BACALHAU DE CONSOADA...

Mal se aproxima o Natal e começa a azáfama anual de procurar o melhor bacalhau do mercado para a consoada - bacalhau da Noruega, da Finlândia, nacional, graúdo, bem seco, branquinho, de aroma intenso, asa branca, enfim, bacalhau muito especial, para uma ceia muito especial na companhia de gente muitíssimo especial...Mas, porquê bacalhau e não peru, ou lombo de porco recheado de ameixas, ou pato no forno...Primeiro porque a ceia de Natal é, por natureza e desde tempos imemoriais, uma refeição de "jejum" ou seja, as carnes estão interditas. Por isso, as pessoas usavam os melhores peixes da época, cozinhados de forma mais ou menos ilustre...Só que as terras do interior não tinham acesso ao peixe fresco e o único que se conserva para durar até ao Natal é, precisamente, o bacalhau, que acabou por ser o eleito para a ceia, numa tradição de séculos que foi passando do interior para o litoral de todo o pais, com algumas excepções no norte onde subsiste a tradição de comer o polvo. Aliás, recordo-me de, em casa de meus avós paternos, no Porto, na noite de Natal se comer uma belíssima posta de pescada de Vigo ou, então, de um branquíssimo e altíssimo bacalhau sueco , de lamber os beiços e chorar por mais...Tudo muda e o bacalhau resiste...O nosso fiel amigo!