1886
ARCHIPELAGO
DE CABO VERDE
ILHA
DE SANTO ANTÃO
(AGRICULTURA)
Conclusão
Criam-se na ilha de
Santo Antão todas as espécies de gados que temos em Portugal. As espécies mais
abundantes são as do gado vaccum e cabrum, alli introduzidas pelos primeiros
donatários da ilha, e que por longos anos constituíram ahi o unico ramo da
industria., tirando o creador rendimento da carne salgada e das peles que
exportava. Este commercio, posto que muito reduzido! O fornecimento de alguns
bois para refresco dos navios que aportam a esta ilha ou a de S. Vicente; e o
consumo que os habitantes fazem da carne de cabra, é o que entretem ao presente
aquella criação. Os bois de Santo Antão são pequenos, mas muito fortes, e a
carne, em virtude das boas pastagens é excelente.
Tambem se criam
n’esta ilha as princiapaes espécies de aves que ha no reino.
Nas montanhas
limita-se a caça a cabras montezas, sendo esta ilha a única do archipelago em
que se encontram estes animaes. Na caça do ar é que ha algumas variedades.
Podem-se percorrer os logares mais selvagens e recônditos da ilha sem receio de
se encontrar fera nem serpente.
São muito piscosos os
mares em volta de Santo Antão. Além de não poucas variedades de peixes
saborosos, taes como o cherne, a dourada, o pargo, a bicuda (especie de
pescada), o salmonete, a sardinha e outros, e tambem algumas especies de
mariscos, abundam aquellas aguas nos cetaceos que mais enriquecem o commercio,
pelos produtos que d’elles extrae a industria. Infelizmente, não se empregam
n’esses trabalhos braços portuguezes, nem fica a estes partes alguma nos lucros
que d’ahi resultam. Tem bandeira ingleza e dos Estados Unidos da America os
navios que andam continuamente n’aquelles mares empregados na pesca na pesca
das balêas e dos cachalotes. Tambem acodem aqui grande quantidade tubarões e
toninhas.
São egualmnte ricas
as costas da ilha em tartarugas e d’esta pesca não são os habitantes tão
negligentes. Aproveitam-se para comer da saborosíssima carne deste crustáceo,
bem como dos ovos, tambem fazem d’ella bom azeite para luzes; e vendem a casca
para exportação que, não obstante ser delgada, obtem soffrível preço.
Nas praias d’esta
ilha encontra-se algum âmbar. Não é falta de
riquezas a ilha de Santo Antão no reino mineral. Tem pedreiras de mármore, de
pedra de cantaria e calcarea; e possue minas de ferro, cobre e enxofre. Dizem
que se acham nas suas montanhas topázios, jacintos, granadas e amethistas. Ha
tambem n’ella pedra pomes e várias nascentes de aguas férreas e thermas. São
muito notáveis duas destas fontes, uma porque, mettendo-se n’ella por espaço de
uma hora a pelle não curtida de qualquer quadrupede, despoja-a inteiramente do
pello; e a outra porque o lodo, que está depositado no fundo d’ella, tinge instantaneamente
de preto qualquer pelle curtida que n’elle se enterrar.
Antes de terminarmos
este artigo, diremos aqui, já que o não fizemos em logar mais proprio, que,
quando o curso dos descobrimentos dos portuguezes e dos espanhoes tornou
necessária a demarcação dos limites das novas possessões dos dois povos da
Peninsula Iberica , foi escolhida a ilha
de Santo Antão para servir de ponto de partida d’essa divisoria estatuída pelo tratado de Tordesilhas, entre o nosso
rei D.João II e os reis de Castella Isabel e Fernando, e confirmado pelo papa
Alexandre VI no anno de 1493.A vista da ilha de
Santo Antão, que publicámos, no principio desta serie de artigos, foi copiada
de outra que adorna o bello volume da Africa
Occidental, do sr. Francisco Travassos Valdez. Foi d’esta interessante
obra, bem como dos mui noticiosos Ensaios
sobre a statistica das possessões portuguezas no ultramar, pelo falecido official
da armada portugueza, José Joaquim Lopes de Lima, que colhemos a maior parte
das noticias com que urdimos estes artigos.
I.De Vilhena Barbosa.
NOTA DA GERENCIA,Termina aqui a publicação desta série de artigos sobre as riquezas da Ilha de Santo Antão, factos históricois devidamente atestados por consultores de nomeada...Merece a pena quedarmo-nos um pouco sobre a denúncia da esxistencia de minérios, de mármores, de pedras preciosas e semi-reciosas e indagar se alguma vez se tentou fazer prospecções que confirmassem ou desmentissem, in loco, estas notícias...
Agradecemos ao amigo A.Mendes a colaboração na pesquiza e sistematização destes escritos!
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