Emanuel Almeida Brito |
«Nós somos os flagelados do vento-sul!
O mar transmitiu-nos a sua perseverança,
Aprendemos com o vento a bailar na desgraça,
As cabras ensinaram-nos a comer pedra para não perecermos.
Somos os flagelados do vento-sul!
Morremos e ressuscitamos todos os anos
para desespero daqueles que nos impedem a caminhada
Teimosamente continuamos de pé,
num desafio aos deuses e aos homens
Somos os flagelados do vento-sul!
Os homens insistem em não nos chamar irmãos
E as vozes solidárias que temos sempre escutado
são apenas as vozes do mar que nos salgou o sangue,
as vozes do vento que nos entranhou o ritmo do equilíbrio
e as vozes das nossas montanhas, estranha e silenciosamente musicais
Somos os flagelados do vento-sul!
Adaptado, do original de Ovídeo Martins (S. Vicente, 1928-1999).
Emanuel Brito, Obrigada por nos fazeres lembrar, em versão, afortunadamente, adaptada, com o título "Poema a Mindelo", o poema do Ovídio Martins "Flagelados do Vento Leste", que, curiosa e infelizmente, continua tão atual, não obstante a tua publicação datar-se de 2015.
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