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domingo, 29 de novembro de 2015

[8699] - UMA VIA DUVIDOSA...

O Dr. Carlos Alberto Wahnon de Carvalho Veiga, antigo Pimeiro Ministro de Cabo Verde vem, agora, a terreiro defender a realização de um referendo sobre a Regionalização naquele país...
O referendo é, como se sabe, uma figura de consulta popular de génese democrática que pressupõe, antes do mais, que todos conhecem as implicações da matéria a referendar, por forma a poderem sobre o assunto opinar de consciência plena...Por isso, convirá, talvez, procurar saber quantos cabo-verdianos, residentes ou na diáspora, conhecem, minimamente, o "dossier" Regionalização, para que os resultados de tal consulta se possam considerar suficientemente credíveis?! 

3 comentários:

  1. A ideia é aparentemente democrática mas sou sou contra um referendo sobre esta matéria na npresente situação que se vive em CV, sem as pessoas saberem do que se trata. Já esxprimi em artigos de opinião de maneira consistente as razões para não se realizar um referendo nesta matéria. Podemos estar a colocar-nos perante uma autêntica ratoeira/dilema que pode colocar-nos mais problemas do que soluções e mesmo criar sarilhos. Para mim referendar a Regionalização é empurrar, com a barriga para as Calendas Gregas, um problema que a classe política não quer ou não sabe encarar, tendo em conta o atoleiro socio-político e económico em que se transformou CV. Pura e simplesmente não há mais latitude política para mudanças em CV.
    O que é que aconteceria se a ilha de Santiago votasse em peso contra. Os Regionalistas poderiam converter-se em Independentistas?
    Por isso a minha opinião pessoal é a seguinte:
    Vamos primeiro discutir o problema em especialidade, trabalhar a questão e depois referendar o formato da Regionalização, mas nunca o princípio que é um direito inalienável.
    Por outr lado, fazer um referendo amanhã seria ter a máquina do estado e da propaganda, toda a elite servil que vive do centralismo, contra os Regionalistas, seria instrumentalizar a ilha de Santiago. Portanto como não somos hipócritas não podemos cair neste jogo.
    Cabo Verde sendo a realidade sociológica estatizada que é, não permite referendos livres democráticos. Como sabemos nada em CV é feito contra os ditos interesses do estado centralizado, que é contra a Regionalização. Para além do mais não se referendam reformas: elas devem ser feitas consensualmente. Por isso sou contra o Referendo. Mas esta é minha opinião pessoal.

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  2. De tanto já termos botado palavra sobre esta matéria, não podemos senão repetir a mesma linha argumentativa e a mesma lógica de raciocínio.
    Sucede que a princípio, quando avançámos com a ideia da regionalização, eu até encarava o referendo como algo porventura necessário, mas depois, à medida, que fomos colhendo reacções, sobretudo vindas da Praia, acabei por concluir que o referendo mais não viria a ser que um instrumento para matar a regionalização mesmo antes da sua concepção. Pois claro, haveria batota.
    Desconfio que o Carlos Veiga está tão interessado na regionalização como o PAICV, inimigo figadal desta reforma. É que o tema já nem se coloca, como em tempo algum se colocou, na pura esfera ideológica das forças partidárias. Ora, na verdade, o problema da regionalização resume-se a um diferendo entre a Praia e as ilhas da periferia. A Praia é esse epifenómeno que agrega não só os próprios naturais da ilha como os de outras ilhas. Ali se concentraram todos os interesses pessoais, profissionais e familiares, e implicitamente políticos, numa amálgama em que é hoje indistinta a ilha de origem e até mesmo a diferença partidária. Por algum motivo, até hoje não se ouviu ainda, tanto quanto conheço, um barlaventista “praiense”, seja ele de S. Vicente, S. Nicolau ou outra ilha do mesmo grupo, assumir uma palavra sobre a regionalização. Eu até desconfio que muitos dos comentários sem rosto que nos atacaram nos artigos que escrevemos, nem sequer eram de praienses/santiaguenses. Eram mindelenses e santantonenses disfarçados, que nada têm a ganhar em termos pessoais com essa reforma. Notem que a sua implementação, a efectivar-se com todas as suas consequências, iria fazer com que muitos desses barlaventistas “praienses” tivessem de mudar de pouso ou então aceitar um nítido retrocesso da base de apoio do seu mundo privado. Podemos afirmar que seria uma revolução no epicentro dos seus interesses. Para utilizar uma palavra muito em voga, estamos a falar do “mercado” cabo-verdiano, nas suas múltiplas vertentes, que paulatinamente se instalou e concentrou na cidade capital, não por um natural processo sociológico mas por um desígnio político perpetrado pelos dois partidos do poder.
    Não é por acaso que dizem que Mindelo anda às moscas, não revestindo na actualidade qualquer interesse, pois está arredado do “mercado”. Pudera, mas a culpa não é da população local, assim como não foi por culpa dos santantonenses que a ilha das montanhas sofreu uma grave sangria demográfica, o mesmo se passando com S. Nicolau.
    Por conseguinte, meus amigos, o MpD e o PAICV são parceiros dissimulados e comprometidos no mesmo desejo secreto de não fazer nada que altere o único centro vital do país: a Praia. Que é simultaneamente o centro das suas vidas privadas e o castelo da sua força política.

    Uma verdadeira regionalização teria de desmontar esse centro e repartir por outras ilhas as mais-valias artificiosamente nele criadas por decisão política. Em termos políticos é possível e é um imperativo nacional que isso aconteça. Em termos de vida pessoal é que a porca torce o rabo. Porque o país é hoje pouco mais que um feudo de interesses privados. Uma regionalização seria ao menos uma maneira de abrir o jogo e deixar que a bola circulasse em campo sem batota de arbitragem. Só um jogo com participação de todos poderia relançar o país e devolver a esperança ao povo.
    Há muita hipocrisia na nossa terra. E desconfie-se mais de quem faz jogo duplo.


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  3. O mais certeiro e lucido comentário sobre a dita regionalização que já li.

    Caro Amigo

    Obrigado .

    Saudaçoes

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