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terça-feira, 24 de novembro de 2009

Á MEMÓRIA DO AUTOR ...






LÁGRIMA DE PRETA
António Gedeão


Encontrei uma preta
que estava a chorar
pedi-lhe uma lágrima
para a analizar.
*
Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.
*
Olhei-a de um lado
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.
*
Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.
*
Ensaiei a frio,
experimentei o lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:
*
Nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio,
água (quase tudo)
e cloreto de sódio.

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