
Um amigo que teve acesso a alguma dessa documentação, contou-me a deliciosa história do capitão de cavalaria que, há muitas décadas atrás, resolveu fazer construir uma moradia que, a preços da época, lhe acabou por custar cerca de 100 contos de réis. Pior, no entanto, foi conseguir a licença para habitar a casa nova: faltava sempre um requerimento, uma assinatura, um carimbo, um parecer, um despacho, uma vistoria enfim, um sem numero de exigências burocráticas que foram esgotando os anos e a paciência do senhor capitão de cavalaria, enquanto a inflação galopante lhe ia consumindo as economias em rendas, a ele que tinha casa própria. Finalmente, a Câmara decidiu que o infeliz militar poderia ocupar a casa desde que mandasse fazer uma fossa... Às portas de um esgotamento nervoso, o nosso capitão lá gastou o que restava das suas economias numa fossa que, com o avolumar da tendência inflacionista dos últimos anos, acabou por custar, imagine-se, 125 contos ou seja, mais do que a própria casa. Julga-se que, por tal motivo, o senhor capitão de cavalaria requereu, finalmente, à Câmara que, face aos custos envolvidos, lhe fosse autorizado morar na fossa e cagar na casa!
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