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quinta-feira, 6 de agosto de 2015

[8350] - ...E SIGA A FESTA - CENA II ...

Uma fila de dezenas de jovens numa rua do Mindelo para comprarem bilhetes para uma festa gerou polémica no Facebook de vários mindelenses. Uns contra e outros a favor mas, sobretudo, o passar da velha e gasta ladainha que o “mindelense só quer saber de festas”.



Os comentários que querem passar a ideia de um povo malandro que não gosta do trabalho, um Zé Carioca de Cabo Verde, querem significar muitas outras coisas mais graves que as frivolidades imanentes nesse pensamento débil de quem existe para “vender essa ideia do povo de São Vicente”. Mindelo vive e respira alegria própria da terra onde Deus derramou a Sua alegria, o que incomoda muita gente que acha que só gostamos de paródia. Gostamos, com certeza, mas não só. Festejamos sim, mas fomos o motor que construiu o Cabo Verde moderno. Depois de sabe morre cá nada, claramente. Mas construímos esta cidade que é orgulho de Cabo Verde e recebemos com amor e carinho aqueles que escolheram Mindelo como sua casa e acabámos com o conceito “filho de fora ou estrangeiro”: aqui construímos a casa de quem quis Mindelo como sua casa. Se não temos um motivo para festejar, inventamos um, claramente, e onde está o problema? Festejamos sim, mas fomos o alicerce da intelectualidade cabo-verdiana; o caldo de cultura onde germinou o nacionalismo e onde Cabo Verde se fez pátria, nação independente e festejamos essa independência inventando os bailes populares.

No ambiente festivo que caracteriza a cidade do Mindelo, Cabo Verde mostra-se no seu melhor: um povo alegre e amante da paz. A terra onde Deus derramou a Sua alegria. Mindelo Cluster da sabura? Sim, mas não só. E por estas razões, aproveitarem-se de uma fila de jovens à procura de bilhetes para uma festa para insinuar que “se fosse para procurar trabalho não fariam fila”, é falso. Basta ver o que acontece quando abre um concurso, quando se anuncia a abertura de vagas nas fábricas e hotéis; os milhares de jovens são-vicentinos que se inscrevem; basta ver a luta dos jovens licenciados à procura de trabalho, a coragem dos que estão a trabalhar nos bares, nas caixas dos supermercado mesmo como uma licenciatura , dos que migram para a Praia, Sal, Boavista, à procura de trabalho. Mas também existem dezenas de jovens mindelenses estiveram parados diante do espaço Luso-Africana, no Mindelo, a fim de comprarem bilhetes para a festa do Canal Futebol Clube. A primeira impressão que tivemos logo de manhã, às 08 horas, foi que esta fila servisse para fazer algo de muito importante.

Agora imaginem o espanto de um internauta ao saber que é uma fila de jovens à procura de um bilhete da festa do Canal Futebol Clube, ao preço de 2.500$00.

As reacções nas redes sociais não se fizeram esperar, tanto negativas como positivas. Há quem diga que estas “festas comerciais só chupam o tutano dos jovens… e alimentam outros vícios à juventude (entre os 16 e os 23)… como por exemplo pedir $$ aos “titios” para poderem estar nesta ou naquela festa… dando azo a outros problemas sociais que nos afectam e que nos taxam por sermos a Ilha com maiores índices de prostituição e alcoolismo em Cabo Verde”.

Rómulo Oliveira escreve nos comentários destas fotos no Facebock: “Uma outra forma de perceber este fenómeno é ver que o marketing e status quo destas festas atingiram um patamar tão elevado que os jovens não querem perder esta oportunidade de ‘passa sabe’. Para mim não existe crise mas uma mudança de valores, o jovem prefere gastar o escudo nesta festa e passar o tempo todo a rentabilizar o $ investido (bebendo e comendo) e no dia a seguir não vai comer e nem pagar as propinas, mas irá pensar que valeu a pena porque estava lá”.

Ainda falando dos comentários contra este fenómeno, há os que resolvem ironizar com a situação e chegam a escrever frases como: “crise no Mindelo. Bom, pelo menos dessa vez a culpa não é nem da Praia nem de Governo da capital, mas uns e outros” e, “de onde vem o dinheiro”.

Por outro lado, surgem os defensores que afirmam que os jovens estão de férias e não precisam de mandar “bocas”, porque todos têm o direito de se divertirem e se estão nessa fila para comprarem bilhetes é porque têm esse dinheiro, e muitos que ali estão são estudantes em férias” e termina questionando: “para se divertirem e comprarem o próprio bilhete, as pessoas têm de pedir aos inconformados permissão para isso?”, questiona Dorilde Melício Zumba. Passaram um ano com a cara nos estudos, enfatiza, SK Angelotty

(in Noticias do Norte)




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