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domingo, 30 de novembro de 2014

[7676] - CABO VERDE - ESTADO DA INFORMAÇÃO...

POR UMA INFORMAÇÃO LIVRE DOS PODERES
E APARTIDÁRIA...

Não é novidade para ninguém que a informação em Cabo Verde anda condicionada (através da Censura e da Auto- Censura ) por todos os poderes que atravessam a sociedade cabo-verdiana, a debater com uma autêntica camisa de forças que é o centralismo paranoico. Dois factores conjugam para esta situação grave e que se agrava dia para dia devido às vicissitudes da própria economia cabo-verdianoa, na prática estatizada, sem um sector privado minimamente expressivo: o partidarismo e o centralismo. Depois de se zangarem as comadres no seio do partido único que centralizava toda informação, gerando duas famílias distintas, a de Caim e a de Abel, ela (a actual informação) que reflecte  um país dividido, dicótomo, passou a estar dividida em dois campos, não restando espaço para o cidadão ter outra informação independente, fora do terreno minado, filtrado, bi-partidarizado, de modo a  fazer a sua própria opinião. O cidadão cabo-verdiano há 40 anos que vem sendo domesticado, desinformado, uma situação que gerou a acriticidade a passividade social e a manipulação de consciências. Hoje em dia tudo o que sai para fora do Sistema, ou é anti-séptico para o Sistema, ou senão tem que ter a aprovação tácita do Sistema. Tudo o que ficar no meio não tem chances. E é a situação do regionalismo, uma corrente de opinião que apanhou os partidos e o Establishment de surpresa, e que eles não têm podido domesticar, levando a que ela viva do ponto de vista oficial e da informação nos medias oficias, dominados desde a Praia e controlados por sistema politico-económico, numa situação de semi-clandestinida ou ostracização. Tudo isto vem a propósito de dois eventos que quase que passaram sob silêncio, não fora o espaço de liberdade que representa os blogues e o facebook. Estou-me a referir à Reacção do Grupo de Reflexão sobre a Regionalização de Cabo Verde (AGRRCV) e do Grupo de Reflexão da Diáspora acerca do Debate relativo à Regionalização de 03 e 04 de Dezembro de 2014 que foi boicotada na imprensa centralista e partidarizada. O comunicado foi distribuído na 3ª Feira passada e até hoje nenhuma referência em nenhum jornal cabo-verdiano. Por outro lado um evento que não devia ter passado desapercebido, a ida do Grupo de Reflexão da Diáspora para Roterdão no fim do mês de Outubro um evento de importância na Diáspora e na Emigração, que associou quase uma centena de pessoas. Foi lançado o Livro os Caminhos da Regionalização, houve um Debate bastante participativo. Houve cobertura de duas Rádios da comunidade de Roterdão. Aparentemente o assunto não tinha importância para Cabo Verde, quando se estava a debater precisamente o futuro de Cabo Verde na Diáspora, A Regionalização, que de resto vai sê-lo na Cimeira de 03 e 04 de Dezembro de 2014 na Praia. Bolas e o quantidade de faits-divers que se publica nos jornais e não há espaço para uma notícias destas. Na realidade o tema e o ‘franc-parler’ das pessoas  incomodou e incomoda o sistema e o Establishment.
Isto tudo leva a questionar sobre a sanidade do país, quem anda por detrás e a auto-censura devido aos papões partidários que supervisionam tudo. Não tenhamos dúvida embora acontecer a Cimeira de 2 a 3 de Dezembro, ainda neste preciso momento, é politicamente incorrecto falar de Regionalização, a não ser a música que a Praia e os dois partidos gostam de ouvir, e é o que vamos ter a partir de amanhã. Chamo aqui a capítulo os jornalistas cabo-verdianos a propósito do estado de indigência em que se encontra a liberdade da informação e os direitos e o papel do jornalismo independente!!!

José Fotes Lopes

1 comentário:

  1. Na verdade, José, acumulam-se evidências sucessivas de que há uma forma subtil e discreta de censurar a informação em Cabo Verde. Tempos houve em que o jornal online Liberal constituía um espaço autónomo e livre de informação. Onde se podia emitir opinião e o seu contraditório. Até chegar o dia em que lhe tiraram o tapete. Desconheço os contornos exactos do que se passou, mas o facto é que o Liberal nunca mais teve um sucedâneo com os mesmos pergaminhos e de forma continuada.

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