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sábado, 5 de julho de 2014

[7127] - FOI HÁ 39 ANOS...


 No dia em que se completa mais um aniversário da Indepenência de Cabo Verde, venho saudar as terras e as gentes que, desde muito jóvem, aprendi a amar, já lá vão 71 anos, e onde ainda mantenho familiares e amigos, que cultivo como quem cuida do mais precioso que há na vida - a amizade e o respeito pelo próximo...
E porque considero Cabo Verde, principalmente S.Vicente e o Mindelo, a minha segunda Pátria, peço vénia ao amigo Djack para transcrever o que ele editou no seu Blog "Praia-de-Bote", a propósito de mais este aniversário...
 
"Tenho muitos familiares e amigos, cujas casas frequento e que vêm à minha. Porém, nunca nenhum, nem eu, dissemos uns aos outros, na hora de atravessarmos a porta dos mútuos lares: "Queres entrar? Pagaste a taxa? Mostra lá se tens visto!"
 Mas se um meu irmão cabo-verdiano ou eu quisermos entrar em Portugal ou Cabo Verde, temos de desembolsar uma boa quantia, eufemisticamente dita "visto", coisa de miserável teor para quem tem no sangue tantos genes comuns. Resumindo, um reles e vergonhoso autocolante ou marca de carimbo no passaporte, para lá e cá os governos arrecadarem uns cobres...
 Porque tenho eu de pagar um visto para entrar em Cabo Verde? Eu, que da primeira vez que lá voltei, até fui no aeroporto do Sal para a fila dos nacionais, esquecido de era estrangeiro? Porque tem um cabo-verdiano de fazer o mesmo quando aqui vem, àquele Portugal que é tão casa sua como a das suas ilhas? Raios, porquê? Mas porquê?
Aqueles rapazes engravatados da Praia e os seus correspondentes de São Bento, que se fartam de apregoar que somos irmãos (e somo-lo de facto), nunca mais acabam com esta aberração? Lembraram-se há pouco os da Praia de o fazer relativamente aos moçambicanos e vice-versa. É um princípio. Mas que diabo… para quando o mesmo entre a velha terra dos lusos e as ternas ilhas da morabeza? Para quando? Para quando? Mas, para quando?..."

7 comentários:

  1. Na verdade, abomino essa idiotice chamada "visto", entre gente da casa. Dentro dos PALOP, acho inconcebível. Cabo Verde e Moçambique já trataram do assunto entre si. Acordaram, perceberam como a coisa era completamente estúpida. Esperemos pelos restantes, incluindo Portugal. Esperemos... mas entretanto, sentemo-nos!...

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  2. O anónimo anterior, claro que sou eu, Djack

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  3. A independência de Cabo Verde só terá eco total no coração dos seus filhos quando deixarmos de presenciar as cenas ultrajantes que foram filmadas e divulgadas em youtube: pessoas da ilha da Boavista a partilhar com porcos à solta restos de comida no lixo despejado ao ar livre por hotéis de luxo. Cenas dessas ocorrem um pouco por todas as ilhas, sobretudo na periferia do arquipélago.
    Enquanto situações desta natureza perdurarem nas nossas ilhas, os cabo-verdianos não terão grandes razões para ouvir estalejar foguetes no terreiro, porque o risco é ficar abafada a voz da consciência. E a consciência é aquilo que nos resta para reflectirmos sobre nós próprios e definir o que queremos e podemos todos fazer, em conjunto, para que não haja mais lugar ao opróbrio daquelas cenas. Não é só ao governo e aos partidos que incumbe a tarefa do esforço nacional. Todos nós somos necessários para o “juntamom” .

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  4. Também acho. Ninguém piou, a não sermos nós três... Suponho que o pessoal considera o seguinte: "Como pago visto, ninguém ali (Cabo Verde ou Portugal) poderá pôr-me na rua ou recambiar-me para casa, ante de ele expirar, mesmo que eu faça asneira", ahahahahahaha Parece mesmo que o pessoal acha piada ao "visto", que gostam daquilo. Pois eu, não e não é pelo montante do mesmo, que afinal também conta, mas sim pela ignomínia de me fazerem pagar por entrar num país de irmãos meus.

    Braça de ódio ao visto,
    Djack

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  5. Pois é, Djack, mas e o resto? O que está antes do visto e meti como provocação?

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  6. O filme é de tal maneira horroroso e mostra um relato tão vil que nem tive coragem de o colocar no blogue, num dia de festa em que se comemorava a aniversário da independência. É indescritível, embora, claro, excepcionalmente documental. Tem muito a ver com a hotelaria praticada no Sal e na Boavista que não foi feita para servir as populações locais mas sim gente que nem sequer vive nas ilhas. Aliás, tenho desencorajado todos os meus amigos desejosos de Cabo Verde de irem para hotéis desse tipo "tudo lá dentro" e depacho-os para outras paragens do arquipélago, mais nacionais, mais cabo-verdianas, mais populares, mais genuínas. Claro que depois há outras variáveis a considerar, quando vemos aquelas pessoas a chafurdar, desesperadas, junto aos tchuc. Mas esta é uma das mais significativas.

    Entretanto, o filme eclipsou-se do meu computador. Se alguém mo mandar de novo, será colocado no Pd'B logo que eu regresse do exílio de "deportados" a que me devotei. Aliás, o artigo está quase pronto, faltando uma meia página.

    Braça sem cmida d'tchuc,
    Djack

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