1886
ARCHIPELAGO
DE CABO VERDE
ILHA
DE SANTO ANTÃO
(AGRICULTURA)
Conclusão 1
Referimos no artigo
antecedente as plantas indígenas da ilha de Santo Antão mais importantes como
elementos de riqueza publica. Agora vamos mencionar, d’entre as que alli tem sido
introduzidas, aquellas que por sua valia devem ter a mesma classificação.Estas plantas, depois
da mandioca, de duas qualidades de milho (branco e amarello), de muita
diversidade de feijão, de inhames e batatas, são a canna de assucar, o café, o
tabaco e o cacto e da cochonilha.A introdução da canna
de assucar (sacharum officinalis), é
de mui antiga data. Modernamente foi introduzida, primeiro na ilha de S. Nicolau,
e depois na ilha de Santo Antão, a canna chamada de Guienna (sacharum sarioluteum). Esta espécie
oferece a grande vantagem de se cultivar em terreno de sequeiro. Com quanto
tenha tido algum desenvolvimento na ilha de Santo Antão a cultura da canna, o
assucar e a aguardente, que d’ella se extrahem, são consumidos na mesma ilha,
em razão da sua qualidade inferior. A produção de aguardente, ascende alli 400
pipas por anno.
Foi a ilha de S.
Nicolau a primeira do archipelago de Cabo Verde em que teve começo a cultura do
café, que alli se introduziu no anno de 1790. A sua introdução na ilha de Santo
Antão efectuou-se já no correr do seculo
actual.Não obstante possuírem estas duas ilhas muito terrenos adequados á plantação do café, e apesar de o produzirem tão bom como o da ilha de S. Thomè, e quasi rival do de Moka, correram debalde bastante annos para o desenvolvimento d’estta util cultura. Porém, modernamente, tem tido algum impulso, que, se não è tal qual devêra ser, é, todavia, grande em relação ao tempo em que este ramo de agricultura, tão prometedor, esteve inteiramente estacionário n’aquellas duas ilhas. Em Santo Antão vae agora em notável progresso esta cultura ao longo das principaes ribeiras, que cortam e fertilisam, e o café que ahi se cria tem fama de ser o melhor de todo archipelago de Cabo Verde.O tabaco é outra planta que podia também só de per si felicitar as ilhas de Cabo Verde, onde nasce espontaneamente, crescendo com rapidez e vigor, embora desajudado dos homens. O melhor é das ilhas do Fogo e de Santo Antão: porem atè há pouco só se cultivava n’estta ultima ilha, e em mui pequena escala. Diversas amostras, que d’alli vieram ha jà annos e por diferentes vezes, sendo enviadas pelo governo á fabrica de Xabregas, foram ahi classificadas, depois de minucioso exame, eguaes aos tabacos de segunda qualidade de Kentucky e da Virginia. Nessas ocasiões offereceram ao governo os caixas geraes do contrato do tabaco comprar anualmente alguns milhares de arrobas do tabaco egual ao das referidas amostras pelo mesmo preço por que pagavam aquellas duas qualidades dos Estados Unidos da America.
Que melhor incentivo se poderia desejar para a propagação de uma planta, que, dispensando os trabalhos da cultura, apenas exigia desvelos e algum trabalho na colheita, sècca e preparação das folhas; que melhor incentivo, dizemos, que a perspectiva de um mercado prompto para receber taes productos, mediante um preço lisonjeiro antecipadamente estipulados? Pois de nada serviu o incentivo nos primeiros tempos decorridos posteriormente. Depois de algum incremento, não grande, foi tendo aquella industria. Melhorou-se a cultura do tabaco e a preparação das suas folhas. A exportação na actualidade é pequena., mas tornar-se-há importante sem dúvida, logo que os habitantes de Santo Antão reconhecerem pela experiencia as grandes vantagens que d’alli lhes podem resultar…
Continua
I.De
Vilhena Barbosa
Colab. A.Mendes
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