amiga Nouredini, de Salvador da Bahia:

Se algo de bom acontecer,
Faça uma viagem para comemorar!
Se algo de mau acontecer,
Faça uma viagem para esquecer!
Se nada acontecer,
Faça uma viagem para que algo aconteça!

Mas, melhor do que tudo isso, ouçamos Adriano Miranda Lima...

...oooOooo...

...O MAR E A AVENTURA NA MEMÓRIA E NA IDENTIDADE DO POVO CABO-VERDIANO


I CAPÍTULO

S.Vicente de outrora e o seu Porto Grande
 Há dias, quando desfiávamos a memória sobre aquelas coisas puras e essenciais que partilhávamos na nossa infância, criando cumplicidades e amizades inesquecíveis, o meu amigo Luiz Silva fez-me um convite. Escrever alguma coisa sobre os naufrágios que marcaram tragicamente a rota do marinheiro cabo-verdiano nas suas andanças pelo mundo fora. É um encargo que não dispensa um certo trabalho de pesquisa, como é evidente. Convenhamos que longe da terra e privado de registos bibliográficos e/ou de testemunhos orais que ainda sobrevivam dos tempos áureos das viagens marítimas, não me é fácil abordar um tema desta natureza sem, com efeito, mergulhar em fontes concretas para aí colher factos que ajudem a debuxar minimamente os contornos de uma “história trágico-marítima” cabo-verdiana, ainda que não se trate propriamente de uma abordagem historiográfica, tarefa certamente mais indicada para especialista. Assim, resta-me pegar o tema de uma outra maneira, mais de acordo com as minhas actuais possibilidades, conferindo-lhe outra latitude, ou seja, falar desse mar imenso que aprisiona o cabo-verdiano nas suas ilhas como uma camisa-de-forças, mas que, simultaneamente, lhe desperta o instinto marinheiro e lhe escancara as portas para a evasão, rumo a um destino mais promissor, quantas vezes para encontrar a morte. Não podendo elucidar este trabalho com bastantes casos concretos, não deixarei de citar, contudo, um ou outro episódio que seja paradigma do longo e acidentado trajecto do povo cabo-verdiano sobre as águas do mar (d’riba d’aga d’mar).
    Está por contar a “História Trágico-Marítima” cabo-verdiana, uma história que não será movida por intenções apologéticas e muito menos de exaltação patriótica, mas uma história que se costurará na realidade crua de um povo cuja principal riqueza é ter o mar ali à mão de semear para sobre as suas águas procurar o sustento, rasgar destinos, acabando muitas vezes por nelas ter a sua mortalha.

Navio Ernestina
O cabo-verdiano, como todo o povo ilhéu, nasce e vive rodeado de mar, maravilhando-se com a sua grandeza, o seu amplexo e os seus mistérios, extasiando-se com os líquidos horizontes espaciais em cuja lonjura os seus olhos se perdem para se reencontrarem em sonhos infindos. Tudo o que o mar representa, desde criança começa a influenciar o seu espírito. O mar é símbolo da fecundidade e vida, e é também uma das grandes metáforas do amor. Mas ele é também o rosto façanhudo do perigo e da morte com as suas águas tempestuosas e letais, altura em que tomamos consciência da insignificância e da transitoriedade do ser. Se a sua paisagem líquida se comporta serena e repousante, o espírito logo sente o inebriante convite para o devaneio, a exaltação romântica e a meditação. Se as suas águas se tornam revoltosas e ameaçadoras, logo se nos representa alegoricamente a força convulsiva das violentas paixões que invadem e naufragam os corações humanos. O próprio vaivém pendular das ondas desperta-nos para a efemeridade da existência, aferindo a marcha inexorável do fluir do tempo que passa e não volta mais, e que nos mergulha em sentimentos como a ansiedade, a nostalgia e a saudade. 
    Esta circunstância geográfica, exercendo forte influência antropológica, explica um reportório popular do povo das ilhas abundante de estórias, lendas e mitos, grande parte inspirados no mar e seus mistérios. Crianças, ouvíamos à boquinha da noite contos sobre naufrágios em que apareciam oportunas toninhas e sereias a salvar os marinheiros do risco de afogamento. Naquelas estórias, quase sempre com um fim feliz, conseguiam os náufragos sobreviver dias e noites boiando em cima de uma tábua ou destroço de navio naufragado, até afortunadamente surgir um navio salvador ou a vista retemperadora da terra. Até a história bíblica de Jonas dentro da barriga da baleia é perfilhada na tradição do conto oral, com adaptação ao contexto da aventura marítima cabo-verdiana. Esta é a expressão do imaginário popular, que se constrói a partir da realidade tal como ela é, com os seus momentos felizes e nefastos, com as suas esperanças e frustrações, a influenciar a alma e a natureza do povo. 
    Da tradição oral transpomo-nos para a literatura e outras formas de expressão estética sobre a temática do mar. Pese o rico repertório popular, a literatura cabo-verdiana sob a forma de romance estranhamente não debruça muito sobre as viagens marítimas e suas incidências, com única e honrosa excepção para Teixeira de Sousa. Este escritor, com o seu romance, “Ó Túrbidas Vagas do mar”, dizia-me em carta particular, antes da publicação do romance, que “o título foi inspirado na canção do mar do poeta cabo-verdiano Eugénio Tavares, mais conhecida por “Mar Eterno”, adiantando que “se trata de um romance destinado a recriar a época heróica da navegação à vela na ligação inter-ilhas e também na travessia do Atlântico a caminho da América. O romance seria entretanto publicado, como é sabido, e é uma narrativa à altura do melhor que saiu da pena do escritor, mais uma vez deliciando-nos com a sua imensa sabedoria sobre a ciência de navegação à vela. O seu conto “Protesto”, muito anterior ao romance, está na mesma linha e relata o naufrágio do palhabote Ema Helena dias depois de zarpar do porto de Providence a caminho de Cabo Verde. Até mesmo no seu romance “Capitão de Mar e Terra”, este escritor aborda a temática do marinheiro cabo-verdiano, desta feita através do desfiar das memórias de um capitão de longo curso já reformado. Com justiça se pode considerar Teixeira de Sousa o escritor cabo-verdiano que mais se debruçou sobre temas náuticos, fazendo-o com um conhecimento técnico tão amplo, detalhado e expressivo que os especialistas na matéria se quedam surpresos quando o lêem, confessando julgar-se mais na presença de um marinheiro profissional que de um escritor e médico. Tive ocasião de ler um belo  artigo  do capitão de mar-e-guerra da Armada Portuguesa, Conceição e Silva, publicado na Revista da Armada, em que o oficial prestava uma muito significativa homenagem póstuma ao escritor. É sabido que Teixeira de Sousa era filho de um capitão das ilhas, de longo curso, condição que sem dúvida o marcou profundamente, injectando-lhe no sangue aquilo que ele me confessou em carta particular ser a sua “incurável talassofilia”. 
    Na poesia, raro é o poeta cabo-verdiano que não explora a temática do mar, das viagens, da emigração e da nostalgia, focando o dilema do homem que quer ficar na ilha amada mas ao mesmo tempo sente a imperiosa necessidade de partir para longe em demanda dos recursos que a terra pobre não lhe garante, com o mar ali perto a ser o pano de fundo inspirador das suas angústias e dos seus anseios. É o caso de Jorge Barbosa, Manuel Lopes, Pedro Corsino Azevedo, Osvaldo Osório, Daniel Filipe, Teobaldo Virgínio, entre muitos outros. Mas abordando mais directamente a tragédia de vidas ceifadas no mar, temos o poema de Ovídio Martins “In Memorian de Belarmino de Nho Talefe”, nome de um amigo de infância que morreu nos mares da Argentina. No teatro, Artur Vieira é autor de uma peça intitulada “Matilde”, um navio à vela que desapareceu em Agosto de 1943, cheio de passageiros, a caminho dos Estados Unidos, tragado num furacão. A peça tem como protagonista um jovem da ilha da Brava chamado Bajuca, que não consegue embarcar no navio por não ter chegado a tempo ao cais. Sobre essa peça, o escritor Luís Romano escreve que Bajuca tem a revelação de que “o nosso destino é viajar pelo mar da eternidade, alimentado pela água dos nossos olhos… porque viajar é viver” (1). Existem também algumas mornas dos compositores Eugénio Tavares, B. Leza, Manuel de Novas e Armando de Pina, este autor da morna “Mar é Morada de Sodade”, magistralmente interpretada pelo incomparável Bana.

(1) BRANCO, João, “Nação e Teatro – História do Teatro em Cabo Verde”, Gráfica do Mindelo, Instituto da Biblioteca Nacional e do livro, 2004, pág. 370


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segunda-feira, 30 de março de 2015

[7950] - DISTRACÇÃO OU IGNORÂNCIA?!...


Há dias, quando faleceu o poeta Herberto Helder, todas as televisões se referiram ao facto com maior ou menos destaque, nunca esquecendo de referir o facto de ter recusado um Prémio Pessoa...
Uma dessas televisões - não importa qual - falando sobre a vida e a obra do falecido, à hora dos telejornais nocturnos, recordou que o poeta se havia licenciado em FILOLOGIA ROMÂNTICA ... Fizemos recuar a emissão uns 7 segundos e...não havia dúvidas: a senhora locutora havia dito, mesmo, romântica em vez de ROMÂNICA...
Não temos duvidas que a ilustre funcionária sabe, perfeitamente, que não existe nenhum curso de Filologia Romântica pelo que, o erro, só poderá ser assacado a uma falta notória de atenção,  quase tão gravosa como se de ignorância se tratasse...
Mas, sejam quais forem os motivos desta "gaffe" primária ela não deixa de ser grave e, só por isso, aqui fazemos referencia ao facto, numa época em que a Língua, que deveria ser a nossa Pátria, é cada vez mais mal tratada como se fosse muito "chique" dizer asneiras mau grado o aroma a chiqueiro...

[7949] - ESPLENDOR...


 SEJA QUAL FOR O ÂNGULO, A HORA OU O ARTISTA, O MONTE-CARA
É SEMPRE UM ESPECTÁCULO E O PÔR-DO-SOL MINDELENSE
UM PERMANENTE ESPLENDOR!

FOTOS CLUBE MATIOTA - COLAB. DE J.F.LOPES

sábado, 28 de março de 2015

[7948] - MAGISTER DIXIT...

Manuel Brito-Semedo

NOTA PRÉVIA - Dada a extensão e o indesmentivel interesse desta palestra do Dr. Manuel Brito-Semedo, hoje proferida na cidade do Mindelo - S.Vicente (Cabo Verde) - a sua postagem obedecerá ao principio há algum tempo aqui enunciado e segundo o qual o Blogue, para conceder aos seus visitantes um período alargado de leitura e comentário a este notável trabalho do insigne académico, não editará qualquer outro material pelo período de 48 horas...Boa leitura!

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Workshop II



UMA ECONOMIA DO CONHECIMENTO PARA SÃO VICENTE

Antes de mais, informo que estou cá não na qualidade de consultor, para dar ou fornecer consultas técnicas ou pareceres ou mesmo apresentar propostas prontas para serem implementadas, mas na de académico, com um conjunto de reflexões e hipóteses para discutir convosco a sua validade, ou não.
Digo isto porque entendo que esta Conferência, integrada por estes três Workshops – São Vicente, Uma economia exportadora e um Centro Internacional de Prestação de Serviços: os factores de competitividade, o ambiente de negócios, o papel do sector privado e a economia das Ilhas; Uma economia do conhecimento para São Vicente; e S Vicente, Um pólo turístico e cultural de excelência – deverá dar pistas e indicar caminhos para a revitalização da economia, da cidadania e da qualidade de vida em São Vicente.
Discutir uma economia do conhecimento para São Vicente é o mesmo que discutir a vocação histórica desta ilha e o papel que ela pode desempenhar no desenvolvimento da região norte do país. Assim, imagino que se espere que trate o tema na perspectiva da articulação do eixo: academia (pública e privada) – sector público (governamental) – sector privado (empresarial). 
Contudo, se Cabo Verde ainda não conseguiu superar o desafio da vulnerabilidade económica, estou convencido que isso não virá da academia intramuros, nem do sector privado fechado em si próprio nem do sector público como D. Quixote a lutar contra os moinhos de vento!
Segundo o Censo de 2010, a ilha de São Vicente tem uma população de 76.107 habitantes. Desses, 69.904, ou seja, pouco mais de 90%, vive na cidade, numa área total de 72 km², o que faz do Mindelo um dos espaços mais densamente povoados do país (970,88 hab./km²). A taxa de desemprego em 2012, segundo fontes do INE, era de 28,9%, muito superior à média nacional, de 16,8%. Para uma população com esse perfil, a economia do conhecimento só funciona se ela se aliar, pelo menos, a mais três eixos: (i) economia criativa – economia cultural – economia solidária; (ii) protecção de serviços urbanos de qualidade – reabilitação do património edificado – preservação do património imaterial; e (iii) democracia participativa – empoderamento do tecido social – articulação com as migrações (emigrantes e imigrantes). Não esquecendo a perspectiva geracional e do género.
Uma visão global e sistémica da questão deverá, assim, passar, obrigatoriamente, pela articulação, não de um dado conjunto de eixos, mas de vários em simultâneo, numa perspectiva de integração e complementaridade.
Passo a explicar-me e a desenvolver esses eixos e as perspectivas de articulação.

EIXO 1: Academia – Sector Público – Sector Privado

Instituições de Ensino Superior Públicas

A Universidade de Cabo Verde é uma instituição nacional e como tal tem de ser acessível a todos os cabo-verdianos, no país e na diáspora. Ciente dessa sua missão, ela deverá ser pensada e estruturada não numa lógica de pólos, como vem funcionando – Santiago (sede, com 4 unidades orgânicas) e São Vicente (1 unidade orgânica e 3 delegações das unidades orgânicas de Santiago) – mas numa lógica de regiões, norte e sul do país.
Recordo que foi essa mesma lógica de região que terá levado a Igreja Católica, em 2003, a criar a Diocese do Mindelo, por desmembramento da Diocese de Santiago de Cabo Verde, com sede na Praia. Aliás, é a mesma lógica que, recentemente, terá levado a Empresa de Energia e Água a separar-se em Electra Norte e Electra Sul e que agora leva o Governo a anunciar o desdobramento do Cabo Verde investimentos.
Partindo da necessidade do reforço da instituição de ensino superior público na região norte do país, com sede em São Vicente, para dar uma resposta de proximidade a todas as ilhas do norte e do barlavento: Santo Antão como ilha agrícola e turística, São Vicente como ilha do Porto Grande, da pesca e do turismo; São Nicolau como a ilha das pescas, da indústria conserveira de peixe, agrícola e turística; Sal como ilha de mar, aeroporto e turismo; e Boa Vista como ilha de mar e turismo; deve-se pleitear por uma escola forte, com qualidade, com diversos níveis de formação, desde a profissionalizante à investigação, que atenda às suas vocações e especificidades socioeconómicas e culturais.
Nesse pressuposto, uma Universidade Pública na região norte do país precisa ser dotada de autonomia administrativa, financeira e científica, constituindo-se numa espécie de Pólo de Desenvolvimento Tecnológico, caminhando gradativamente para uma Universidade Técnica de Cabo Verde (Uni-CV II) e, em associação com o Instituto do Mar e da Meteorologia (resultado da junção do Instituto Nacional de Desenvolvimento das Pescas e o Observatório Oceanográfico de Cabo Verde), fundarem um Campus do Mar.
Na verdade, a política de expansão da Universidade Pública tem como ponto de partida as áreas definidas pelo Governo como estratégicas para o desenvolvimento sustentável do país e tem como compasso os indicadores de crescimento da população e, em particular, da população estudantil que termina o ensino secundário.
A Universidade Pública em São Vicente, através do seu Departamento de Engenharias e Ciências do Mar (ex-ISECMAR), labora nas áreas definidas como estratégicas para o desenvolvimento do país, nomeadamente dos chamados clusters de desenvolvimento, tais como:
– Mar, oferecendo cursos profissionais de marinheiro, marinheiro pescador, licenciatura em ciências náuticas, ramos pilotagem e engenharia de máquinas marítimas, e oferece ainda os únicos cursos a nível nacional, de licenciatura e de mestrado em biologia marinha e pescas, sendo que a investigação em biologia marinha é um dos ramos mais activos na universidade.
O curso de gestão e planeamento de transportes marítimos pode ser visto também como um esforço de fornecer capacidade humana para a economia do Mar.
– Energias, com os cursos de estudos superiores profissionalizantes em instalação em manutenção de sistemas de energias renováveis, instalação e manutenção de equipamentos industriais, hospitalares e hoteleiros, licenciatura em engenharia mecânica, electrotécnica, mestrado em energias, sendo a única universidade no país que oferece essas formações;
– Tecnologias de Informação e Comunicação, oferecendo a licenciatura em engenharia informática e formações superiores a nível de telecomunicações;
– Engenharia Civil, com o curso de licenciatura em engenharia civil concorrendo também para a economia do mar, sabendo que ela inclui a construção de infra-estruturas portuárias.
Uma vertente importante da política de expansão da Universidade de Cabo Verde é o da qualificação do seu corpo docente. Presentemente, o Ex-ISECMAR, segundo dados fornecidos pelo Gabinete de Planeamento e Cooperação da Uni-CV, conta com 10 docentes em processo de formação, sendo 9 no doutoramento e um no pós-doutoramento, em cinco áreas de especialidade: Ciência da Computação, Biologia Marinha e Pesca, Matemática Aplicada, Desenvolvimento do Meio Ambiente, Genética e Biologia Molecular.
Toda essa capacidade formativa e de prestação de serviço, existente e potencial, com laboratórios e equipamentos sofisticados, adquiridos no âmbito da parceria internacional, e oficinas relativamente bem apetrechadas, poderá ser rentabilizada pensando nos PALOP, como acontecia quando era Centro de Formação Náutica, e nos países da CEDEAO.
Apesar dessa capacidade do ex-ISECMAR, é de se lamentar não existir internamente uma cooperação efectiva entre as empresas dessas áreas referenciadas e a Universidade Pública, parecendo caminhar em linhas paralelas ou estando de costas viradas. Um exemplo é o Parque Tecnológico do Lazareto para o qual a universidade poderá contribuir com capacidade técnica para a sua viabilização. Contudo, já não se estranha nada. Basta dizer que a Uni-CV não faz parte dos integrantes do Núcleo Operacional do Conselho Estratégico do Cluster do Mar e a própria Escola do Mar, anunciada pelo Governo como devendo ser uma unidade orgânica independente dentro da Universidade de Cabo Verde e a ser construída de raiz, não passou pelo Conselho da Universidade, nem consta do orçamento da Uni-CV.
Em conclusão, a política de expansão da Universidade Pública na região norte, deverá passar

-                  pela concentração da sua missão de ensino e investigação nas áreas definidas como de suporte ao desenvolvimento, nomeadamente, nas áreas do Mar, TIC, Energias, Engenharia Civil, Ciências Agrárias e Ambientais (esta ainda inexistente), deixando as outras áreas para as Instituições de Ensino Superior Privadas;

pelo reforço da parceria estratégica com o INDEP, Instituto Nacional de Desenvolvimento das Pescas, e o Observatório Oceanográfico de Cabo Verde;

pelo aproveitamento das potencialidades de infra-estruturação, nomeadamente as infra-estruturas existentes e ou construindo nos terrenos da universidade na Ribeira de Julião;

pelo continuado esforço de capacitação dos docentes; e

pela criação de condições de acolhimento de estudantes da região do barlavento, de todo o país e da costa ocidental de África.

De referir ainda a existência do novel Instituto Universitário de Educação, criado em 2012 a partir do Instituto Pedagógico, sob a dupla tutela do Ministério do Ensino Superior e do Ministério da Educação, que se ocupa da formação de professores para o ensino básico e que, de momento, está a fazer o up grade dos docentes oferecendo o complemento da licenciatura.

Instituições de Ensino Superior Privadas

Para além da Universidade de Cabo Verde e do Instituto Universitário de Educação, Mindelo acolhe ainda cinco das oito Instituições de Ensino Superior privadas do País: Universidade Jean Piaget de Cabo Verde e Universidade Lusófona Baltasar Lopes da Silva, ambas portuguesas, Universidade do Mindelo, Instituto das Ciências Económicas e Empresarias e M_EIA, Instituto Universitário de Arte, Tecnologia e Cultura, todas concentradas na Morada, num raio de não mais de 1 km.
As ofertas formativas, quase todas do nível da licenciatura, vão das Ciências Sociais e Humanas, Letras e Línguas à Contabilidade e Gestão, Marketing e Turismo, passando pelas Ciências de Educação, TIC, Enfermagem e Arquitectura. De destacar, pela sua especificidade, as Artes, com os cursos de Artes Visuais e Design para Comunicação, ministrados pela M_EIA, a única escola de arte do país, mas de dimensão reduzida.
Curiosamente, ou nem por isso, nenhuma das Instituições de Ensino Superior, pública ou privada, oferece formação na área da Música, do Teatro ou do Cinema. Constata-se igualmente que, apesar de haver um número elevado de estudantes universitários, à volta dos 4.700, numa estimativa com base no Anuário Estatístico do Ensino Superior 2010/2011, sente-se muito pouco o peso da academia na vida da cidade com elevação do nível cultural dos citadinos ou mesmo no exercício de uma cidadania mais activa e participativa, ou seja, no seu empoderamento.
Nesta e noutras áreas é preciso ser-se inventivo e ir a contra corrente, como por exemplo:

a universidade, na modalidade de cursos de licenciatura, não é para todos nem todos têm perfil para ela, não podendo todos ser doutores ou engenheiros. Deve-se pensar num forte investimento no ensino profissionalizante;

cada instituição de ensino superior não é nem deveria ser um compartimento estanque. Os seus eventos (conferências, seminários, palestras, etc.) e cursos deveriam ser abertos, de forma salutar, a alunos de outras instituições e deveria possibilitar a cidadãos não universitários inscrever-se numa disciplina, numa modalidade de extensão.

Nesse caso, numa mesma turma, o docente teria diversidade, o que iria potenciar a relação ensino-aprendizagem: aluno regular, aluno da disciplina que a faz como optativa e aluno de extensão. Todos juntos criam redes, partilham culturas, saberes, valores, empoderam-se e podem daí surgir oportunidades de trabalho. Da mesma forma, tendo uma instituição um professor visitante para leccionar determinada disciplina, este poderia ser convidado para fazer uma conferência numa outra universidade;

as instituições de ensino superior deveriam adoptar o conceito de “escola digital”, informatizando-se para se ter acesso aos chamados objectos digitais de aprendizagem que ajudam os estudantes na aquisição de conhecimentos, tais como mapas, animações, vídeos, jogos, simulações, etc.. Com mais recursos tecnológicos, seria interessante desenvolver iniciativas como Olimpíadas... de Biologia, de Matemática, de Química, de Português, ou até de Astronomia. As bibliotecas, essas, deveriam migrar para mediatecas;

ir a um lançamento de livro, assistir a uma peça de teatro, ir a um concerto ou ver um filme, deveria passar a contar como hora de actividade complementar aos alunos universitários, não se formando aqueles que não fizessem um determinado número de horas. Imagino que, assim, os alunos andariam à procura delas e partilhariam as informações sobre um ou outro evento nas redes sociais. Quero crer que isso é sementeira com garantia segura;

alunos universitários poderiam ser envolvidos em campanhas do Ministério da Saúde, ou outro, por exemplo, entrevistando pessoas sobre os seus hábitos de vida, alimentação, sono, lazer, podendo obter-se assim dados para a implementação de políticas e, principalmente, para a avaliação de políticas públicas;
Uma iniciativa louvável e que, vingando, poderá contribuir para alterar esse quadro é a recém-criada (Julho de 2014) Liga das Associações Académicas Universitárias de São Vicente.

EIXO 2: Economia da Cultura – Economia Criativa – Economia Solidária

Economia da Cultura designa o ramo da economia que integra a criação, a distribuição e o consumo de obras de arte. Inicialmente, esteve ligada sobretudo às Belas Artes, às artes decorativas, à edição, à música e aos espectáculos ao vivo. A partir dos anos oitenta do século XX, alargou-se a outras actividades culturais, o cinema, a edição de livros ou de música, e à economia das instituições culturais, os museus, as bibliotecas, os monumentos e sítios históricos.
São Vicente, sem cinema, sem salas de espectáculo, com unicamente duas galerias de arte (“Zero Point Art” e “Ponta d'Praia Gallery”), sem museus, sem monumentos e sítios históricos, com uma edição de livros e de CDs pouco expressiva e uma fraca capacidade de consumo de objectos de cultura ou obras de arte, tem apenas três produtos como únicos recursos susceptíveis de gerar uma economia de cultura: a Música, em formato de animação nos hotéis e nos restaurantes e festivais, com destaque para o Festival da Baía das Gatas; o Teatro, com o Festival Mindelact, actualmente o mais importante acontecimento teatral de toda a África Lusófona; e o Carnaval, enquanto produto turístico.
Economia Criativa pode ser definida como processos que envolvam criação, produção e distribuição de produtos e serviços, usando o conhecimento, a criatividade e o capital intelectual como principais recursos produtivos.
Apesar da ilha de São Vicente ser conhecida pela sua criatividade, haja em vista o seu Carnaval, cada vez mais sofisticado, com alguns pintores que já expõem em galerias lá fora, músicos conceituados, artistas plásticos e artesãos com qualidade e em número significativo, não se pode ainda falar de uma economia criativa, considerando haver, apenas, alguns casos isolados de sucesso.
Ocorre-me ainda que as escolas básicas, ou mesmo as secundárias, não deveriam estar fechadas aos fins-de-semana de modo a poderem ser utilizadas como espaço e como palco para actividades de lazer, de desporto, de dança, de feiras gastronómicas ou de artesanato, etc., de oficinas de música, de uso de novas tecnologias, de oratória, onde pessoas de diferentes gerações possam usufruir das infra-estruturas do seu próprio bairro, sem precisar deslocar-se à Morada para ter acesso ao lazer e à cultura.
Para que Mindelo venha a ser, efectivamente, uma capital cultural, conferindo-lhe poderes que propiciem diversas probabilidades de lucro (económico, cultural, social ou simbólico), a sua produção cultural tem de apostar no tripé: produtores culturais, produtores de acessibilidade e público consumidor.
Economia Solidária é um jeito diferente de produzir, vender, comprar e trocar o que é preciso para viver. Sem explorar os outros, sem querer levar vantagem, sem destruir o ambiente. Cooperando, fortalecendo o grupo, cada um pensando no bem de todos e no próprio bem.
A economia solidária vem se apresentando, nos últimos anos, como uma inovadora alternativa de geração de trabalho e rendimento e uma resposta a favor da inclusão social. Compreende uma diversidade de práticas económicas e sociais organizadas sob a forma de cooperativas, associações, clubes de troca, empresas autogestionárias, redes de cooperação, entre outras, que realizam actividades de produção de bens, prestação de serviços, finanças solidárias, trocas, comércio justo e consumo solidário.
Em São Vicente já vai sendo realidade esse tipo de economia, praticada na área da agricultura, pecuária e transformação alimentar, pela Associação de Produtores e Criadores, com o apoio da CERAI, da Espanha; no ensino, com Cooperativas de Ensino; e nas áreas da cultura, artesanato e turismo, pelo projecto CRIE (Criando, Inovando e Empregando), de apoio ao artesão para a sua inserção na economia criativa, com o financiamento da União Europeia.
Estou em crer que, enquanto os produtores culturais continuarem fechados nos seus ateliers, gabinetes, escritórios, academias, não haverá economia solidária aliada à economia cultural nem à economia do conhecimento.
Assim, seria desejável que um poeta ou um escritor, a título de voluntariado, realizasse oficinas de poesia ou de escrita criativa com os estudantes; que um músico pudesse fazer uma oficina de música para universitários que tocam instrumentos musicais de forma espontânea, de ouvido, sem nunca terem frequentado escolas de música por falta de oportunidade; que um pintor pudesse organizar uma oficina ou roda de conversa com estudantes sobre a sua arte; que um grupo teatral, no mês do teatro, pudesse oferecer uma oficina de teatro para estudantes com apetência para isso.

EIXO 3: Protecção de Serviços Urbanos de Qualidade – Reabilitação do Património Edificado – Preservação do Património Imaterial

Serviços Urbanos é uma forma genérica de me referir a um conjunto de equipamentos urbanos constituídos por bens públicos ou privados ou de utilidade pública destinados à prestação de serviços necessários ao funcionamento da cidade. Falo, por exemplo, de circulação e transporte, cultura e religião, desporto e lazer, sistema de iluminação pública, segurança pública e protecção, sistema de saneamento. Neste particular, pode-se considerar a cidade do Mindelo bem servida e funcionando de forma bastante aceitável.
Reabilitação do Património Edificado inclui a reabilitação dos edifícios antigos. Assiste-se cada vez mais nas cidades a uma crescente preocupação dos cidadãos e das instituições pela reabilitação do património edificado, dos elementos estruturais no exterior e interior, de alvenaria de granito ou de madeira e outros elementos não estruturais.
Em Cabo Verde existe legislação para esse efeito, mas parece faltar vontade ou visão política para disponibilizar fundos para a reabilitação do património, quando não é falta de coragem política para lutar contra interesses privados ou de grupos.
No nosso caso, a Morada encontra-se há muito numa situação de deterioração por ausência ou escassez de conservação corrente. Torna-se urgente estabelecer estratégias de qualificação urbana em que a preservação, a reabilitação e a qualificação patrimonial possam desempenhar um papel revitalizador, criando um perfil mais atractivo para os aglomerados, com melhoria da qualidade de vida urbana, entendida como atributo de competitividade e de revitalização económica, social e cultural.
Preservação do Património Imaterial ou o património cultural de um povo, compreendendo as obras de seus artistas, arquitectos, músicos e escritores, bem assim as criações anónimas surgidas da alma popular e o conjunto de valores que dão sentido à vida. 
São Vicente é uma ilha com história, que precisa ser preservada e valorizada. Falo de uma ilha que teve a presença dos ingleses por cerca de 140 anos, tendo influenciado a língua local e todo o seu comportamento social, a arquitectura e os seus gostos, fomentado o desporto, do futebol ao críquete, do golfe ao ténis, passando pelo boxe e pelas actividades náuticas. Falo de uma ilha que cedo teve um operariado organizado na defesa dos seus interesses. Falo de uma ilha com homens da baía e da praia de bote e de revoltosos face à fome. Falo de uma ilha que teve o único liceu da província, de 1917 a 1960, tendo produzido uma literatura moderna genuinamente cabo-verdiana. Falo de uma ilha de grandes músicos e de artistas nas mais diversas áreas.
Todo esse património cultural deve ser preservado mediante um conjunto de acções que garantam a sua permanência com os seus diversos valores e significados artísticos, paisagísticos, científicos, históricos e ou simbólicos na vida desta comunidade.

EIXO 4: Democracia Participativa – Empoderamento do Tecido Social – Articulação com as Migrações

A Democracia Participativa é um regime onde se pretende que existam efectivos mecanismos de controlo exercidos pela sociedade civil sobre a administração pública, não se reduzindo o papel democrático apenas ao voto, mas também estendendo a democracia para a esfera social.
É sentimento de muitos que Cabo Verde precisa consolidar algumas conquistas e empoderar os cidadãos, atendendo às questões do género e, de uma forma transversal, as diferentes gerações, para uma maior participação política.
Um aspecto importante a atender é o da cidadania digital, ou seja, garantir que os “nativos digitais” (os nascidos a partir de 1985) possam efectivamente fazer uso de tecnologias, que não seja apenas estar nas redes sociais.
Os que, como nós, não nasceram nessa época são considerados “imigrantes digitais”. E ninguém quer ser imigrante. Todos querem ser cidadãos de pleno direito. Assim, dever-se-á misturar pessoas com perfis diferentes no ensino e no mercado de trabalho para que os mais velhos não fiquem excluídos ou à margem de tanta inovação. Este partilhar de saber do jovem nativo digital pode criar cidadãos digitais, independentemente da idade, e pode juntar sabedoria de vida com habilidades tecnológicas.
Isto leva-nos a outras questão como o preço da internet, que é cara em Cabo Verde, e a um melhor aproveitamento das novas tecnologias como ferramenta educacional. Um evento como este, por exemplo, deveria poder ser disponibilizado em videoconferência para outras ilhas, num continuum entre o presencial e a distância.
 O Tecido Social é o termo usado actualmente para se referir aos aspectos sociais de uma cidade e não à sua estrutura física; relaciona-se aos indivíduos, à colectividade, que estão ligados por uma ou mais relações sociais profundas, apenas compreendidas pela análise do poder, formando uma malha social.
Os tempos hoje são outros e o progresso económico e social, disseminado pela aldeia global ou devido à nossa permeabilidade ao exterior, pela circulação de pessoas, bens e valores, vêm atingindo a nossa malha social afectando as nossas relações sociais. Mais parece que as nossas referências, enquanto cabo-verdianos e sanvicentinos, deixaram de ser baseadas no que é genuíno e culturalmente nosso, que sempre nos caracterizaram, tornando-se frágeis, ficando com a impressão de que o que prevalece é o “passá sábe”, a sabura, e não o esforço, a audácia, o brio, o préstimo, enfim, perdendo-se o essencial da cultura sanvicentina.
As Migrações são mutações em que os migrantes se fixaram num país diferente, trazendo sua cultura e adoptando a do país de acolhimento.
É já ponto assente que Cabo Verde é uma nação diaspórica, tendo São Vicente, numa dada fase da sua história, funcionado como a porta de saída para a emigração, sobretudo quando as viagens eram feitas através das companhias marítimas. Isso, sem me referir aos que de cá saíram para a Europa para fazer formação superior e acabaram por se fixar nos países de acolhimento como docentes universitários, médicos, engenheiros, arquitectos, economistas, empresários ou mesmo artistas. Contudo, para além do aspecto financeiro e material das remessas dos emigrantes, não se tem sabido aproveitar todo o contributo e a mais valia que poderiam trazer para o desenvolvimento desta ilha.
Nestes últimos anos, para além dos imigrantes da costa ocidental de África, que se ocupam essencialmente do comércio ambulante, e de uns poucos chineses, dedicando-se ao pequeno comércio, já vai havendo europeus que vêm para cá viver adaptando-se ao país e investindo, inclusivamente, na área da cultura e da promoção da criatividade.
No que respeita especificamente aos imigrantes da costa africana, é urgente pensar-se em iniciativas socioculturais para a sua inclusão, o que será, certamente, de aprendizagem mútua, entre povos e culturas. Esta é uma empreitada em que as universidades se poderiam envolver.
Um casal francês, em que ele é arquitecto e ela jornalista, a viver nesta cidade há já algum tempo, construiu um prédio moderno na Rua da Luz e ali instalou o “Capverdesign Artesanato”, que se ocupa da produção e comercialização de artesanato de qualidade das diferentes ilhas. Para além disso, ela já publicou um livro sobre os rabelados da ilha de Santiago, nas versões francesa e portuguesa. Como este casal deve haver outros mais, que devem ser incentivados e estimulados.
Se tivesse tempo e disponibilidade traria ainda para debate um 5.º eixo: a Economia Sustentável, com a criação de recursos humanos e financeiros internos para menor dependência do exterior; e a Sustentabilidade do Ecossistema frágil da ilha, com a conservação e um melhor aproveitamento dos solos, dos recursos hídricos e marinhos e a criação de espaços verdes.
Termino aqui as minhas reflexões pondo-me à disposição para discutir convosco a sua validade, esperando ter agitado as águas à volta do tema “Uma economia do conhecimento para São Vicente”.

Muito obrigado!

[7947] - SENTINELA...


NA SUA MAGESTOSA PEQUENEZ, O ILHEU DOS PÁSSAROS COMO QUE 
MONTA GUARDA  AO ESPECTÁCULO TELÚRICO QUE É SANTO ANTÃO, COM O PORTO-NOVO ALI, TÃO PERTO...
(Foto Clube Matiota - Env. J.F.Lopes)

[7946] - TERCEIRIZAR, É PRECISO...

Cândido Rodrigues
Cândido Rodrigues, deputado nacional do Movimento para a Democracia eleito pelo círculo eleitoral Américas, pede mais qualidade para preencher os lugares de Presidente da República, Primeiro-ministro e deputados de nação. Este desabafo do ex-coordenador ventoinha, que agora pertence à ala de dissidentes do MpD nos EUA, surge na sequência da aprovação do novo Estatuto dos Titulares dos Cargos Políticos.
Estatuto Titulares de Cargos Políticos: Deputado do MpD nos EUA pede um “outsourcing” da classe política.

Cândido Rodrigues começa por dizer que sempre pensou que a política, sobretudo a “alta política”, fosse uma questão de vocação. Mas descobriu agora que se enganou profundamente ao ver a proposta do novo Estatuto dos Políticos aprovada no Parlamento esta semana. “Vergonhosa, e sobretudo um sinal claro de que vivemos num país de pouca vergonha. Pensei também que a política era o chamamento interior em prol da pátria, com direitos a sacríficios e tudo, pois servir o seu povo é diferente de servir-se a si próprio.Também enganei-me profundamente, e vejo altos dignatários do meu pobre País a fingirem que afinal não estão interessados em falar deste assunto porque é um mal menor”.
Perante esta situação, este eleito nacional questiona se não é altura de recorrer ao “outourcing” para preencher os lugares de Presidente da República, Primeiro-ministro, deputados e outros altos cargos políticos no país. “Se tenho que pagar mais, então quero ter garantia de qualidade! Realmente, o que é bom deve-se pagar caro mas este conceito não se aplica à nossa classe política porque não defende o povo. Temos corruptos, vigaristas e sobretudo pessoas que vêm de uma grande miséria e que sai da política com uma grande fortuna”, afirma.
Cândido Rodrigues mostra-se agastado e defende que o povo de Cabo Verde precisa abrir os olhos. “Isso foi sem margens para dúvida a maior afronta contra este povo pobre e miserável. Temos professores em manifestações diárias, médicos mal pagos, polícias sem recursos e com um salário de miséria, uma função pública que recebe uma merenda e um parlamento que aprova uma proposta vergonhosa para a classe política”.
Sem deixar margens para qualquer especulação, este eleito nacional diz estar indignado, sentir-se envergonhado e afirma que precisa pensar bem se vale a pena continuar metido nisso. “Agora entendo as guerrilhas das listas e os interesses instalados. Uma vergonha”, conclui. (in A Semana)

[7945] - VISITA INESPERADA...




UMA ESPECTACULAR BALEIA AZUL, A BANHOS NAS ÁGUAS QUENTES
DA ILHA DA BOAVISTA...

(Fotos Clube Matiota, enviadas por
José F. Lopes)

[7944] - O ABSURDISTÃO...


Um alto quadro das Polícias Secretas, confirma publicamente que fez escutas a cidadãos, SEM QUALQUER COBERTURA LEGAL. Agiu segundo ordens superiores, com intuitos políticos e com intuitos pessoais (casos de infidelidade).
Um antigo alto quadro das Polícias de Investigação Criminal, montou uma REDE ORGANIZADA DE ROUBOS, utilizando rufias de uma claque de futebol e fardamentos da polícia. Especializaram-se em ROUBAR IDOSOS SOLITÁRIOS.
Um Comandante de Polícia (SEF) e vários outros altos quadros do Governo Central criaram uma REDE DE CORRUPÇÃO E EXTORSÃO no sistema de atribuição dos chamados “Vistos Gold”.
Um grupo de Altos Dirigentes da Segurança Social montaram um ESQUEMA DE CORO para a emissão de declarações falsas (lesando diretamente o Estado e as contas públicas).
Um grupo de Médicos, Farmacêuticos e quadros superiores de empresas farmacêuticas e do Governo Central, montaram uma REDE DE FALSIFICAÇÃO de receitas por forma a roubar o Estado.
Um primeiro-ministro NÃO PAGOU AS SUAS CONTRIBUIÇÕES e um ministro do seu governo apressou-se a culpar os serviços do seu próprio ministério sobre o tema.
Um antigo primeiro-ministro é acusado de estar envolvido numa REDE DE CORRUPÇÃO E CONSPIRAÇÃO, digna das melhores séries de televisão sobre a podridão no mundo dos negócios e da política.
Um Banqueiro e TODOS os Gestores que o acompanharam ao longo dos anos montou um esquema FRAUDULENTO, com a conivência do regulador (Banco de Portugal), que arruinou várias centenas de cidadãos. São TODOS chamados a uma Comissão Parlamentar de Inquérito e TODOS afirmam que NÃO SABEM, NÃO SE LEMBRAM ou, simplesmente, NÃO LHES APETECE RESPONDER.
O pior: TUDO isto aconteceu no MESMO PAÍS, no MESMO ANO.
E, NADA acontece. Falamos sobre isto tudo. Comentamos isto tudo. Achamos isto tudo um ABSURDO. Esquecemos que o verdadeiro ABSURDO é deixarmos tudo isto acontecer!
Está na altura de fazermos uma recomendação à ONU: que se mude o nome do País para ABSURDISTÃO. (Colab. Manuel Marques da Silva)

[7943] - APERTAR O CINTO...


Praienses manifestam-se contra a aprovação do Estatuto dos Titulares Cargos Políticos
 27 Março 2015

Os praienses começam a concentrar-se à frente da Assembleia Nacional para protestar contra o aumento substancial dos salários da classe política bem como as regalias introduzidas no novo Estatuto dos Titulares dos Cargos Politicos, aprovado por unanimidade pelos deputados nacionais na última quinta-feira, 25. E cada vez está a chegar mais gente para engrossar o coro de descontentes.

Praienses manifestam-se contra  a aprovação do Estatuto dos Titulares Cargos Políticos
A manifestação foi convocada nas redes sociais para as 16 horas, altura em que os funcionários públicos saem do trabalho. É que os cabo-verdianos dizem-se enganados pela classe política, que prometeu não mexer nos salários, mas à última hora, numa espécie de golpe, votou um aumento de 65% nos seus vencimentos, fora outras regalias.

Os manifestantes argumentam que, no ano em que se pede aos cabo-verdianos para fazerem sacrifícios por causa do mau ano agrícola e da erupção do vulcão do Fogo, os deputados resolveram “dignificar” os seus cargos políticos e atribuir a si mesmos um aumento de salários na ordem dos 65%. Entretanto, alegam falta de dinheiro para não atenderem as reivindicações dos professores e demais profissionais da Administração Pública. "É uma vergonha o que os políticos fizeram", dizem os cabo-verdianos.

Mas os promotores esperam alargar esta iniciativa às restantes ilhas e prometem sair com força às ruas na próxima segunda-feira. " Se não sairmos à rua para mostrar o nosso descontentamento, Cabo Verde nunca será do povo", gritam. (in A Semana)

sexta-feira, 27 de março de 2015

[7942] - CARICATURAS NOTÁVEIS...










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Colab. de Adriano M. Lima

[7941] - OS GENOCIDIOS MAIS BRUTAIS DA HISTÓRIA...


Genocídio é considerado uma das mais horríveis atrocidades que pode ocorrer na civilização. É um acto de tentativa sistemática em eliminar uma população cultural, religiosa ou étnica. O estudo do genocídio tem crescido desde o século 20, quando o termo foi criado...  O genocídio não é, pois,  um fenómeno novo.
E os avanços da tecnologia durante o século 20 permitiram documentar bem melhor quando as atrocidades aconteceram. Nesta seleção estão os 10 genocídios mais brutais da história.
(Fonte: http://top10mais.org/top-10-genocidios-mais-brutais-da-historia/#ixzz3VZvT4BMD)

- Populações nativas do "Novo Mundo", com início por volta do ano de 1500. Impossivel de quantificar o número de vítimas, de Norte a Sul do Continente Americano;

- Guerra das castas do Yucatan (1847/1901), com cerca de 40.000 a 50.000 vítimas;

- Genocídio Bósnio (1992/1995), onde pereceram mais de 100.000 indivíduos;

- Campanha Al-Anfal e genocídio Curdo (1986/1989) - 182.000 vítimas;

- Genocidio Dzungar (1757/1758) - mais de 480.000 mortos;

- Cartago (146 a.C.) - para cima de 450.000 vítimas;

- Timor-Leste (1975/1979-1999) - cerca de 20.000 mortes;

- Genocídio do Ruanda (1994) - mais de 650.000 vítimas mortais;

- Genocídio Arménio (1915) - cerca de 1.500.000 mortos:

- O Holocausto (1942/1945) - mais de 6.000.000 de vítimas.

Estes são, apenas, dez dos exemplos mais conhecidos da bestialidade humana...

[7940] - PARA COMER...COM OS OLHOS!...


É antiga a frase "os olhos também comem" mas, com apresentações deste tipo, haverá quem prefira fazer jejum...

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quinta-feira, 26 de março de 2015

[7939] - MASSENMORD!!!...


ANDREAS LUBITZ, o alemão copiloto do Airbus A320, da GermanWings que, no dia 24, caiu nos Alpes franceses, terá provocado, deliberadamente, a queda da aeronave, provocando, assim, a morte a  150 pessoas de 17 nacionalidades, incluindo dois bebés!
Desconhecem-se razões para o tresloucado acto...

[7937] - MARÉS DE FEVEREIRO...


O MONTE S.MICHEL - NORMANDIA, FRANÇA - ANTES E
DEPOIS DAS GRANDES MARÉS DO MÊS
DE FEVEREIRO...



[7936] - EMAGRECER A ADMINISTRAÇÃO...

Carlos Dias-Monteiro
Em termos gerais para pôr Cabo Verde a funcionar só precisamos de adoptar o modelo federativo...

Um governo presidencial composto pelo presidente e 6 a 10 secretários... Cada ilha seria um estado federado (aliás as ilhas, pelas suas caracteristicas próprias já são estados de uma forma natural).
 O Parlamento sería composto por um máximo de 30 deputados/congressistas sendo,  1 a 2 para cada ilha, com excepção de Santiago (2, para a capital e 2, para o resto da ilha) mais 6 da diáspora: 2 da Europa, 3 da América (2, para USA + 1, para o resto dos paises) e 1 para a  África.
Os deputados trabalharíam cada um na sua área de residência. Hoje em dia, graças à tecnologia, isso seria mais do que possivel, sendo que haveria de 4 a 6 sessões ordinárias por ano e sessões extraordinárias, fora de C.Verde, junto das Comunidades.
Os salários seriam baixados e as regalias repensadas sendo que os custos das deslocações seriam suportados pelo Parlamento.
As Câmaras e as políticas municipais teriam que ser repensados. Como é que numa ilha com cerca de 40 mil habitantes, como S. Antão, há  três Câmaras Municipais?  Porque é que Santiago tem nove Câmaras? 
Isso  são só algumas ideias que, acredito, poderiam ser postas em prática e servir Cabo Verde, com uma enorme poupança de recursos...
Afinal, os residentes são apenas meio milhão e existem Câmaras e até empresas com esse número de pessoas, espalhadas pelo mundo, geridas por estruturas muito mais leves...


[7935] - FOI ONTÉM...

FOI HÁ APENAS 70 ANOS...
 É PRECISO NÃO ESQUECER!!!



70 anos significa que FOI ONTEM.
É PRECISO NÃO ESQUECER…
O QUE FEZ HITLER!

 Foi há 70 anos... mas nunca foi divulgado nas nossas escolas ou liceus. Hoje há até quem diga que nunca aconteceu!
Mas sim, aconteceu, nesta Europa em que vivemos e ninguém garante que não possa voltar a acontecer. Ontem, foram os judeus, amanhã poderão ser quaisquer outros!

(Sugerido por Tuta Azevedo)

[7934] - A REVOLTA...


Estou revoltado, desiludido e triste com a classe política cabo-verdiana. No momento de crise que vivemos, com funcionários públicos de alguns sectores com salarios congelados há já alguns anos, aumento do IVA de 15 para 15,5%, das tarifas de energia e agua (e aumento do próprio IVA sobre estes mesmos bens fundamentais), a classe politica cabo-verdiana acaba de aprovar o ESTATUTO DO TITULAR DE CARGOS POLÍTICOS, aumentando as regalias que estes vinham usufruindo ate hoje as custas dos CONTRIBUINTES.

Eu, como professor e funcionário público, tendo como entidade patronal, o Ministério da Educação, vi o meu salário de Março descontado cerca de 4.000,00 (quatro mil escudos) por ter aderido a greve dos dias 24 e 25 de Março de 2015, greve essa em que lutávamos e continuamos lutando pelos nossos direitos adquiridos que continuam sendo constantemente sendo violados, e principalmente, lutando contra a precariedade do emprego para as gerações vindouras, meus e nossos filhos, netos, etc…, que um dia vierem a escolher esta nobre e maravilhosa profissão. Neste ponto aqui, em termos de manobra politica, tiro o chapéu ao MPD, em que, enquanto governo, e da greve dos professores na época, não descontou um único centavo aos professores, porque sabia que a reivindicação era justa e os professores tinham razão na realização da mesma.

Depois de dez anos prestando serviço ao Ministério da Educação, como professor da escola Jorge Barbosa, e ter participado ao longo destes anos em actividades extra curriculares, como voluntário, não o farei mais, apenas irei fazer o básico e o que o meu contrato como professor me exige, farei como disse um funcionário do Ministério da Educação, que o estado de Cabo Verde só pode pagar o actual salário, e eu só trabalharei e desempenharei as minhas funções de acordo com o que me pagam.
Infelizmente a corda arrebenta sempre pelo lado mais fraco, para recuperar esses meus 4.000,00 ECV descontados este mês, irei cancelar a transferência\quota que faço todos os meses a determinadas associações, pelo menos durante 4 a 5 meses.

A partir de hoje jamais farei vénias a que partido for e já tomei a decisão de nunca mais votar em quer que sejam as eleições a serem disputadas, porque hoje ficou provado, mais uma vez, que não estão no parlamento para defender o interesses dos contribuintes e eleitores, mas sim os interesses deles próprios, dos seus grupos comerciais e familiares. Da politica quero distancia, tenho nojo e estou off, que não apareça nenhum f… d…p... na minha frente a solicitar o meu apoio para campanha, etc…

Carlos Jorge Silva
Um professor revoltado

in Dtudo1Pouco (Tweet)
Sugerido por
Valdemar Pereira


quarta-feira, 25 de março de 2015

[7933] - À LAUTA MESA DO ORÇAMENTO...

Num país paupérrimo, Cabo-verde, todos em Concórdia, os partidos votaram hoje no parlamento, para terem mais regalias, houve apenas duas abstenções? Manobra de diversão ? O povo, sem trabalho, sem rumo! Considero os deputados deste país, inimigos do POVO!!!!! Há uma ditadura parlamentar e o povo umas bestas que nada dizem, mas ficam a lamentar! Quem fica silencioso com estes abusos, é conivente deste abuso de poder disfarçado de democracia!!! (in FaceBook)

Tchalé Figueira