Páginas

quinta-feira, 8 de maio de 2014

[6880] - PORTUGUÊSMENTE FALANDO...



Ainda no rescaldo das celebrações do Dia da Língua Portuguesa e da Cultura na CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa)...

Interessante é que não dei conta, que tivesse havido a nível das escolas do país alguma comemoração especial, diferenciada, para o Dia da nossa Língua segunda, oficial e veicular do ensino?!...
Sei que a importância da Língua portuguesa, foi celebrada na cidade da Praia, em actividades conjuntas, no Centro Cultural Português, com a Academia Cabo-verdiana de Letras e com o Centro de Língua Portuguesa da Universidade de Cabo Verde. A Rádio Nacional, através do programa o professor e do Jornalista Daniel Medina – que mantém também uma rubrica radiofónica semanal: «Língua Viva» com questões sobre a Língua portuguesa – que entrevistou alguns membros da ACL sobre a importância da Língua comum da CPLP, em Cabo Verde. Na cidade do Mindelo, o Centro Cultural Português local, vem celebrando a Língua portuguesa e a cultura lusófona e assim se seguirá até ao final do mês, com actividades culturais, ludo/artísticas na nossa língua segunda. Na minha opinião, o falante jovem cabo-verdiano escolarizado, ou em processo de escolarização, infelizmente, padece actualmente de uma contracção, de um acanhamento linguístico ( a ausência da Língua portuguesa nos seus hábitos académicos) e de um definhamento no seu raciocínio lógico / dedutivo que a língua veicular do ensino lhe proporciona. Estes são entre outros, os males de que enfermam gravemente, o nosso sistema de ensino/aprendizagem.
Tendo em 2014, atingido um máximo já insuportável, com o Brasil a exigir melhor preparação na língua comum, aos candidatos cabo-verdianos às suas universidades, os quais, não têm um português capazmente – em termos de expressão oral e escrita – para perceber, descodificar e deduzir os cursos ministrados nas instituições académicas daquele país, a que os nossos estudantes concorrem. Ao que isto chegou! É de bradar aos céus!
1 - Seria bom reflectirmos seriamente da importância da prática oral e escrita da nossa língua segunda, pois que o português vem ganhando uma expansão e uma procura neste século, a todos os níveis notáveis. O seu valor económico, como língua de negócios, disparou. A Língua portuguesa ocupa o 6º lugar entre as Línguas do mundo mais procuradas actualmente para negócios. A Língua portuguesa é hoje, a Língua mais falada no hemisfério sul.
2- Entre as 20 Línguas mais faladas no mundo e de acordo com os dados do Observatório da Língua portuguesa, ela ocupa o 4º lugar.
3- Um dado interessante, o Japão aspira ser membro observador da CPLP, e o ensino da Língua portuguesa que já é significativo na China, conhece actualmente, o mesmo no Japão.
4- Outro dado interessante é o contributo do fenómeno futebol, na procura e na demanda da língua portuguesa. A próxima Copa mundial no Brasil, está a ser também responsável por isso. Igualmente, tal já havia acontecido na Copa africana na África do Sul com as equipas de Angola e de Cabo Verde.
Logo, os jovens cabo-verdianos só terão vantagens em expressarem-se em português.


Se hoje somos mais de 250 milhões de falantes da Língua portuguesa, o Observatório da Língua, estima que num curto horizonte temporal, (2020) este número subirá para 400 milhões, o número de falantes do português.
Só espero, que os falantes cabo-verdianos arrepiem caminho nesse “abandono” do português como língua viva de comunicação, e não venha mais tarde, com a expansão e a difusão que está a ter a nossa língua comum, exclamar pesarosa e arrependidamente: “… Olha, afinal, nós já a tivemos, já a falamos esta rica língua! “... Abrenúncio! Espero que tal nunca venha a acontecer.


Drª Ondina Ferreira


6 comentários:

  1. Assunto muito importante foi aqui levantado pela autora deste Blog. Já tinha notado esta diferença nas entrevistas que os Jovens cabo-verdianos concedem aos Órgãos de Comunicação Social, que transmitem para exterior. É muito importante usar a nossa Língua Materna, mas nada de exageros. Porque o uso da língua Kriola, nas entrevistas dirigidas para os residentes e não residentes só será entendida pelos Cabo-verdianos na Diáspora e talvez pelos seus descendentes. Eu próprio erradamente contribuí, para que os meus filhos aprendessem apenas a Língua Portuguesa e outras Europeias, Graças a Deus, que dos meus três filhos só um deles não sabe falar a Língua do meu país Natal, embora entenda alguma coisa. Por isso penso que será sempre Bom falar a língua Portuguesa na RTPA, porque podemos alcançar Centenas de Milhões. Mas esse défice não é de Hoje, muito obrigado pela oportunidade.

    ResponderEliminar
  2. O grande problema é, por vezes, as pessoas confundiram as coisas: linguas de comunicação, são uma coisa, linguas de formação são outra...Os caboverdianos devem, sempre, saber os crioulos das suas e doutras ilhas, com o elemento de comunicação entre si mas têm, forçosamente, que ter uma segunda opção para comunicar com o exterior e para a sua formação académica...Essa opção é, sem dúvida, a língua portuguesa até porque é dela que derivam os crioulos que se falam em Cabo Verde...
    Obrigado pela sua visita e contamos te-lo, por aqui, noutras ocasiões...
    Mantenha!

    ResponderEliminar
  3. A deixar o país entregue a aprendizes de feitiçaria dá nisso. Não mais digo.............

    ResponderEliminar
  4. A questão da dualidade Crioulo Língua Portuguesa é um assunto para ser tratada com muita cautela e exige várias abordagens politicas, sociológico/científicas e históricas. Eu não acredito que disponhamos de meios técnico-científico humanos, nem de instituições credenciadas, para tratar o assunto, embora se tenham eleitos à pressa e para os benefícios da causa, falsos especialistas e doutores adocs.
    Mas da maneira como o assunto foi abordado criaram-se muitos ‘macaquinhos’ na cabeça das pessoas e não há racionalidade no debate. A piorar tudo foi a deriva populista de JMN que deu cabo de tudo, ao politizar uma questão tão séria, convencendo as pessoas de Santiago que deixar de praticar o português, substituindo por da ca aquela palha, um Decreto, o Crioulo pelo Português, era uma acto de libertação. Bom o problema com isto é que as pessoas das outras ilhas nunca poderiam substituir o seu crioulo e o português, por uma única língua oficial, a variante badia. Abriu-se a caixa de Pandora!!!

    ResponderEliminar
  5. Belíssimo e oportuno trabalho da Dra. Ondina sobre a língua que nos permitiu estudar com bons mestres e muitos livros de categoria. Tempos bons.

    Agora tenho pena de muitos que conseguiram o diploma. Mas pior mas pior está por vir.

    Que Deus nos acuda !!!

    ResponderEliminar
  6. Sobre isto, temos vindo a escrever publicamente desde há anos, sobretudo desde que veio a lume a estapafúrdia ideia ​de um certo ministro da cultura de querer eleger o crioulo a língua oficial e de Estado. Eu próprio, não sendo linguista, escrevi vários artigos de teor idêntico a este da Ondina, donde se pode dizer que as nossas vozes vêm desde há alguns anos manifestando-se num deserto de surdos e ignorantes e em que alguns pantomineiros armados em iluminados nos vaiam irresponsavelmente.
    Chega a ser humilhante e vergonhoso que o Brasil chegue a essa triste constatação a nosso respeito, coisa que por certo ainda não aconteceu nem irá provavelmente acontecer com os outros PALOP africanos.
    A tacanhez mental de alguns cabo-verdianos provoca-me tanta raiva que às vezes até me dá vontade de lhes pregar umas valentes pauladas nas costas.

    Abraço

    Adriano

    ResponderEliminar