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quarta-feira, 10 de setembro de 2014

[7374] - ERA UMA VEZ, S.VICENTE - (3) ...


Em 1839 consegue o tenente da marinha inglesa, da Companhia das Índias, John W. Lewes, permissão para essa companhia (East India) estabelecer no Porto Grande depósitos flutuantes de carvão, para abastecimento dos seus navios.
Honório Pereira Barreto, da Guiné, que muitas vezes a governou e a quem aquela Colónia tanto deve, chegou a contratar a construção dos novos edifícios, que permitiriam a mudança da capital, mas não pôde levar a cabo o seu plano.
Por fim, convencido Sá da Bandeira de que só com bons capitais se poderia levar a cabo o plano da mudança da sede do Governo, não pensou mais no Mindelo, que só por si se desenvolveu, embora lentamente, chegando à importância que hoje tem.
Em 1849 trabalha-se ainda neste projecto, tendo João António Martins proposto, mediante vantagens, construir os edifícios para a sede do Governo.
O Governador-geral João Fontes Pereira de Melo, que, a quando da primeira tentativa, fora desfavorável, manifesta em 1840/50 a necessidade da capital ser mudada.
Os Pusich, bem como o Governador, F. J. Barreiros, muito trabalharam também nesse sentido. É interessante a memória que em 1850 Jerónimo A. Pusich dirigiu ao ministro, sobre as vantagens de se desenvolver S. Vicente.
A população aumentava consideravelmente, pelo que, desde 1840, tinha sido elevada à categoria de Vila. De facto, a navegação anima-se extraordinariamente por começar o Porto Grande (1840) a ser frequentado pelos vapores da carreira das Índias e pelos da Mala Real Inglesa, a cuja companhia o Governo, por portaria régia de 18.11.1850, permitiu estabelecer um depósito de carvão.
As atenções do cônsul inglês, John Rendell, fixam-se no belo porto de S. Vicente. Na história de Cabo Verde, este nome acode de quando em quando. John Rendell, que conta ainda, descendentes em S. Vicente, nunca residiu, apesar de cônsul, em S. Tiago. Viveu na Boa Vista, donde transferiu a sede do consulado para S. Antão e, por fim, para S. Vicente, por ordem do governo britânico.
A navegação de longo curso, aumentando mais e mais, provoca um acréscimo de população trabalhadora e, em 1874, é a Vila do Mindelo elevada à categoria de cidade, sendo hoje a mais importante do arquipélago, com uma população que não deve ser inferior a 17.000 habitantes.
Esta prosperidade do Porto Grande deve-se e começa com o estabelecimento dos depósitos de carvão. Vejamos como o põe em evidência o Coronel João de Almeida, no seu notável trabalho intitulado “Plano de melhoramentos para valorizar o Porto Grande”, publicado nos números 3 e 5 do Boletim da Agência Geral das Colónias (1925): “ Antes da abertura do canal de Suez, toda a navegação da África, toda a do Oriente, da Austrália e da América do Sul seguia nas suas rotas, pelos mares de Cabo Verde, não havendo outro porto onde os vapores se pudessem reabastecer de carvão. E, assim, aos depósitos flutuantes, dos próprios veleiros de transportes, acrescenta a Royal Mail, autorizada por p.p. de 1 de Março de 1850, mediante o pagamento de direitos da pauta, o primeiro depósito em terra, passando os navios, tanto nacionais como estrangeiros, a ser isentos do direito de tonelagem e sendo a Alfandega de S. Vicente elevada à 1ª. classe. A partir desta data, a importação do carvão e a frequência da navegação foram crescendo, paralelamente, com incremento da navegação a vapor”…
( A seguir: O historial das companhias carvoeiras)
João Gomes da Fonseca
Separata do nº. 45 – Março de 1929
“Boletim da Agência Geral das Colónias”


Pesquisa de A.Mendes



3 comentários:

  1. A imagem, bastante conhecida, é muito curiosa, em parte idealizada. Gostava de poder ler o nome do ilhéu: "Monte...."

    Braça são-vicentina,
    Djack

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    1. Não consigo decifrar, nem com a minha lupa de filatelista...

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