Parece que a problemática da "oficialização" da língua crioula de Cabo Verde regressou ao debate publico ou, se preferirem ao duelo público...E escrevemos "duelo" porque nos parece que as pessoas são incapazes de pensar e falar deste assunto com um mínimo de distanciamento ideológico, mau grado - como já vi escrito - a oficialização ser "um acto político"...Não discuto que o seja, mas a língua de um povo não se impõe por decreto!
E, para encurtar razões, atente-se na particularidade que parece estar ausente da maioria dos "bate-bocas", que, em Cabo Verde, não há UM crioulo para ser oficializado: HÁ VÁRIOS...
Há, pois, um longo caminho a percorrer, no domínio da ciência da linguística - e já se perderam 40 anos em discussões estéreis - antes do pronunciamento político sobre o assunto espelhar as reivindicações dos mais de 900.000 cabo-verdianos espalhados pelo mundo!
Andam por aí vozes que se assemelham àqueles árbitros de futebol que, na ânsia de parecerem imparciais, acabam por prejudicar a equipa da casa...
Não há pressa nenhuma na oficialização do crioulo se este demorou centenas de anos na sua gestação. Este é daqueles assuntos em que a pressa é inimiga e o timing deve ser um horizonte de décadas e após estudo sério de viabilidade até podendo chegar a conclusão que os prejuízos internos e estratégicos são superiores aos benefícios. Para além disso a oficializar tem que ser todos os crioulos, línguas maternas em cada ilha, portanto a questão é muito complexa enformando contornos regionais, locais etc. Portanto aos que têm muita pressa digo devagar vamos estudar tudo pois nesta história bem contada demais, há lobos vestidos de cordeiro, pois numa altura em que estamos a debater com o centralismo era o mais que faltava era ter centralismo linguístico
ResponderEliminarSobre a Oficialização do Crioulo foi o próprio Baltazar que numa entrevista em 1988 dizia:
P. — Em Cabo Verde volta a agitar-se a bandeira do Crioulo como instrumento de criação literária. O dr. Baltazar, tam¬bém linguista e filólogo, que tem para di¬zer-me?
R. — Bom, há demagogia e ignorância. Esta temática do Crioulo é bastante complicada, e não é para qualquer. E evi¬dente que o Crioulo como língua natural, falado naturalmente, existe por si. Existe' por si inapelavelmente. Agora como língua literária está dependente de dois pressupostos. Primeiro na realidade não há um Crioulo, há Crioulos. Qual será o Crioulo que deverá assumir este papel de língua literária no caso de poder vir a' sê-lo?
Passaram-se 40 anos de discussão estéril sobre o assunto mas talvez tenha de passar muito mais tempo ainda para a ilusão se dissolver no oceano das inutilidades.
ResponderEliminarEsquecem-se (?) que há vários crioulos. Ou este esquecimento é intencional ou então os outros crioulos são mesmo para esquecer… talvez por decreto.
ResponderEliminarMatrixx
Para além do que foi escrito por todos a verdadeira a estratégia por de-traz da oficialização do crioulo, e isto já não é segredo para ninguém, é que a versão de Santiago, vulgo badiu, seja a versão do crioulo/língua a vingar neste processo todo, o resto dos crioulos vão para o lixo da história, nesta autêntica política de genocídio cultural. Esta é a verdadeira agenda de transformação (que já não está escondida) deste grupo fundamentalista, cujo objectivo é absorver Cabo Verde em Santiago e erradicar tudo o que acham que não seja manifestação puramente africana. A absorção de Cabo Verde já está a acontecer há muito tempo na barba cara de todos, em todos os aspectos da vida de cabo Verde, todos os dias que Deus ptá na Cruz. A cartada da língua é, pois, a última a abater nesta longa saga de destruição levada a cabo durante 20 ou 40 anos como queiram. É isto que queremos para Cabo verde que se deixe de falar crioulo de Santo Antão em Santo Antão, e que se passe a falar badiu aí'?Tal lobo vestido de cordeiro, como disse o José Lopes, aparecem com o discurso mansinho da identidade da necessidade de dignificar o Crioulo, tentando esconder os seus verdadeiros propósitos desta manobra colonialista, hegemónica.Então pergunta-se quem está mais interessado nesta oficialização? Se se trata do reconhecimento de todas as variantes do crioulo porque o único crioulo que passa nas televisões, rádio e todos os organismos do estado, etc é o de Santiago? E nas ilhas onde não se fala badiu tenta-se impingir esta versão?.
ResponderEliminarPortanto, embora todos respeitamos gostamos do crioulo, queremos a sua dignificação, muita, mas mesmo muita calma com este processo. Vamos pensar bem nos prós e contra antes de lançarmos de cabeça para baixo nesta aventura sem retorno.
Alerta caboverdianos.
Djinguim
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ResponderEliminarDepois de ler a pertinente postagem e os comentàrios, digo que não estou tão optimista como os meus companheiros José e Adriano pela simples razão que os bairristas/fundamentalistas têm sabido abusar da nossa paciência com os passos mancinhos. Como diz o Djinguim. A ràdio, a TV e outros orgãos de imprensa jà estão "colonizados" e, de repente (depois de se falar da Regionalização/Descentralização logo aceite pela maioria do povo) aparecem com este assunto de oficializar a" lingu maternu". Mas qual dos nove? E porque decretar uma "res nullius" ?
ResponderEliminarSantiago é a ilha maior mas Cabo Verde são 10 ilhas sendo 9 habitadas.
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ResponderEliminarPara completar o que escrevi. O fundamentalismo de santiago, que é uma manifestação do irredentismo africano em Cabo Verde, é a ponta do iceberg, a parte mais ingénua desta saga toda. Por de-traz, estão poderosas forças que dominam o aparelho do estado, com as suas agendas revolucionárias e agendas puramente especulativas que cheiram a dinheiro. Há quem já pense no crioulo como um filão onde vai-se tirar muita prata, e quem dará as cartas nesta área tirará todos os proveitos. O ze-povinho coitado pão para toda farinha ficará cada vez fechado no seu crioulo, o seus filhos, como já é o caso, não poderão exprimir coisa com coisa em nenhuma língua, ao passo que aos filhos da pequena burguesia novo-rica se ensinará línguas em privado , e eles falarão em casa correntemente português e serão mandados estudar em Lisboa, Londres, Princeton, para se cultivarem em línguas 'nobres' graças ao enriquecimento que paradoxalmente proporcionou o crioulo. Mais tarde teremos cooperantes angolanos moçambicanos e guineenses para nos ensinar o português rudimentar e ouvir ou falar português vai ser chique coisa do outro mundo para a maioria das pessoas, irando é claro quem pode. Os chineses asseguração todos os custos do crioulo, pois não credito que os portugueses entraria neste barco. cabo Verde transformar-se-á cada vez mais num Haiti , um enorme país gueto com 99% de pés rapados mergulhados no sub mundo da ignorância droga e miséria e uma minoria a viver no luxo dos salões
ResponderEliminardjinguim
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