Todas as noites de S.Silvestre se assiste no Tejo, entre Lisboa e Almada, a um autêntica diarreia de fogo de artificio que provoca uma nuvem de vapores de pólvora, enxofre e outras fragrâncias que, soprada para norte já anda a constipar o bacalhau da Noruega que começa a chegar aos nossos pratos com sabor a queimado...Mas, há dois dias, teria derramado lágrimas de profunda comoção cívica, se me sobrassem algumas do meu choro de raiva semanal por não me saír o Euro-Milhões, ao ver o Presidente da Câmara de Lisboa e a Presidente da Câmara de Almada, a explicarem como é que tinham conseguido o autentico milagre de programar para ambas as margens um espectáculo de pirotecnia que irá custar 25% do que era costume desembolsar só para o de Lisboa...Efectivamente, gastar 200.000 euros em algo que costumava custar 800.000 é obra e como não acreditamos que isso só será possível porque este ano vão fazer tudo com paus-de-fósforo, resta-nos verificar, com espanto, que, afinal, se sempre é possível poupar em tempos de crise estrema, porque diabo não se poupa, também, quando não há crise minorando, assim, os seus nefastos efeitos? Cremos que deste narcisismno esbanjador nenhum autarca escapa da mesma forma que não há ninguém que lhes arranje assento onde devem: nos bancos de réus de crimes públicos...
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