COMENTÁRIO ACERCA DA REPORTAGEM DO
POST Nº 6162, SOBRE O EDEN-PARK...
Amigos, em primeiro lugar, os meus parabéns a este jovem repórter pelo trabalho de qualidade que realizou. Já com a reportagem ao Fortim, ele me encheu as medidas, e agora confirmo a minha opinião muito positiva sobre a sua aptidão para o jornalismo. Soube guiar-nos com mestria de realizador pelo enredo de um autêntico "filme de terror", expressão esta que usou com muita propriedade. Mas tenho de felicitar também o editor do jornal Notícias do Norte por estas iniciativas que vem empreendendo no sentido de mostrar à população da cidade do Mindelo a triste realidade de que ela é também, queira ou não, protagonista. Os mindelenses não serão certamente os "bandidos" deste filme do mesmo modo que não são os "sports", mas desempenham o ingrato papel de uma enorme plateia que assiste ao aniquilamento do "sport" por uma corja de "bandidos" da pior espécie e nada faz senão comer prosaicamente o seu amendoim, tanto nas bancadas como na geral, incapaz de soltar um grito de revolta incontida como nos tempos antigos em que se condoíam com o infortúnio dos bons e gritavam estrondosamente o seu aplauso na hora triunfante da justiça. Sim, os mindelenses tinham o sentido do bem e da justiça e mostravam-se capazes de ser "partenaires" imaginários de todas as cenas do mundo, tal a influência civilizacional que este agora velho e esmifrado Eden Park operou nas suas vidas. Digamos que eram todos "sports" noutros tempos. Mas agora, sem saberem de onde veio o malvado sortilégio, engrossaram também as hostes dos "bandidos". E por que razão o digo. Em primeiro lugar, porque foram muitos mindelenses que invadiram pela calada noite o Eden Park e o esventraram sem dó nem piedade, esquecendo-se de que eram as suas próprias entranhas que violentavam. Em segundo lugar, porque mesmo os que não praticaram tamanha vileza, nada, mas absolutamente nada, fizeram para o evitar. Perguntar-se-á se o poderiam ter feito. Sim, poderiam ao menos ter manifestado publicamente o seu repúdio e a sua indignação, clamando por justiça. Quando alguns cidadãos denunciaram nas páginas dos jornais a vilania que ia perpetrar-se, a mudez foi quase geral, o silêncio e a apatia foram confrangedores. Não houve manifestações públicas, nem denúncias ruidosas que se ouvissem, todos se acolitaram na comodidade do seu buraco. Quando o primeiro indício do desrespeito e atentado contra o nosso património (episódio da Casa Adriana) se fez claro, a maior parte da população pareceu até ter-se congratulado com o que foi decidido pela Câmara e pelo Governo. Faltou-lhes a intuição de outros tempos para perceber que estava na agenda um atentado organizado contra a sua própria identidade como povo livre, orgulhoso e altaneiro, que sempre foi.
Agora, aguentem...
Um abraço de solidariedade a todos num momento de luto que parece estar a tornar-se um estigma.
Adriano Miranda Lima
Sem comentários:
Enviar um comentário