O Haiti ocupa o terço ocidental da Ilha Hispaniola que é ocupada, nos restantes dois terços, pela Republica Dominicana.Há historiadores que acreditam que o primeiro grande terramoto ocorrido neste país (!) foi em 1 de Janeiro de 1802 e não foi, sequer, uma manifestação telúrica: é a data da proclamação da Independência, por sinal, a segunda ocorrida no Continente Americano, depois dos Estados Unidos. Foi, portanto, um terramoto politico-social do qual o território jamais haveria de recuperar.
Quando os franceses abandonaram a região não havia, no território da nova nação, um tecido social minimamente preparado para os desafios, como não havia estruturas administrativas e as respectivas elites, quadros, cultura politica, industrias, estradas, saneamento, educação escolar, e, por aí fora, a perder de vista... Passados 206 anos, não havia electricidade, salvo no palácio do presidente, no edifício da ONU e no principal Hotel da capital - tudo à custa de geradores próprios e mau grado a frequência dos abalos sísmicos, não havia planos nem pessoal para actuações de emergência, nem reservas de alimentos, combustíveis, água, medicamentos, nada, absolutamente nada como se aquele país (!) vivesse não dia-a-dia mas hora a hora, numa cultura da miséria bem retratada no PIB per capita de pouco mais de UM DÓLAR...
Durante todos estes anos a ONU e os seus diversos departamentos capazes de ajudar em situações como as do Haiti, andaram por aí a assobiar para o ar, assistindo impávidos aos tumultos sociais e políticos que não raro explodiam na zona, em resultado do estado de miséria total a que a incúria de uns quantos condenaram uns poucos milhões de ex-escravos e seus descendentes...O terramoto de há dias é como a cereja do mal colocada sobre 206 anos de escombros!
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