Amigos: Concordo que é preciso passar a uma 2ª fase de intensificação da luta, obrigar o PAICV e O MPD a convocarem o debate, marcar o seu calendário, para se definir um roteiro das conversações, um calendário previsível e credível para a instalação da Regionalização em Cabo Verde. Se estivéssemos na Europa punha-se gente na rua numa grande manifestação... Cabo Verde neste aspecto está uma parvónia. Entre 1974 e 1975, até o PAIGC proibir as manifestações não enquadradas pelo regime, conseguia-se pôr a ilha na rua e fazer tremer regimes e esse partido beneficiou disso. Eu sei que JMN o PAICV e talvez o MPD vão-nos fazer suar pelas barbas; PAICV e MPD ‘farão cera’ até que a Regionalização saia da agenda. mas QUE FAZER??!! Alte Pinho disse, e bem: ninguém do sistema vai mexer uma palhinha para que as coisas aconteçam, os Regionalistas é que têm que conquistar o terreno.
Talvez os regionalistas em S. Vicente tenham que pensar nisso mas também aqui a acção tem que ser bem pensada para não redundar no fiasco da manifestação do Ponto de Fuga. Em Cabo Verde, estando minado por partidos/partidarismo, é fácil sabotar uma manifestação e descredibilizar um movimento. A estratégia tem que ser bem pensada.
Os desafios da Regionalização são grandes e a ideia enfrenta fortes resistências por parte do sistema, da sua elite, num país onde a democracia engendrou um novo sistema: Pensamento Único, no qual fundem-se o poder , a ‘oposição’ e as elites dominantes. Os poderes políticos em Cabo Verde parecem viver numa redoma de retórica, fechados no mundo das ilhas... Praticam o autismo e o protecionismo como método. Fogem dos verdadeiros debates.
As elites (os interesses instalados) estão em geral votadas à causa do centralismo e opostas a uma democratização do país, actuam como verdadeiras forças de bloqueio, conservadoras ou reaccionárias e opõem-se a qualquer reforma do sistema que corresponda a uma maior participação das populações. Quanto à mutação progressismo/reacionário o filósofo francês Jean Louis Talmon, recentemente, numa entrevista ao jornal Libération (França) caracterizou o leninismo/estalinismo que formatou toda a nossa elite da seguinte maneira: trata-se de um progressismo que se transformou em reacção a contragosto : aspira-se a uma sociedade futurista, mas, para realizar este projecto, usa-se uma politica arcaica uma espécie de religião.
A descentralização lesa, à primeira vista, os interesses fundamentais da elite e o centralismo parece na realidade um grande negócio da nação ou da ilha-capital. O tema é visto com desconfiança pela sua envolvente ideológica e mesmo com contornos etno-culturais representando uma batata quente, mesmo para os que se declaram mais liberais e democratas do que todos.
Não é todos os dias que ouvimos de dirigentes de um país afirmar ( e não seria em Cabo Verde): « A centralização tal como existe actualmente constitui uma forma de governo, uma estrutura de organização política arcaica, paralisante, ultrapassada, que não responde às exigências da vida moderna e da competitividade entre as nações evoluídas » ou “Não queremos mais exercer tutela sobre as colectividades eleitas ». Na realidade o que parece faltar em Cabo Verde é vontade política para debater problemas reais do país e discutir reformas. Em Cabo Verde o Centralismo e a Democracia recomendam-se !!!!
Abraço
José
Muito já escrevemos sobre este tema (principalmente o José Lopes), mas eles assobiam para o lado. Prometem um debate ao mesmo tempo que apontam as inconveniências da regionalização ou qualquer reforma que altere o status quo. E fazem isso porque sabem que a cidadania é fraca e pouco actuante. Mas o José acredita no ditado que diz: água mole em pedra dura tanto bate até que fura. E o José é daqueles que acrescentam densidade à água.
ResponderEliminarPor isso lhe dou - e sempre darei - cobertura, nesta minúscula janela por onde só cabe um mero raio de luz que pode, pela constancia e pela consistencia, gerar auroras boreais... De uma floresta se podem fazer milhões de fósforos mas basta um para destruír a floresta!
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