CABO VERDE - SINALÉTICA PARA MALAS DE
CORREIO
“ Em 1889 a
Administração dos Correios decidiu introduzir um sistema de sinalização que
informasse os utentes do serviço postal sobre o encerramento das malas de
correio das estações e delegações dos correios da Província, facilitando assim
uma informação importante, e reduzindo substancialmente o tempo dispensado
pelos funcionários postais na prestação de informações, num período em que se
encontravam muito ocupados com a execução das tarefas respeitantes a esse
encerramento.
O sistema baseava-se no
hastear, nas estações e delegações postais de bandeiras (sinais) que
sinalizavam o fecho das malas. Era composto por 17 bandeiras (sinais) que
indicavam a terra ou o país destinatário da mala anuncia.
Existia uma bandeira específica
para cada um dos destinos da mala de correio. As bandeiras içadas no topo do
mastro sinalizavam a formação da mala para o país ou terra a que correspondiam.
Quando a bandeira era hasteada a meio mastro era indicativo de que estava a
proceder à tiragem nas caixas postais, com vista ao encerramento da mala anunciada.
Quando as bandeiras eram arreadas sinalizava-se o fecho da mala do correio.
Quando houvesse mais de
uma mala a fechar e para destinos diferentes, eram içadas tantas bandeiras quanto
os destinos e malas a fechar, entendendo-se que a bandeira do topo do mastro
era a primeira a encerrar.
Cerca de dois anos
depois, por aviso publicado no Boletim Oficial nº. 10 de 7 de Março de 1891 a
Administração dos Correios de Cavo Verde altera a sinalética, pela redução do
número de bandeiras a utilizar, e alargando-a também para chegada das malas.
O novo sistema regia-se
pelas seguintes instruções:
. A bandeira
correspondente à chegada das malas era colocada por uma hora.
- O Sinal de saída da
mala era colocado por 5 horas do seu encerramento.
- Quando houvesse mais
de uma mala a sair ou chegar, colocavam-se as bandeiras umas após outras,
indicativas do destino e por baixo a bandeira do destino.
. Logo que expedisse
uma mala de correio anunciada, arreava-se a respectiva bandeira de destino.
Justificava-se a
Administração (pela alteração da sinalética) de que por razões regulamentares a
utilização das bandeiras como anúncio, não dispensava a afixação dos avisos mod.
191 que indicavam o nome da embarcação e a hora de encerramento da mala, e que
as bandeiras agora adoptadas eram em menor número e prestavam menos informação,
não permitindo saber com precisão o destino do país ou terra da mala anunciada,
sem leitura dos avisos referidos.
Esta foi a única Província Ultramarina que usou semelhante
sistema sinalético…
Cabo Verde sempre
diferente!
Boletim Oficial de Cabo Vede nº. 10 de 7 de Março de 1891
Oficio nº. 51 de 15.03. 1891 do Correio de S. Vicente.
Pesquisa de A.Mendes
Sim, não há dúvida que Cabo Verde foi sempre diferente. Havia outra sinalética, na Capitania dos Portos, um balão negro que se içava quando do Porto Grande se aproximavam os vapores, cuja presença na sua aproximação à ilha já tinha anteriormente sido assinalada a partir do djéu. Esta era uma das tarefas em que a sala do topo da Capitania (divisão única) tinha grande importância, sítio que era de sinaleiros, Manel "Bronque" e Manel "Pritim", meus amigos inesquecíveis.
ResponderEliminarBraça capitaneal,
Djack
Desconhecia este procedimento e é curioso que fosse exclusivo de Cabo Verde. Pena é este blogue não chegar a todos.
ResponderEliminarQuando vi esta sinalética, bem me pareceu que era um déjà vu. Só agora, ao consultar o "Almanach Luso-Africano" de 1895 (edição Almedina de 2011), de onde retirei a "stóra d'tchuc" que publiquei no Pd'B vi que tinha sido precisamente ali (p. 29) que tinha visto as bandeirinhas (não as coloridas mas a preto e branco). Criado o decreto em 1891, como se diz no Arroz, em 1895 o assunto ainda continuava a ser divulgado, aqui como "Tabella de signaes de procedencia, chegada e sahida de malas".
ResponderEliminarBraça com fumo de vapor,
Djack
Isso de datas em livros dá direito, por vezes, a equívocos... Boletim Oficial é que manda!
ResponderEliminarSeria interessente contar a história do autor dos dois Almanach-Luso-Africano, Padre António Manuel Teixeira, na época o único Cónego Cabo-verdiano.... mais tarde excomungado! -
... Em 1911 era o páraco de Nossa Senhora da Luz.... Os dois almanaques foram escritos no "exilio" em S. Nicolau...
(A foto vai em separado)
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