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terça-feira, 30 de junho de 2015

[8263] - CABO VERDE -MUDAR DE RUMO...

Carlos Veiga
Cabo Verde necessita de uma mudança de rumo político e não pode ficar refém da estratégia de desenvolvimento até 2030 delineada pelo PAICV após 15 anos de governação, defende o antigo primeiro-ministro Carlos Veiga.


Numa entrevista à Lusa, o primeiro chefe de um Governo cabo-verdiano num regime pluralista afirmou discordar totalmente da ideia avançada, também à agência noticiosa portuguesa, pelo primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria Neves, que afirmou que, ganhe quem ganhar as legislativas do primeiro trimestre de 2016, o rumo de Cabo Verde está traçado.

“Não, de forma alguma. Acho que o país precisa de uma mudança de rumo. Claramente que as políticas que foram adoptadas nos últimos anos não estão a produzir resultados. Não levaram ao crescimento, à redução do desemprego, a qualidade da educação, a segurança, a qualidade dos nossos serviços de saúde e o país não alcançou os objectivos de desenvolvimento que estavam perfeitamente ao seu alcance”, respondeu,

“A agenda de transformação não transformou nada, fez infraestruturas, que é a coisa mais fácil de fazer quando há dinheiro, mas fê-las com dívidas (114% do PIB) e agora temos o problema da dívida para resolver. Há portos sem barcos, aeroportos sem aviões, estradas sem carros e barragens sem água”, salientou o ex-líder do Movimento para a Democracia.

Para Carlos Veiga, o “sonho” de José Maria Neves, que quer ver Cabo Verde como país desenvolvido e com 12.000 dólares de rendimento per capita (está actualmente nos 3.500 dólares) até 2030, seria positivo se as condições fossem outras.

“O desemprego não desce, vai aumentando e, ainda por cima, qualificou-se. São precisas outras políticas para que haja mais emprego. Se se gerar mais empresas, gera-se mais emprego. E há insegurança. O país está extremamente vulnerável. Há insegurança física, jurídica, nos transportes marítimos e aéreos, na protecção da nossa cobertura vegetal, na protecção civil”, sustentou.

“Há um conjunto de desafios, agora de desenvolvimento. Vencemos o desafio da construção do Estado logo a seguir à independência e o da democratização também. Agora é o desafio do desenvolvimento, que não está claramente a vencer”, acrescentou. (in Lusa/Expresso das Ilhas)

[8262] - O MITO E A REALIDADE...

A sabedoria popular indica diversos alimentos para o tratamento de doenças, mas nem sempre o que é passado de boca a boca está correto. "Esses mitos, de que certos alimentos curam alguma enfermidade, surgem porque alguém comeu enquanto estava doente e depois saiu comentando que melhorou por causa daquele alimento", comenta Vanderlí Marchiori, nutricionista e secretária geral da Associação Brasileira de Nutrição Desportiva (ABND). O UOL Ciência e Saúde, ouviu especialistas para descobrir quais são os mitos e verdades com relação aos poderes de alguns alimentos.


A Acerola  previne as gripes - VERDADE
A acerola é a segunda maior fonte de vitamina C e aumenta a imunidade de quem a consome. "A presença desta vitamina é importante, pois ela é a parte fundamental do mecanismo de proteção do nosso corpo e previne muitas gripes e contipações", exemplifica Vanderlí Marchiori, nutricionista e secretária geral da Associação Brasileira de Nutrição Desportiva (ABND).

(Colabor. Paulo Azevedo)

segunda-feira, 29 de junho de 2015

[8261] - O RAPTO...


Proposta negociável...

 Ontem, de madrugada, ligaram para um  amigo, dizendo que lhe  tinham raptado a mulher e que,  se ele não pagasse 5.000,00  Euros, a matavam… 

 Resposta: 
– Amigo, são três da manhã,  estou muito cansado e ela está dormindo aqui do meu lado... Ligue-me amanhã, que o negócio interessa-me!.

(Contada pelo Djibla)

[8260} - INTRIGANTE...

José Fortes Lopes
HÁ PESSOAS QUE NÃO TÊM O ESTATUTO DE COMBATENTES QUANDO O MERECIAM, AUTOMATICAMENTE... ALGUÉM PERCEBE?

Se há alguém que merece este estatuto de Combatentes há uns que merecem mais do que outros. Desalojar os portugueses da sua praça forte que era S.Vicente, um ponto estratégico, não foi tarefa fácil. Isto aconteceu graças à dedicação e esforço (pacífico é claro) dos então jovens universitários e liceais do Mindelo.
Havia autênticos cabo-chefes dos jovens liceais e universitários, organizadores, enquadradores das manifs em S.Vicente, os ‘cérebros das operações’ durante o ano de 1974, até a ‘revolução’ tragicamente acabar.
Eram as estrelas da juventude mindelense pró-paigc nesse período. Aqui, não estou a fazer nenhum julgamento de valor, somente justiça.
Este estatuto devia ser levado para a casa dessa gente numa pasta dourada e com toda a fanfarra e uma delegação de veteranos devidamente fardada, incluindo todos os novos donos de Cabo Verde, e os seus ‘cachorros’.
Não acredito que pessoas como alguns eles tenham que mendigar esse estatuto e colocar-se na porta da Igreja, na fila dos mendigos. Sem eles e outros poucos, nunca o Paigc teria assumido o poder em Cabo Verde, pois o poder, em 1974, conquistou-se nas ruas, nas manifestações e não em Guiné-Bissau-Conacri, embora reconheça, obviamente, a correlação entre o que acontecia no teatro de guerra, no chamado Ultramar, se reflectia na situação política em Cabo Verde. A independência é outra coisa pois, com ou sem Piagc, haveria um estatuto para CaboVerde: autonomia alargada ou independência.
Se os rapazes se auto-marginalizaram, devem ter as suas razões e com certeza estarão revoltados, mas as revoluções consomem os seus filhos e o tempo consome tudo, nada lhe resiste !!! 
Reconhecimento a estes jovens idealista que deram tudo para que se festejem os 40 anos da Independência no dia 5 de Julho.
Não se esqueçam no entanto que a nossa Ilha, onde tudo começou, está nas ruas da amargura, nas lonas, falida e sem gente, com muitos a passarem fome, de novo a mendigar às portas da Igreja pelas esmolas dos poderes. Graças a nós ou não obstante nós todos !
God save S. Vicente e Cabo Verde !


[8259] - MEA CULPA...

Dominique Strauss-Kahn
FILIPE PAIVA CARDOSO - FaceBook

O ex-director geral do Fundo Monetário Internacional, Dominique Strauss-Kahn, publicou esta tarde um longo texto onde critica a actuação do FMI na gestão da crise da dívida grega, assumindo parte da culpa, e sugere que se mude totalmente a estratégia das instituições envolvidas no resgate a Atenas.

No texto, que divulgou através do twitter, Dominique Strauss-Kahn (DSK), que liderou o FMI entre 2007 e 2011, começa por explicar o porquê de ter decidido tomar uma posição pública: “A viragem rancorosa nas negociações entre a Grécia, as instituições europeias e o FMI, e o recente anúncio de um referendo, exige que alguns factos sejam esclarecidos e que uma nova direcção seja tomada.”

No entender de DSK, “o FMI não errou” quando decididiu participar nos programas de assistência da Grécia lado-a-lado com a União Europeia, mais não seja porque “não tinha qualquer alternativa”, já que a Grécia é membro do FMI. Além disso, “a zona euro no final de 2010 tinha-se tornado num risco sistémico para toda a estabilidade financeira global”. Considera também que não foi nenhum erro “atrasar a reestruturação da dívida grega” até ao Verão de 2011: “Apesar do intenso lobby feito pelo FMI, a Europa ainda não tinha protecções financeiras em vigor antes disso e, ocorrendo mais cedo, teria aumentado os custos de estabilização da UE e do FMI como um todo”, assegura.

Os erros. Apesar de reafirmar que o atraso da reestruturação da dívida grega não entra no campo dos erros do FMI, a verdade é que “assim que foi decidido, o ‘haircut’ devia ter sido maior”, assume. Diz também que “o atraso provavelmente ajudou alguns bancos e detentores de dívida a salvarem-se sem qualquer perda, o que é um lamentável dano colateral, mas também ajudou a Europa durante algum tempo, suficiente para colocar a Irlanda e Portugal sobre programas e assim reduzir os riscos que o envolvimento precipitado do sector privado poderia ter infligido à região”. Mas isto teve um preço: “Como tal, um imenso esforço foi exigido ao povo grego.”

Sobre a actuação do FMI, DSK aponta que a instituição “cometeu alguns erros” e que “assumo a minha quota de responsabilidade”. Aponta depois que o FMI “diagnosticou mal o problema grego, como se fosse uma típica crise de balança de pagamentos/orçamental, e o estado incompleto (nomeadamente ao nível de políticas orçamentais e de regulação bancária)  da União Monetária Europeia, teve tanto de culpa na origem da crise como deveria ter sido essencial para a sua resolução”. Para Strauss-Kahn, “também se subestimou a profundidade dos problemas institucionais gregos, que exigiam muito mais apoio por parte do Banco Mundial”.

Para DSK, o FMI falhou também ao não bater o pé às instituições europeias, obrigando-as a uma maior partilha das dores da austeridade. “FMI devia ter sido mais assertivo nas recomendações à zona euro para forçar uma maior simetria (isto é, exigir esforços aos gregos mas também aos outros países) e uma menor dose de medidas de ajustamento pró-cíclicas por toda a União Monetária”. Para DSK, o FMI falhou também ao não resistir mais “à preferência continental para se tomarem medidas de ajustamento orçamental rápidas e ao conservadorismo das suas autoridades monetárias”.

A crítica (e autocrítica) ao FMI prossegue, com o ex-director geral a diagnosticar que esta instituição “devia também ter sido mais humilde” em relação às hipóteses de avançar com reformas estruturais “num ambiente onde as instituições do Estado” têm e continuam a ter profundas deficiências.

Nova solução. DSK identifica que agora “o perigo” é o de ninguém ter aprendido com todas estas experiências e que as instituições “continuem a criar conflitos entre todos. De facto parecemos estar a repetir os mesmos erros e é por isso que precisamos de pensar diferente, de uma nova lógica, precisamos de mudar radicalmente de direcção e reenquadrar as negociações com a Grécia”.

Dominique Strauss-Kahn avança então com a sua proposta para o desbloqueio da situação grega: “Não deve ter acesso a mais financiamento da UE ou do FMI mas deverá receber uma extensão generosa das maturidades e uma redução significativa da sua dívida nominal”, sugere. “Insistir em mais ajustamentos orçamentais no actual ambiente económico é irresponsável” politica e economicamente e só a ideia “de oferecer mais assistência apenas para a Grécia pagar créditos já existentes é simplesmente insana”.

Recorda depois a promessa do Eurogrupo à Grécia, de Novembro de 2012, quando se comprometeu “a tomar as medidas necessárias para assegurar a sustentabilidade da dívida grega” e diz que chegou a hora de “cumprir essa ambígua mas construtiva promesa”. Também o FMI deve fazer o mesmo e adiar os pagamentos devidos por Atenas nos próximos dois anos, ou refinanciar os mesmos com os fundos remanescentes no programa de assistência, defende DSK. Desta forma, a Grécia ficava liberta das suas obrigações nos próximos dois anos mas continuava obrigada a manter um orçamento equilibrado.

“Sem acesso aos mercados e a novos financiamentos da UE ou FMI terá que equilibrar o seu balanço sozinha. Os gregos terão que tomar decisões orçamentais difíceis mas seriam pelo menos as suas próprias decisões.” Para o conseguir, Atenas teria que “enfrentar os oligarcas, interesses instalados e o próprio Estado”, factores que “estão a ampurar o potencial formidável” do país. O Banco Mundial, a OCDE e a Comissão Europeia poderiam então apoiar Atenas na resolução destes problemas, “mas num contexto radicalmente diferente, de cooperação construtiva e não de um condicionalismo antagónico”.

A redução gradual da dívida nominal grega, avançaria posteriormente à medida que o governo grego fosse conseguindo atingir as metas das reformas desenhadas pelo próprio país, país que DSK descreve como “pobre e altamente endividado”. DSK assegura que esta estratégia já foi implementada pelo FMI em inúmeros países em desenvolvimento.

Para resolver no imediato os problemas e datas que o governo grego enfrenta, DSK pede a devolução à Grécia dos “dez mil milhões reservados para a recapitalização do sector bancário”, o que permitiria ao BCE prolongar a linha de liquidez e enfrentar uma maior corrida aos depósitos.

Strauss-Kahn assume que nada disto “é garantido que funcione”, porém “vale a pena tentar porque as alternativas são piores. Forçar o governo grego a ceder seria um trágico precedente para a democracia europeia e poderia desencadear uma reacção em cadeia incontrolável. Por outro lado, prolongar o programa actual, falhado, e estender a dureza económica além da razão e prolongar a agonia e tensões será desastroso”.

DSK termina: “A Europa já experimentou estes erros demasiadas vezes na sua história. Dito tudo isto, apelo a todos os meus amigos e ex-colegas que não continuem num caminho que aparenta ser um beco sem saída.”



[8258] - POEMA DE LONGE...


Todos os dias, idoso que sou, por onde passo
tenho meus hábitos e também o meu espaço.
Cruzo a velhinha com seu cesto e sua bengala
digna, respeitadora, com o encanto que regala

Adivinha-se pelo que resta, foi duma rara beleza.
e que não perdeu da plàstica natural, de certeza,
pois obra que Nosso Senhor com canivete talhou
nem vagabundo ou médico estético escangalhou

Foi componente da dignissima classe proletária
sempre em frente na defesa da classe operária
sem qualquer tempo para namoro ou de família
pois esses eram necessidades que nunca sentia.

Nunca me deu para aprofundar a sua felicidade
porque idosos merecem respeito pela sua idade
E, se a velhinha chegou a carregar qualquer cruz,
hoje irradia serenidade, humildade e raios de luz.

(Valdemar Pereira)

domingo, 28 de junho de 2015

[8257] - NÃO LEMBRA AO DIABO...


VLADEMIR KOENIG, é um foguense que cedo demandou as terras de Vera-Cruz onde, aliás, foi Professor Catedrático da Universidade de S. Paulo...Polémico e irreverente, coleccionou, ao longo do tempo, uma extensa lista daqueles hilariantes nomes brasileiros - e não só - que, graças ao amigo Artur Mendes aqui podemos hoje reproduzir...Em boa verdade, existem nomes que nem ao diabo lembraríam...

Alberto Estrupício da Vida Gomes - Carapicuíba- SP 
Ampola de Tetraciclina Lopes de Souza - Rialma - GO
Antônio Ernane Cacique de New York ( Juiz aposentado do TRT da 22ª. Região) - RJ
Antônio Manso Pacífico de Oliveira Sossegado - Sete Lagoas - MG
Antônio Querido Fracasso - Belém - PA
Araquém Brasileiro Dias ( Juiz da 6ª.vara de família de Taguatinga)
Avagina Clara Alva Branca das Neves Leite e Cal ( Em homenagem a Ava Gardner e Gina 
Lollobrigida) - Osasco - SP
Balchondra Suria Vinaeca Vai Rau Sar Dessai - Executivo indiano - Lisboa
Berta da Felicidade Serrão Serôdio - RJ / SP - Portuguesa, imigrante, advogada 
funcionária da HENKEL do Brasil S.A.
Boaventura Torrada - Dom Pedrito - RS
Bucetildes do Rego Secco  ( chamada, pelos familiares, de Tide) - BH - MG
Caso Raro Yamada - Mogi das Cruzes - SP
Chevrolet da Silva Ford - São José dos Sampos - SP
Colapso Cardíaco da Silva - Blumenau - SC
Cornuálio Espetado - Curitiba - PR
Dezêncio Feverêncio de Oitenta e Cinco - Brasília- DF
Domingos Dias Santos -Formiga - MG
Esparadrapo Clemente do Curativo de Sá - Caxias - RJ
Esprere em Deus Mateus - Itabirito - MG
Fabrício Boa Morte - Itaocara, RJ
Finólila Piubilina - Belfort Roxo - RJ
Flávio Cavalcante Rei da Televisão - Goiás Velho - GO
Foiferiado Jaera - Xique Xique - BA
Graciosa Rodela de Pregas - Corumbá - MT
Himeneu Casamentício das Dores Conjugais - Colinas - TO
Honestaldo Ferreira Fontes Gonçalves (Táta ) Fisioterapeuta - S. Filipe - Ilha do Fogo - 
Cabo Verde
Hypotenusa Pereira - Três Marias - MG
Inocêncio Coitadinho - Varre Sai - RJ
Isabel Defensora de Jesus - Marajó- PA
Jácyntho Leite Aquino Rêgo - BH - MG
Joana Gonorréia Dali - São José do Rio Preto - SP
João Cara de José - Santos - SP
João da Mesma Data - Piracicaba - SP
João Pensa Bem - Matinho - MG
João Sem Sobrenome - Serra Pelada - PA
Joaquim José de Buceta Pinto ( Embaixador de Portugal)
Joaquim Pinto Molhadinho - Garanhuns - PE
José Teodoro Pinto Tapado - Novo Lino - AL
Jovelina Ó Rosa Cheirosa - Morro do Coco - RJ
Letsgo ( Let's go) - Cachoeiro de Itapemirim - ES
Lúcio Prepúcio Púcio Catrapúcio Piça - Copacabana - Rio de Janeiro - RJ
Maria Cristina de Pinto Magro - Braço do Trombudo - SC
Maria Passa Cantando - Nova Cantu - PR
Maria Privada de Jesus - Barbosa Ferraz - PR
Maria Quedeu Semsentir - São Sepé - RS
Maria Tributina Prostituta Cataerva - Tuparendi - RS
Naída Navinda Navolta Pereira - Maracás - BA
Necrotério Pereira da Silva - Caicó-RN
Odunroc Iap Edohlif ( Inverso de Filho de Pai Cornudo ) - Pombal - PB
Oceano Atlântico Linhares - Natal - RN
Octávio Bundasseca - Oiras - PI 
Padre Filho do Espírito Santo Amém - Riachão - MA
Presolpina Furtado - Capitão Poço - PA
Produto do Amor Conjugal de Marichá e Maribel - Paragominas - PA
Richelieu Franco Déspota Salazar Hitler Mossulini Stálin de Golbery - RJ - RJ
Rolando Escadabaixo - Vista Alegre - RR
Rômulo Reme Remido Rodó - Bom Jesus de Itabapoana - RJ
Sansão Vagina - Cataguazes - MG
Sete Chagas de Jesus e Salve Pátria - Entre-Rios de Minas - MG
Sete Rolos de Arame Farpado - Araguaína - TO
Simplício Simplório da Simplicidade Simples - Cruz das Almas - BA
Tereza Unhencravada Kidói - Mundo Novo - BA
Tibúrcio Foium Espetonopé - Jacioba - AL
Trepando Wilson Rego - Trinfo Potiguar - RN
Tospericagerja ( Em homenagem a Tostão, Pelé, Rivelino, Carlos Alberto, Gerson e 
Jairzinho) - SP - SP
Última Delícia do Casal Carvalho - Abaeté - MG
Um Dois Três de Oliveira Quatro - BH - MG ( Ex-Senador da República )
Usnavy ( em homenagem à U.S.Navy, a Marinha Americana) - Santos - SP
Vicente Mais ou Menos de Souza - Patrocínio - MG
Voltaire Rebelado da França - Igreja Nova - AL
Voume Jáqui Tápingando - Três Corações - MG

AH...AH...AH...


[8256] - EVOCAÇÕES REVOLUCIONÁRIAS...


Picau faz história e tira do seu baú "souvernirs" de há 40 anos, para o Facebook. Tempos de festa neste S.Vicente cosmopolita que o vento levou...
 Intrigante, nem acredito, mas parece que Amílcar Lima não faz parte da Lista de Combatentes. Posso ter percebido mal mas como é possível? Ou talvez não tenha querido ou não se tenha candidatado, pois o rapaz tem carácter !!!
Ele deu uma contribuição decisiva para a Independência, encabeçando o Paigc em S. Vicente (até que chegassem os ‘verdadeiros combatentes’ vindos da Guiné - Conacri...) como se pode ver através destas fotos. Picau, como é chamado, era um autêntico cabo- chefe dos jovens liceais e universitários e um organizador - enquadrador das manifs, o ‘cérebro das operações’ em S.Vicente, durante o ano de 1974, até a ‘revolução’ tragicamente acabar. Picau era a Estrela da juventude mindelense pró-PAIGC nesse período.
Se o rapaz se auto-marginalizou, deve ter as suas razões para estar revoltado! As revoluções consomem os seus filhos e o tempo tudo consome, nada lhe resiste !!!
Bom domingo independentista
Abraço
José F. Lopes

Amilcar Sousa Lima Picau
 5 de Julho de 1976. Face aos perigos que rodeavam um país recem independente, impunha-se manter a determinação, a firmeza e a combatividade por forma a preservar a todo o custo a liberdade tão duramente conquistada INDEPENDÊnCIA OU MORTE

Amilcar Sousa Lima Picau
Aeroporto de S.Pedro. Com a situação política já estabilizada, sob o controle do PAIGC, militantes da clandestinidade e da primeira hora, aguardam o desembarque, pela primeira vez, em S.Vicente, da cúpula do PAIGC.

Amilcar Sousa Lima Picau 
Picau, NeneI e António Pedro Rocha num convivío com os trabalhadores na JAPA
Foto de Amilcar Sousa Lima Picau

Amilcar Sousa Lima Picau
  Congresso do PAIGC em BISSAU

[8255] - MITO OU REALIDADE?!...

A sabedoria popular indica diversos alimentos para o tratamento de doenças, mas nem sempre o que é passado de boca a boca está correto. "Esses mitos, de que certos alimentos curam alguma enfermidade, surgem porque alguém comeu enquanto estava doente e depois saiu comentando que melhorou por causa daquele alimento", comenta Vanderlí Marchiori, nutricionista e secretária geral da Associação Brasileira de Nutrição Desportiva (ABND). O UOL Ciência e Saúde, ouviu especialistas para descobrir quais são os mitos e verdades com relação aos poderes de alguns alimentos.


Abacate trata a bronquite - MITO
O abacate tem muitas funcionalidades que podem ajudar no tratamento de doenças, mas não há evidências científicas de que ele participe no tratamento da bronquite. Vanderlí Marchiori, nutricionista e secretária geral da Associação Brasileira de Nutrição Desportiva (ABND) recomenda, para quem sofre da doença, fazer um xarope de mel. "É só ferver mel, gengibre, abacaxi e agrião, pois esses alimentos são mucolíticos, desinflamam e quebram o muco", explica ela. - (Colabor. Paulo Azevedo) -

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[8254] - POEIRA DO TEMPO...




Eis três belas imagens editadas pelo "Clube Matiota" e que o amigo J.F.Lopes nos encaminhou...
As duas primeias retratam os muitos - e bons - praticantes de "cricket" que em tempos havia em S.Vicente e que, inclusivamente, pediam meças aos próprios britânicos, inventores do divertido desporto...Há nelas pessoal que muitos dos nossos visitantes ainda reconhecerão...

A segunda é,obviamente, de funcionários do antigo Banco Nacional Ultramarino e alguns craques emprestados, aqui comandados pelo Gerente, João Barbosa...Sendo gente mais recente, não me admiraria que todos fossem  reconhecidos, de imediato, mau grado alguns deles já nos terem abandonado...

[8253] - S. VICENTE - DE CAVALO PARA BURRO...

VICTOR HUGO RODRIGUES

Os "combatentes pela liberdade", em S. Vicente, receberam a faixa comemorativa dos 40 anos, da passagem de S. Vicente de "cavalo para burro", por esta ilha ter deixado de ser parte de uma colónia de Portugal, para passar a ser parte da colónia da "República de Santiago". Foi triste ver são-vicentinos a prestarem vassalagem a um poder que recusa considerar a Regionalização de Cabo Verde, que poria fim a uma centralização que não beneficia S. Vicente, e que, antes pelo contrário, aposta no isolamento e na morte lenta desta ilha. Não haja dúvidas de que PAIGC fez um óptimo trabalho psicológico de lavagem ao cérebro dos cabo-verdianos, com especial acutilância na Ilha de S. Vicente. Por constatar esta realidade, o meu sentimento é de frustração e desencanto em relaçâo a esta terra que é de todos os caboverdeanos, que nela nasceram e não somente daqueles que andaram, por idealismo ou oportunismo, a perseguir, espancar, torturar e expulsar da sua terra, aqueles que não se guiavam pela cartilha de Amílcar Cabral e seu séquito.

...oooOooo...


JOSÉ FORTES LOPES

Este senhor não tem papas na língua... Eu penso isto, precisamente! Não há nada a festejar na passagem de "cavalo para burro" em S. Vicente , a menos que se festeje a decadência, pois nem só do pão vive o homem !!!! Eu gostaria é de ver a lista exaustiva dos Combatentes da Liberdade, pois toda a gente com mais de 13 anos, como eu na altura, os viu a desembarcar no pacato aeroporto de S. Pedro, vindos da Guiné -Conacri. Eram contados pelos dedos: eu vi uma dezena, mas talvez não soubesse contar... Como é que agora são 500, é que não sei... Talvez houvesse mais, mas não foi isso que nos contaram, na altura:  eram os melhores filhos, que eram poucos os eleitos  eninguém contestava...  Agora, a conversa mudou: qualquer um que tenha sentenciado como burros os pertencente ao género então chamado de "catchor de dos pé' a partir de Dezembro 1974 (porque, antes, ou estavam no bom lado, se abstinham ou não percebiam nada da política ) têm direito a condecoração !!!  Não estaremos perante uma gigantesca operação de lavagem cerebral?!  A quem compensa toda esta operação é que não sei... Ou melhor, sei !!!


quinta-feira, 25 de junho de 2015

[8251] - O MITO E A REALIDADE...

A sabedoria popular indica diversos alimentos para o tratamento de doenças, mas nem sempre o que é passado de boca a boca está correto. "Esses mitos, de que certos alimentos curam alguma enfermidade, surgem porque alguém comeu enquanto estava doente e depois saiu comentando que melhorou por causa daquele alimento", comenta Vanderlí Marchiori, nutricionista e secretária geral da Associação Brasileira de Nutrição Desportiva (ABND). O UOL Ciência e Saúde, ouviu especialistas para descobrir quais são os mitos e verdades com relação aos poderes de alguns alimentos.


A ameixa roxa acaba com a prisão de ventre - VERDADE - Madalena Vallinoti, nutricionista do Personal Diet e diretora do Sindicato de Nutricionistas (SINESP), explica que por ter maior concentração de fibras e ácidos orgânicos, este fruto estimula o intestino e melhora eventuais obstipações. "As enzimas facilitam a expulsão das fezes porque aceleram os movimentos intestinais", completa Vanderlí Marchiori, nutricionista e secretária geral da Associação Brasileira de Nutrição Desportiva (ABND).
(Colabor. Paulo Azevedo)   
CONTINUA

[8250] - HERÓIS DA LUTA ARMADA...


Vem no jornal A Nação: "Mais de uma centena de nomes poderão ser retirados da lista dos combatentes da liberdade da pátria..."
Assim, nada a dizer ou a opor, embora ‘os feitos de armas’ devam ser devidamente identificados, confirmados por uma comissão independente e tornados públicos para consulta e contestação. Todo o processo/arquivo deve ser livre e transparente. Não se esqueçam que Portugal deve ter informação fidedigna de Cabo Verde até à data da independência e é fácil sobrepor as informações...
Isto já estava a ficar um negócio da pouca vergonha que desprestigiava os próprios combatentes: um punho erguido em 1975, dava direito a 75 mil escudos mensais (talvez acumulando com outros rendimentos). Não sei porque é que eles abriram a mão para encherem assim o barco (talvez para ficarem ‘bem acompanhados’ com 500 ditos combatentes), mas pelos viistos o cálculo saiu furado, na pior das conjunturas...
Assim clarificam-se as águas e separa-se o trigo do joio,  pois tal estatuto deve ser reservado a quem combateu de verdade, com armas, ou que teve um papel importante na luta clandestina. Depois do 25 de Abril, pode ter havido heróis, mas é muito fácil, cheira mais a oportunismo. Assim temos um número mais razoável -  de 500 passam a 100... (José F. Lopes?

http://anacao.cv/2015/06/25/destaques-da-edicao-408-do-jornal-a-nacao/

[8249] - CONCENTRAÇÃO MASSIVA...


SESSENTA POR CENTO DO FUNCIONALISMO ESTÁ EM S. TIAGO

Relatório sobre a Administração Pública analisa a actual situação daquele sector. Santiago é a ilha que mais trabalhadores tem na Administração Pública.
62,3% dos trabalhadores da Administração Pública (AP) nacional estão em Santiago refere um relatório a que o Expresso das ilhas teve acesso.

O documento, que pretende traçar um retrato fiel do sector público cabo-verdiano, mostra grandes disparidades na distribuição dos trabalhadores. Só como comparação, São Vicente, a segunda ilha com mais empregos públicos, tem apenas 11,6% da totalidade de empregos. Ou seja, em Santiago existem quase seis vezes mais lugares na administração pública. No outro extremo encontram-se Maio e Brava que juntas têm apenas 2%. 

O documento aborda igualmente a questão das remunerações mensais da AP nacional. Segundo aponta o texto, o “salário deve ser atractivo para os diversos profissionais” e deverá igualmente “ter em conta o desempenho económico-financeiro de um país e suas perspectivas de crescimento”.

Assim, refere o documento, “o salário dos funcionários tem evoluído de forma gradual ao longo dos anos” explicando que constata-se que entre o salário recebido antes do ano 2000, e o salário recebido no ano 2000, ouve um aumento significativo em algumas estruturas de quadro, nomeadamente o quadro comum, inspecção das finanças, quadro dos médicos.

Ainda segundo o documento, divulgado pela Secretaria de Estado da Administração Pública, conclui-se que “analisando a estrutura remuneratória dos funcionários da Administração Pública Central (…) a remuneração média mensal ronda os 54.315$00” e que o “salário mínimo previsto é de 15 mil escudos”.

...oooOooo...

 Saiba mais sobre o estado da administração pública em Cabo Verde lendo a matéria publicada na edição desta semana do Expresso das Ilhas

COMENTÁRIO 

 Imaginem!  Seis em cada dez funcionários públicos trabalham em Santiago...  Tiveram  vergonha de dizer que seis em cada dez funcionários públicos trabalham na Praia.!  S. Vicente tem 11.6%...  É nisto que virou Cabo Verde, após 40 anos de Independência e é óbvio que é a Praia que tira todas as castanhas do lume e vai festejar ruidosamente, enquanto S Vicente estará a chupar no dedo !
Num país arquipélago com 10 ilhas, a consequência disto é óbvia: o dinheiro fica todo em Santiago... A isto chama-se Centralismo e é um roubo descarado às outras  ilhas e às populações de Cabo Verde!

José F. Lopes

quarta-feira, 24 de junho de 2015

[8248] - AS "FONTES" DE S.VICENTE...

Notas para a história do abastecimento de água a Mindelo
Ana Cordeiro

Os poços de S. Vicente, para venda de água ao público, eram conhecidos com o nome de fonte e pertencem hoje à toponímia do Mindelo. Na década dos anos 20 encontrei ainda em funcionamento os seguintes: Fonte Francês, Fonte da Matiota, Fonte de Meio, Fonte Cutú, Fonte Doutor, Fonte de Cónego, Fonte Filipe e Fonte Inês. Além desses, havia muitos mais que não vendiam ao público. A água era sempre tirada com uma bomba movida por moinho de vento, o que dava à cidade um aspeto bastante pitoresco.
 João Morais, «A Água em S. Vicente» in A Corrente, Boletim Trimestral de Informação e Debate da Empresa Pública de Electricidade e Água, nº 6, ano III, 1990

O abastecimento de água sempre foi um grande problema para a ilha de S. Vicente e um constrangimento ao seu desenvolvimento, mas foi também o sustento de muitas famílias e até um bom negócio para alguns. A ilha tem poucas nascentes e, as que existem ficavam afastadas da pequena povoação junto ao Porto Grande. Assim, a população teve de se socorrer da perfuração de poços que não só foram moldando o crescimento de Mindelo como a sua toponímia.
Num relatório de 1856, (tinha Mindelo 705 habitantes) o comandante da ilha de S. Vicente, Onofre Lourenço de Andrade, reporta uma visita às nascentes da ilha e defende o uso da água do Lameirão para abastecimento a povoação e aos navios. A vantagem desta nascente era estar a cerca de metade da distância das nascentes de Madeiral e Madeiralzinho, pelo que o encanamento seria muito mais económico. (Barcelos, vol.IV,p.63)
Em 1858, a povoação de Mindelo, com cerca de 1400 pessoas, é elevada a vila. Instalam-se novas repartições, como os serviços de Obras Públicas, e o estado começa a tomar medidas no que respeita ao abastecimento de água a Mindelo. A fonte da Matiota, uma das mais importantes, é reparada e dá-se então início à abertura de mais poços nas colinas circundantes da pequena povoação para abastecimento à população, mas sem grandes resultados devido à raridade das fontes. 
Em visita feita a Mindelo em 1860/61 (então com 1.141 habitantes, uma grande quebra demográfica devido ao surto de cólera) Francisco Travassos Valdez afirma que “havia falta de água na ilha de S. Vicente, e que em geral a que tem é de má qualidade”. Acrescenta que a Royal Mail Steam Packet tinha autorização para instalar “dois aparelhos de destilação da água do mar e de oito tanques de ferro para suprir de água os vapores e os operários que trabalham na ilha”. e que a Visger & Miller, situada num terreno com um poço de água muito boa, obtivera licença para instalar uma canalização que distribuísse a água do poço pelas suas instalações. (Valdez, 1864, p.109)
No início dos anos sessenta do séc. XIX as famílias mais importantes abasteciam-se de água do Lameirão e a situação no Mindelo era tão má que as Obras Públicas foram obrigadas por portaria a fazer estudos e a apresentar um projeto detalhado sobre o abastecimento de água a Mindelo.
Em 1860 foi aberto um poço junto ao novo quartel (será fonte Doutor?) e encontrou-se água abundante no sítio de Areia Branca. Contudo, só anos depois, em 1873, se abriram duas galerias subterrâneas na nascente de Areia Branca e foi feito um estudo sobre o custo da canalização dessa água.  
No final da década de sessenta as nascentes do Madeiral e Madeiralzinho foram medidas mas não foi considerada, economicamente viável, a canalização das águas para a vila. (A do Madeiral dava 7.000 litros e a do Madeiralzinho, 20.000 litros/hora, dia?, (Barcelos, IV,p.242, não refere)
Essas nascentes estavam em propriedades pertencentes ao inglês George Rendall que chegou a formar uma companhia em Londres para realizar esse projeto de canalização que estava orçado em cerca de 40 contos de réis. Em 1870 (com 1.802 habitantes) George e John Rendall apresentam às autoridades portuguesas uma proposta de contrato para fornecimento de água do Madeiral e Madeiralzinho à vila. Apesar dos esforços do Governador Albuquerque que tenta introduzir na proposta alterações mais consensuais, o Governo de Lisboa não aceita o projeto mas autoriza o Governador a canalizar as águas de Areia Branca (decreto de 14 de Novembro de 1874) e, para esse efeito, contrair um empréstimo de 10 contos de réis. (Barcelos, Vol. IV,p.242)
Em 1879, já com a categoria de cidade e 3.717 habitantes, a situação é a seguinte:
A vila era abastecida por 35 poços dentro do seu perímetro urbano:
13 poços públicos
22 poços particulares
Desses 35, só doze tinham água potável, 6 água para cozinha e 17 para lavagem e outros serviços
Os habitantes mais endinheirados abasteciam-se da água das nascentes que, embora fosse gratuita, tinha a despesa do transporte, ou compravam água destilada vendida pelas Companhias Millers & Nephew e Cory Brothers (que cerca de 1879 montou outro destilador de água do mar, pois essa água era também vendida aos navios.)
«Encontram-se na ilha poucas nascentes de água potável, porém, parte das existentes, canalisadas para a cidade bastariam ao seu abastecimento. São as principais as do Madeiral e Madeiralzinho e 12 km da mesma, e parece que o seu proprietário está tratando de aproveitá-la para esse fim. Mais existem as da Areia Branca, Alves Martinho, Lameirão e Mato Inglês, não de boa água, porém, que não são para desprezar-se. Além destas há ainda outras, a maiores distâncias e menos importantes, como as do Monte Verde, Fonte Ladeira, Calheta, Entre Picos e Santa Luzia.
Por enquanto, o consumo na cidade, de água potável, é alimentado pelos poços que na mesma e nos seus arredores se encontram, atualmente em número de 35, sendo 13 públicos e 22 particulares. De todos esses poços, 12 fornecem água que pode beber-se, 6 que serve para cozer alimentos e os 17 restantes, aproveitável para lavagens e outros serviços.
Os habitantes mais abastados, e destes nem todos, usam para beber água do Lameirão e da Areia Branca, ou destilada dos depósitos das casas da Millers & Nephew e Cory Brothers.
A água para os navios é fornecida por esses mesmos depósitos e por uma cisterna e um poço que a primeira casa possui.
Muitas outras fontes ou poços muitíssimos abundantes de água se encontram no interior da ilha servindo para o uso do gado.
Em suma, quem em S. Vicente precisa água, trata de abrir um poço que, melhor ou pior tem a certeza de a encontrar. Leva-me isto a crer na existência de uma camada de terreno impermeável, formando conduto às águas do Monte Verde, Madeiral, Madeiralzinho e outras alturas, as quais, se por vezes nos poços abertos se encontram salobras é certamente devido à natureza do terreno que tiveram de atravessar.
Não há pois falta de água em S. Vicente, bem pelo contrário; o que falta é boa água na cidade mas essa pode obter-se sem avultadíssima despesa, canalizando, como se disse, as nascentes de Madeiral e Madeiralzinho, de água não só potável, mas de belíssima qualidade.»
Joaquim Vieira Botelho, Administrador do Concelho de S. Vicente, relatório de 1880 
No final do século XIX vão aparecendo novos bairros (Ribeira Bote, Ilha do Sal, Alto de S. Nicolau, Fonte de Cutú) mas os problemas de abastecimento de água, continuavam e, de acordo com os relatórios médicos, o mau estado dos poços era uma das causas do mau estado sanitário da cidade.
  Em 1881 (com 4.267 habitantes) tinha começado a venda de água do Tarrafal de Stº Antão por um «tal Clarimundo Martins» (Relatório do Administrador do Concelho, JVB, 1880-82). Em 1882 esse senhor faz um contrato com o Governo da Província que lhe dava um período de 10 anos, para importar água de Stª Antão, sem concorrência e livre de direitos, desde que conseguisse abastecer até 12 litros /dia/habitante e a vender água aos navios por um preço afixado no acordo… O contrato foi anulado em 1884 por não ter sido aprovado em Lisboa, mas parece que ele continuou a trazer e vender de Stº Antão ainda durante alguns anos, provavelmente até 1886. 
Duas semanas depois da não-aprovação do contrato do Sr. Clarimundo Martins, em Dezembro de 1884 (com 5.314 habitantes) foi assinado o acordo com George Rendall, Manuel Madeira e Aleixo Justiniano Sócrates da Costa (médico do quadro de saúde em várias ilhas de Cabo Verde e presidente da Câmara no Sal (1873-4) e na Boavista (1878), colaborador de vários jornais e publicações da época) que previa a canalização de águas do Madeiral e Madeiralzinho, a construção de aquedutos subterrâneos, chafarizes e outras obras necessárias.  
De acordo com João Augusto Martins a concretização do projecto deve-se «à energia e à teimosa insistência de um rude madeirense por nome Manuel Gomes Madeira, um dos mais ricos proprietários da localidade, o qual, desprezando as afirmações técnicas em contrário, conseguiu em 1886 formar uma sociedade e fazer canalizar as águas das nascentes de Madeiral e Madeiralzinho, facto esse que traduzindo um importante melhoramento local, constitui uma fonte fértil a avultadas ganâncias próprias.» 
João Augusto Martins, Madeira, Cabo Verde e Guiné, pp.162-3

Para além da canalização que trazia a água de 10 Km de distância, construíram-se três casas de água: uma em Lombo de Tanque (completamente murada, com uma antena da Telecom), outra em Monte transformada em habitação e onde funciona o MDR e a terceira no centro da cidade, no largo do Madeiral que incluía escritórios, casa de guarda e um pátio murado cheio de plantas e árvores de fruto. Havia dez torneiras e, mais tarde construíram-se tanques para lavagem de roupa. Com o tempo a água perdeu qualidade e foi rareando cada vez mais. 
 1886 (com 5.188 habitantes) É inaugurada a 27 de Maio a Companhia de Águas do Madeiral, mas a quantidade de água, como aliás já se sabia era insuficiente. Em 1887 é aprovada a construção da ponte de água da Empresa
Em 1889 (com 6.561 habitantes) surge uma outra empresa para exploração das chamadas águas do Norte, pertencentes a Augusto Ferro, que são canalizadas para a cidade e, através de um acordo com a Empresa águas do Madeiral as duas empresas fundem-se.
Em 1891 (com 6.196 habitantes) essas águas chegam à cidade mas o problema não fica inteiramente resolvido. O preço da água fazia com que a água dos poços continuasse a ser utilizada indevidamente e as doenças continuavam a afligir a população. A Câmara proibia o uso de água dos poços que não eram limpos, desinfetados e reparados, chegou a distribuir água gratuitamente aos indigentes através de um sistema de senhas, mas a água não era suficiente para os cerca de 6.000 habitantes da cidade e as pessoas mais pobres continuaram a abastecer-se onde podiam.
Em 1909 (com 8.652 habitantes) passa a ser obrigatório o uso de bombas para recolha de água, em todos os poços sem exceção, essas bombas eram movidas por moinhos de vento.
De acordo com o Dr. João Morais, em 1906 (com 8.430 habitantes) entra em funcionamento a firma Ferro & Companhia, Lda. que tinha como objetivo o transporte e comercialização em S. Vicente da água de Tarrafal de Monte Trigo em Stº Antão. Na obra Linhas Gerais do Desenvolvimento Urbano aparece indicado o ano de 1919 (11.581 habitantes) como do início das atividades da empresa mas talvez esta a data de construção do depósito de água. A empresa começou com um barco de madeira mas, mais tarde, adquiriu barcos-tanque movidos a vapor (como o Tarrafal, o Sagres e o Porto Grande). Tinham depósitos em terra junto aos escritórios da companhia e a água era conhecida como água de Vascónia). Mais tarde foi construído um depósito no Monte para abastecimento de água aos navios de longo curso. Era uma água de muita qualidade mas cara para a maioria da população (na altura a água do Madeiral já precisava ser filtrada poder ser bebida). (Linhas Gerais, p.93)
Por volta de 1950, (com 19.158 habitantes) a Câmara Municipal de S. Vicente, sob presidência de Júlio Bento de Oliveira, compra um navio-tanque, o Mar-Novo, que começa a trazer para Mindelo água da Mesa no concelho de Porto Novo. O barco atracava no cais da Alfândega e uma mangueira levava a água para o depósito em terra que ficava no alto de Miramar. A eletricidade (que na altura só era fornecida durante algumas horas à noite) era ligada, entre as 9h00 e as 10h00 da manhã, para bombar a água para esse depósito. Depois a água descia para o posto de venda que ficava na zona onde hoje conhecida como Retimar. Foi ainda na década de 50 que o navio encalhou em Stº Antão
«Quanto à água tudo começaria por um depósito municipal, alimentado por água de Stº Antão, sito no Alto Miramar, de onde seria distribuída pelas casas. Faltavam, porém, tubos adequados para essa distribuição e, até que tal acontecesse, um carro de mula, transportando um reservatório de quinhentos litros, percorria as ruas da cidade fazendo-se anunciar por um toque de uma sineta. As latas de água limpa acorriam à carroça e eram, assim, enchidas com a confiança que dava que dava o dístico que vinha no depósito: «ÁGUA DE MESA LIMPA E FRESCA», sendo Mesa a nascente de Santo Antão de onde provinha a água, O transporte da ilha vizinha para S. Vicente era assegurado por um palhabote a motor, comprado para esse fim com muito entusiasmo (…) o encalhe do palhabote-tanque poria termo a esse plano concebido e executado, na quase totalidade, com as pratas da casa.»
Amiro Faria, O Bordo é Livre, pp.93-4     
Em 1958 as companhias de carvão deixam o Porto Grande (desde 1952 a Millers & Cory, a Wilson, Sons & Co. E a Companhia de S. Vicente de Cabo Verde já eram administradas por um único gerente). Apesar da crise e do desemprego, entre 1940 e 1975 a população cresce de 16.000 para 36.000 pessoas. 
Em 1960 (com 20.705 habitantes) a Câmara Municipal passa a ser presidida pelo Dr. Teixeira de Sousa que não só revoluciona a distribuição de energia elétrica como também lança as bases para o futuro do abastecimento de água a Mindelo ao ser o grande impulsionador da formação da JAIDA. 
Em 1969 é constituída a JAIDA, Junta Autónoma das Instalações de Dessalinização de Água, e dá-se início à construção de uma rede de distribuição de água e uma nova rede de esgotos e uma central de dessalinização. 
Em 1972 ou 1973 (cerca de 36.000 habitantes) de acordo com o Dr. João Morais, a água da JAIDA chega a casa dos mindelenses. Os que estavam fora da zona de distribuição podiam comprar água na Central da Lajinha.
Pelo Decreto-Lei 80/78 o governo determina que, compete exclusivamente ao estado, a pesquisa, captação e gestão das águas existentes em Cabo Verde, uma verdadeira nacionalização das águas que vai determinar o encerramento, e respetiva indemnização, das empresas que ainda funcionavam, como a Ferro & Cª.  A situação arrasta-se até início dos anos 80.
        A ELECTRA, Empresa Pública de Electricidade e Água, foi criada a 17 de Abril de 1982, pelo Decreto-lei nº 37/82,a partir da fusão de : 1)- a Electricidade e Água do Mindelo (EAM), que por sua vez havia sido constituída pela fusão da Junta Autónoma das Instalações de Dessalinização de Água (JAIDA) com a Central Eléctrica do Mindelo (CEM). Esta fusão teve lugar em Agosto de 1978, juntando os organismos que na ilha de S. Vicente eram responsáveis pela produção e distribuição de água dessalinizada e de energia eléctrica. 2)- a Central Eléctrica da Praia, (CEP), organismo autónomo encarregado da produção e distribuição de electricidade na Cidade da Praia. 3)- a Electricidade e Água do Sal (EAS), saída da transformação, realizada em Agosto de 1978, dos Serviços Municipais de Água e de Electricidade, da ilha do Sal. (site da Electra)

A distribuição domiciliária
Quando a água do Madeiral chegou à cidade, fez-se uma rede de distribuição e uma rede de esgotos, ampliadas depois pelo Estado mas, ainda assim, restritas a um número muito reduzido de habitações. A maioria da população comprava a água em medidas de 20 litros e os despejos eram feitos em latas transportadas à cabeça de mulheres e despejadas no chamado caizim.
Só com a constituição da JAIDA se construíram as redes de distribuição de água e de esgotos que, todavia, apenas abrangiam a morada. 
Até então, a distribuição domiciliária fazia-se sobretudo através do carregamento de latas de 25 litros à cabeça de mulheres, ou de recipientes maiores carregados por animais. 
O Sr. João Téca dono de vários poços fazia esse transporte em carroças e tinha também o negócio de banhos que era muito frequente na cidade e se fazia não só nas sentinas públicas como em casas ou quintais particulares (havia um balneário ao lado do poço de Fonte Cónego onde agora está uma rotunda) 
«Quem passava pelos locais de venda [de água] via sempre uma fila grande de latas que aguardavam a vez. Depois o transporte à cabeça das raparigas aos grupinhos de três e quatro, num quadro tradicional que remonta aos tempos bíblicos, das raparigas que vão à fonte com um cântaro à cabeça. Com o tempo, foram aparecendo outros processos de transporte. Um dos mais engraçados pertencia a um homem que tinha um barril montado em dois pneus, mas de tal modo engenhoso, que os pneus deslizavam pela rua, rolando, e o barril mantinha-se firme, em movimento de translação, sempre com o buraco de entrada virado para cima. Era empurrado por um arame grosso ligado aos extremos do barril. Havia uma carrocinha puxada por uma mula que levava várias vasilhas de água potável, era a mula do João Bentinho que teve o seguinte fim trágico cómico. Uma noite a mula saiu do quintal do dono e foi andando pela rua aproximando-se do Quartel-general. A noite estava escura, o soldado de sentinela divisou um vulto de contornos imprecisos que avançava em sua direção e grita: quem vem lá?! O vulto não responde e vai avançando. A sentinela torna a gritar: quem vem lá, á, á … e o vulto insiste em não responder. Então, o soldado aponta a arma, mete o dedo no gatilho e dispara. Ouve um baque e aproxima-se. Ó céus! Era a mula de João Bentinho que jazia numa poça de sangue!

João Morais, idem
O transporte de água em autotanques (não militares) teve início na década de sessenta pelo Sr. Alexandre Alhinho* que comprou um autotanque. Essa compra estava relacionada com o início das obras de Chã de Marinha, na Ribeira de Julião, para as quais, as águas do seu poço na Ribeira de Julião foram contratadas. No final das obras do cais-acostável adquire mais dois ou três camiões que tinham sido usados na obra e que ele transforma em camiões-tanque. Quando a JAIDA começa a produzir ainda mantém o negócio, embora gerido por um dos filhos, mas apenas com um camião. Entretanto vão surgindo outros camiões como os do Sr. João Teca e Anacleto Cabral (dono da padaria da Pracinha de Igreja). Até hoje, sobretudo para a construção civil, os camiões tanque continuam a ser essenciais para a cidade do Mindelo.


*O Sr. Alexandre Alhinho era sargento na marinha de guerra portuguesa a bordo do navio Bartolomeu Dias, que não só passou várias vezes por Cabo Verde como aqui teve paragens prolongadas o que permitiu que aqui fizesse várias amizades. Quando se reformou, ainda bastante novo, instalou-se em S. Vicente na primeira metade da década de 40 (talvez 1944). Primeiro formou uma companhia com um barco a vela e motor, o Rio Mondego, que fazia carreira inter-ilhas mas que acabou por arder. Foi então trabalhar para a CUF que aqui era representada pela Casa Madeira, como responsável pelas descargas. Cerca dos anos 60 começa então o negócio de distribuição de água. Quando a JAIDA começa a produzir água começa a desinteressar-se do negócio e dedica-se à pesca (com o barco Ana Maria) e à serração de madeiras.

-Colab. Arsénio de Pina  


[8247] - C O N V I T E ...


terça-feira, 23 de junho de 2015

[8246] - DAR PÉROLAS A PORCOS...


 Esta era a nova bomba da policia italiana...Um Lamborghini Gallardo V10, avaliado em 200.000 Euros...


 Velocidade máxima, 325 km/hora...Zero aos 100, em 4 segundos...Não haveria larápio que lhe escapasse...


...se tivessem arranjado alguém que soubesse conduzir esta jóia da técnica automóvel...Que desperdício!
(Colab. Tuta Azevedo)

[8245] - FANTASIA OU ILUSÃO?! ...

Alcindo Amado
Cabo Verde, País de Desenvolvimento Médio! Fantasia ou Pura Ilusão?

Os desafios e as oportunidades que os objectivos de desenvolvimento sustentável colocam aos pequenos Estados Insulares em desenvolvimento e de rendimento médio constituiu o tema em debate, no programa Espaço Público da Rádio Nacional, do passado dia 13 de Junho de 2015.

Cabo Verde, País de Desenvolvimento Médio! Fantasia ou Pura Ilusão?
Naturalmente, e como tem vindo a ser hábito, não podia deixar de opinar sobre tão delicada e pertinente questão.

Todavia, e como era de esperar, a minha intervenção não caiu no agrado de um dos convidados que, enquanto defendia o seu “tacho” tentando fazer “frete”, saiu furioso em defesa do sistema, alegando que as minhas afirmações eram insultuosas.

Não agradou a esse sujeito eu ter afirmado, a dado passo que, em Cabo Verde, o estatuto de País de Rendimento Médio só pode justificar-se com a qualidade de vida (modus vivendi) dos políticos e de alguns “espertinhos” que gravitam à volta do Poder Central e Local. Esses realmente vivem num virtual país de desenvolvimento médio.

Para o Povo em geral, esse “status” não passa de uma fantasia, para não dizer uma pura ilusão. Esse tão falado desenvolvimento médio é coisa para se ver ao microscópio.

Poderíamos, efectivamente, estar neste patamar se, durante os quarenta anos de independência tivéssemos gerido de modo diferente os recursos a que tivemos acesso. Gastou-se muito dinheiro sem critério e sem nenhum retorno. Não se investiu em sectores chave que proporcionassem um real desenvolvimento económico, e daí o escandaloso desequilíbrio social e as assimetrias regionais. Comparemos a qualidade de vida de um cidadão que vive no interior do vale de São Miguel-Santiago, e outro que vive na cidade do Mindelo-São Vicente. São dois mundos diferentes.

Infelizmente, salvo raras excepções, Cabo Verde nunca teve governantes que se preocupassem com o futuro deste País. Preocuparam-se sim com o seu bem-estar. A miséria que, dia a dia, galga os vales e cutelos destas Ilhas confirma e retrata a minha decepção.

Os recursos financeiros (empréstimos e donativos de países amigos) esbanjados durante esses quarenta anos, poderiam ter catapultado Cabo Verde para o nível de desenvolvimento médio, caso fossem investidos em sectores dinamizadores de um verdadeiro crescimento económico, geradores de empregos perspetivados para produção de bens e serviços de qualidade, de forma a erigir uma verdadeira economia de mercado, que consiste em produzir e vender. Para que o lavrador seja motivado a aumentar a sua produção, tem que ter o mercado garantido. Para isso o circuito económico tem de funcionar naturalmente.

Não tiveram capacidade de preservar e atrair novas indústrias ligeiras de produtos semi-manufacturados, para absorção de mão-de-obra não qualificada, que abunda em Cabo Verde. Temos exemplos de vários países que emergiram graças à oferta massiva de mão-de-obra com e sem qualificação. Vejam, por exemplo, o caso do Vietnam, Coreia do sul, China, Filipinas, India, México, Tailândia, Indonésia, etc.

Por outro lado, os governantes de Cabo Verde nunca deram a devida atenção ao Mar que nos rodeia e que constitui a nossa única riqueza natural. Somos um pequeno país arquipelágico em termos territoriais. Contudo, a nossa zona económica exclusiva estende-se por uma área de 750.000 Km2. Temos peixe e não sabemos nem temos com que pescar. Neste momento, devíamos e podíamos ter criado em Cabo Verde um Instituto Politécnico vocacionado para o mar. Formação de pilotos e marinheiros de longo curso, pescadores e mergulhadores profissionais para responder à demanda da frota de marinha mercante que cruza as nossas águas. O Caboverdiano sempre adorou a vida do mar. Poderia ser uma grande saída para combater o desemprego nesta Ilhas, como foi noutros tempos, quando a emigração era menos exigente.

Poderíamos ter seguido o exemplo das Filipinas. Hoje em dia é bastante raro encontrarmos um barco de marinha mercante que não seja tripulado por Filipinos. Resultado do investimento feito no sector, e fruto de uma visão inteligente e inovadora, que injecta, anualmente, centenas de milhares de dólares na economia filipina.

Conhecendo a situação geoeconómica de Cabo Verde não dá para acreditar que continuamos a importar sal refinado e iodado da Europa! Uma autêntica aberração.

Com tanto mar à nossa volta e tanta gente sem emprego, importamos pescado para abastecer uma pequena unidade de processamento de pescado, a Frescomar, quando devíamos ter, em cada Ilha, uma unidade igual. Para que os leitores tenham uma ideia do impacto que o mar pode ter na nossa economia, a Frescomar, que não é um investimento de grande dimensão, emprega mais ou menos 800 pessoas, em São Vicente. Imaginem se pudéssemos implementar essa indústria em todas as Ilhas!

A indústria de processamento de pescado dá origem a uma série de subprodutos utilizados no fabrico de rações, fertilizantes, etc. Gera empregos e promove a exportação de um produto muito procurado no mercado internacional. É assim que se cria a economia e se promove o desenvolvimento dos pequenos Estados Insulares, como o nosso. Não se vai desenvolver Cabo Verde com fóruns, seminários, mesas-redondas, festivais, mas sim com trabalho abnegado para produzir resultados.

A construção e reparação naval é outra actividade que sempre esteve presente no DNA do Caboverdiano. Poderíamos ter explorado este sector, e de certeza que teríamos tido sucesso. Por favor, não consideram o caso “Cabnave” porque sempre esteve entregue à bicharada. Aliás, nunca teve uma gestão empresarial. Serve de poleiro para os “gestores”militantes dos Partidos Políticos no poder. Por isso nunca deu resultado.

Vejamos, por exemplo, o nosso lendário “Wilson” pequeno estaleiro construído pelos Ingleses em DjidSal - Mindelo, para reparação das lanchas utilizadas no transporte de carvão na Baía do Porto Grande. Essa infraestrutura sobreviveu à data da nossa independência. Com financiamento do Governo Holandês, foi modernizado e baptizado com o nome de ONAVE, passando a fabricar uma vasta gama de barcos de pesca e de recreio, que deu emprego a muita gente em São Vicente. O seu misterioso desaparecimento está envolto num grande escândalo, devido à negligência e falta de visão de certos irresponsáveis que abundam neste País, a gerir sectores importantes da nossa economia.

Um grande exemplo a seguir é o dos países nórdicos. Grandes produtores de petróleo mas sempre vocacionados para o mar. Detêm as maiores frotas de pesca do mundo, e estão entre os melhores construtores navais da actualidade. Não é por acaso que são os países mais bem governados e economicamente mais estáveis a nível mundial.

Precisamos mudar de mentalidade, e incutir uma cultura de produção para cativar investidores interessados. Precisamos reformar a nossa política económica que sempre consistiu em criar empresas públicas para alojar os “ilustres militantes” dos partidos políticos, ou seja, sem outros critérios a não ser a militância partidária.

Os sucessivos governos de Cabo Verde sempre tiveram dificuldades em introduzir políticas económicas geradoras de emprego para a população. Todavia, sempre tiveram uma grande habilidade em criar “tachos” para o clã que gravita à volta do Poder, constituído maioritariamente por parasitas e oportunistas, salvo raras excepções. Isto demonstra a necessidade de repensarmos, urgentemente, a forma de governar este nosso Cabo Verde, caso contrário jamais seremos, de facto, Um País de Desenvolvimento Médio.

O habitual abraço de fraternidade a todos.

Mindelo, 13 de Junho de 2015

segunda-feira, 22 de junho de 2015

[8244] - C O N V I T E ...


CONVITE

No quadro das comemorações do 40º Aniversário da Independência de Cabo Verde e das actividades da Primeira Fase do seu Ciclo de Conferências sobre a História de Cabo Verde intitulado “Es Dez Grãozinhos di Terra: Cabo Verde do Descobrimento à Independência”, a Associação Caboverdeana de Lisboa (ACV) tem a honra e o prazer de o (a) convidar para assistir às seguintes conferências subordinadas ao tema Estruturação Social/Crises:

- Marcos Estruturantes do Percurso Histórico da Sociedade Cabo-Verdiana a ser proferida pelo Doutor Daniel Pereira (Historiador e Diplomata)

- A Teimosa Odisseia de Povoar Cabo Verde: Migrações, Secas e Conflitos Fundiários História, com o Doutor António Leão Correia e Silva (Sociólogo, Historiador e Ministro da Ciência e do Ensino Superior de Cabo Verde).

A sessão terá lugar a partir das 18,30 h do próximo dia 23 de Junho (Terça-Feira) nas instalações da ACV, sitas na Rua Duque de Palmela, nº2, 8º andar (ao Marquês de Pombal, Lisboa).

Informa-se ainda que, durante a sessão, estará patente uma mostra-venda do Livro sobre a História de Cabo Verde.

Saudações cordiais

Apoios: RDP- ÁFRICA,PLATAFORMA DE ASSOCIAÇÕES CABO-VERDIANAS PARA AS COMEMORAÇÕES DO 40º ANIVERSÁRIO DA INDEPENDÊNCIA DE CABO VERDE, ASSOCIAÇÃO DOS ANTIGOS ALUNOS DO ENSINO SECUNDÁRIO DE CABO VERDE, CONGRESSO DOS QUADROS CABO - VERDIANOS NA DIÁSPORA, ASSOCIAÇÃO FINABRAVA E CICLO DE TERTÚLIAS CABO VERDE EM DEBATE.

[8243] - O P I N I Ã O ...

Nuno A. Ferreira
Nesta história da regionalização e do centralismo, contam pouco (até por razões óbvias) as minhas convicções pessoais, mas creio que há um afunilamento de discurso que está a passar despercebido aos protagonistas do pensamento regionalista e que, no final, serve os interesses que estes querem combater. É como se a mais cosmopolita das ilhas, a cidade construída, aberta ao mundo como nenhuma outra, o berço da intelectualidade cabo-verdiana, se achasse agora incapaz de alcançar a polis, contentando-se com a parte por não conseguir influenciar o todo.

[[8242] - CABO VERDE - CRISE DE IDENTIDADE...


A PERSISTENTE CRISE DE IDENTIDADE CABOVERDIANA.

A geopolítica não é geografia. A posição geográfica é um dos elementos importantes, e em muitos casos determinante da geopolítica, mas as ligações políticas podem determinar uma realidade geopolítica diferente das divisões continentais dos continentes
No caso de Cabo Verde, um país arquipélago estrategicamente localizado nas rotas entre a África, a América do Sul e a Europa,, e mais remotamente com a América do Norte e até a Ásia, é imperativo se definir qual o continente no qual Cabo Verde dará prioridade na sua geopolítica.
Se a África é o continente mais próximo, todavia a Europa é o continente mais importante sob todos os aspectos,, em especial os econômico, culturais e políticos.
Mas ao contrário dos outros arquipélagos da Macaronésia, as Ilhas Madeira e Açores (Portugal-UE) e as Canárias (Espanha-UE), Cabo Verde após a sua independência declarou, mas não cumpriu, a sua opção pela África e a africanização.
Por pior, tentou se incluir na União Europeia, como um país independente e D'África, sob o eufemismo de parceria estratégica, e não conseguiu sequer uma espécie de assemelhamento com as regiões ultraperiféricas da UE, todas elas partes integrantes de algum país membro da União Europeia.
A outra alternativa de associação, como estado associado, nos moldes de Porto Rico e os Estados Unidos, ou como membro integrante da federação ou província de um estado unitário são os países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), ou ainda mais restritivamente os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP).
Cabo Verde após a independência já foi um estado associado com a Guiné Bissau, com um modelo dois países, um só partido, mas a união foi mal sucedida e acabou.
No âmbito da CPLP, para sair do campo dos meros discursos de integração e receber recursos orçamentários e todo o apoio de um governo central forte, Cabo Verde possui as opções dos estados unitários de Portugal e Angola, e a federação brasileira, pois os demais países da CPLP, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Guiné Equatorial, Timor-Leste e Guiné Bissau ainda estão em um estágio que não agregariam os recursos financeiros, orçamentários e demais serviços que Cabo Verde necessita, na ordem de grandeza de mais de 10 mil milhões de dólares por ano durante muitos anos para atingir o actual nível de padrão de vida das Ilhas Canárias, Açores e Madeira, por exemplo próximo de potencial econômico evidente na própria Macaronésia.
A época do crescimento e euforia econômica de Portugal, Brasil e Angola agora se transformou em uma grave crise econômica, que deve se aprofundar pode se aprofundar em um pior cenário possível, pior até do que a crise de 29.
Logo, Cabo Verde como país independente, que nem se encontra inserido efetivamente na integração geopolítica da África ou da Europa, e com grandes afinidades culturais com Portugal, Brasil e Angola que não se traduzem em solidariedade e recursos orçamentários e demais riquezas e um país mais forte para garantir a segurança alimentar, energética, de seguridade social, previdenciária, segurança pública e social, saúde, energia, comunicações, transporte, financeira, e principalmente, o custeio de uma administração pública que seja a principal atividade econômica de Cabo Verde, como ocorre com o Hawaii, ou com os estados brasileiros de Roraima e Amapá nos quais os recursos investidos nesses dois estados ilhados pela amazônia pela federação brasileira, que custeia as suas administrações públicas, que são a sua principal atividade econômica. Os recursos gastos pela federação brasileira nesse dois estados amazônicos ainda com pequenas populações é superior aos seus próprios produtos internos bruto. 
Logo, creio que Cabo Verde é geopoliticamente um pequeno país arquipélago isolado no Oceano Atlântico abandonado ao destino sem mecanismos geopolíticos que ultrapassem os níveis insuficientes da caridade internaciona. E dependente de um acordo cambial com a União Europeia de conversibilidade entre o escudo caboverdiano e o euro, tendo que pagar o preço de entregar os seus recursos de pesca, turismo e demais ativos escassos para receber a ajuda cambial dentro do seus estreitos limites, o que está a acarretar, no momento, o acelerado endividamento insustentável de Cabo Verde.

A UNIÃO EUROPEIA NÃO RECONHECE CABO VERDE COMO EUROPEU, AO CONTRÁRIO DAS CANÁRIAS E DA MADEIRA.

Não possuo condições de determinar a causa, mas, definitivamente, Cabo Verde não é reconhecido europeu como as Canárias e a Madeira, apesar de estar na mesma Macaronésia e possuir a mesma gênese europeia em sua formação. Cabo Verde são vistos, inclusive por si próprios, como similares aos brasileiros, mestiços e crioulos. Quando estou em Cabo Verde, confesso que me sinto como se estivesse no meu próprio Brasil, e apenas o sotaque de Portugal me lembra a cada instante que não estou em terras brasileiras. Em Portugal, Angola e em Moçambique também me sinto em casa, mas as coisas me fazem sentir em outro continente, de facto. 
Como brasileiro, visto como um estranho aos olhos dos europeus, sinto o tratamento de alteridade no Velho Mundo como o que narra José Almada Dias.

O QUÊ É SER UM EUROPEU?

Para exemplificar com um facto verídico, me lembro quando participei como mediador em um seminário de Direito em Buenos Aires, há muitos anos atrás, e um jurista português colocou a questão que não basta uma união econômica, pois o mais importante é a união das gentes, e perguntou aos participantes se saberiam responder o quê seria um mercosulino, pois ele, como português não sabia dizer o que era um europeu. Eu não pude perder a oportunidade de sugerir que ele perguntasse, então, a um argentino o quê é ser um europeu, pois os argentinos dizem e acreditam que são europeus!
É a nossa opinião, salvo melhor juízo. - (in  E.I.)

Rio de Janeiro, 15 de junho de 2015
César Palmieri Martins Barbosa