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sexta-feira, 4 de abril de 2014

[6764] - A HISTÓRIA DA...BUNDA...

 
Os responsáveis pela bunda (como é conhecida na actualidade, referindo-me ao conceito contemporâneo de bunda, ou seja, a bunda como ela é) são os africanos. Mais especificamente, os angolanos e os cabo-verdianos. Para ser  mais preciso ainda..., as angolanas e as cabo-verdianas.
Foram elas, angolanas e cabo-verdianas, que, ao chegarem ao Brasil durante as trevas da escravatura, revolucionaram tudo o que se sabia sobre bunda, até então. Foi assim: naquela época, a palavra bunda não existia. Os portugueses, quando queriam falar a respeito das nádegas de uma cachopa, diziam, exatamente isto: nádegas, ou região glútea (tanto fazia).
Aí, os escravos angolanos e cabo-verdianos chegaram ao Brasil. Só que eles não eram conhecidos como angolanos nem cabo-verdianos.
Eram os “bantos”, chamados bundos, e falavam o idioma "ambundo", ou "quimbundo"- a língua bunda, enfim. Os bundos, em especial as mulheres bundas, possuíam a tal região glútea muito mais sólida, avantajada, globosa.
Os portugueses, que não são parvos, logo deitaram os olhares para as nádegas das bundas (das mulheres bundas). Quando alguma delas passava diante de um grupo de portugueses, vinham logo os comentários: “Que bunda!” (referindo-se, claro, à africana, não à bunda, propriamente dita, da africana...). Em pouco tempo, a palavra bunda, antes designação de uma língua e de um povo, passou a ser sinônimo de nádegas. E assim nasceu a bunda moderna.
 
COMENTANDO...
 
Repasso pela graça que isto tem, mas a meu ver há um erro histórico que comete quem dá a explicação. Naquele tempo, não havia ainda propriamente o "cabo-verdiano" como povo dotado de características próprias. Cabo Verde funcionou como plataforma de escravos originários de África, que a partir do seu território eram distribuídos para vários destinos. Assim, é errado dizer que os escravos que partiam das ilhas, depois de alguma aclimatação, eram "cabo-verdianos", a não ser para referenciar a origem do transbordo. Nas ilhas, ficavam escravos para as necessidades internas da colonização e só com o passar do tempo é que começaram a constituir a génese do povo cabo-verdiano. Contudo, sabe-se que, em casos pontuais, escravos já radicados nas ilhas, inclusive de gerações posteriores, chegaram a ser revendidos para outros destinos, quando os seus donos deixaram de ter recursos para os manter ou aproveitar com rentabilidade económica. Mas crê-se que em número pouco significativo (muitos fugiam para o interior das ilhas) e mesmo assim sem se poder ainda classificá-los rigorosamente como "cabo-verdianos", porquanto não seriam ainda produto da miscigenação que caracteriza dum modo geral o fenótipo do povo das ilhas, ou então o processo estaria ainda numa fase incipiente. Por outro lado, o cabo-verdiano não deriva predominantemente de povos bantus, mas sim de povos da África Ocidental mais próxima.
Ou alguém tem uma opinião diferente?
No entanto, os genes africanos tiveram essa virtude de proporcionar boas bundas a alguns tipos das nossas mulheres. "Lovera Deus", diga-se de passagem.
 
Adriano Miranda Lima

7 comentários:

  1. A Imigração :
    1864 (6 de Outubro) A barca Susan Jane chega a New Bedford com as primeiras mulheres imigrantes cabo-verdianas, terminando uma tendência de imigração exclusivamente masculina com mais de um século... Esta data é o inicio da comunidade cabo-verdiana nos Estados Unidos:

    O Brasil só queria e admitia homens!
    ...

    Dois apontamentos curiosos sobre a escravatura em CV:

    " Em 1835 (26 de Dezembro) Escravos de Santiago convergem sobre a Praia e começam a atacar as pessoas com o intuito anunciado de " matar todos os branco donos de terras". A pelaram a todos os "pobres livres" que se lhes juntassem e juntos " tomariam posse da ilha" . Um relatório preparado pelo Juiz local afirma que os escravos tencionavam obter a sua liberdade e para isso determinaram matar os seus Senhores e a seguir embarcar para a Guiné"
    ...
    1582 - A conta das ilhas de Cabo Verde, de Francisco Andrade, fornece provas do crescimento das comunidades de escravos em Cabo Verde / Fogo e Santiago : 13.408 pessoas, em categorias. Estas incluem 508 "vezinhos" (habitantes) donos de 5.000 escravos, e 200 rendeiros, donos de 1.000 escravos. Os colonatos no interior eram compostos por 600 brancos e pardos (de sangue misto) 400 negros livres e casados e 5.00 escravos. A população do Fogo era dada como sendo de 300 rendeiros e 2.000 escravos. Apenas 12,7% dos habitantes de Santiago e do Fogo eram pessoas livres"
    ...
    Finalmente ao tempo no Brasil:

    Mulher cabo-verdiana não dizia bunda, não!
    " Os africanos continentais, forçados à submissão e levados para Cabo Verde, eram dos povos Balanta, Papel, Bijagó e Mende, da costa da Guiné"...

    Boas Vistas Pra Bundas e Bom fim de Semana

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  2. Respostas
    1. Sinceramente, não atino com o quer dizer, Adriano Lima, com "Estamos então conversados".
      Será que dá para "explica pra mim" ?

      Bom Fim de Semana

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    2. Senhor A. Mendes, espero que aceda ao comentário que inseri depois de ler a sua observação. Afinal, o que apenas quis dizer é que estávamos em sintonia sobre os aspectos do texto que me suscitaram dúvidas.

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  3. A estória é engraçada mas tem um ponto que gostaria de apontar. Dizer "os escravos angolanos e cabo-verdianos chegaram ao Brasil" não me parece correcto. Quem chegou foram africanos - angolanos e caboverdeanos (?) - escravizados. Dizer "escravos angolanos", "portugueses" e "brasileiros" é como dizer que os povos de Angola sempre foram escravos como uma condição natural como quem nasce em Portugal é português.

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  4. Bom temos aqui um germe de um debate sobre a história de CV. Não me pronuncio pois sou leigo nesta matéria, mas estou convencido que depois de toda a poeira ideológica r emocional que se instilou em CV a partir dos anos 70 se assentar, voltar-se-á ao ponto em que ficaram os Claridosos nos anos 60 e fazer uma abordagem séria, sã e científica (despida de toda a leviandade) da problemática de CV, a questão da escravatura, a miscegenação etc. Por enquanto não há condições para isso: mas elas se criarão

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  5. Não senhor, amigo A. Mendes, nada de mal-entendidos. Expressei-me mal, o que quis dizer é que a explicação que deu sobre a origem geográfica dos escravos que ficaram em Cabo Verde (povos da Guiné e não bantos, como referiu o autor dom mail) veio corroborar a observação que fiz a esse respeito. No mais, acrescentou factos de interesse que completa a informação. Peço desculpas pela minha desleixada expressão.

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