Manuel Brito-Semedo
(Por Lourdes Fortes, Rádio Morabeza/Expresso das Ilhas)
Manuel Brito Semedo crítica a substituição dos privados pelo Estado na promoção de actividades culturais nacionais. Em entrevista ao programa Cabo Verde 2016, da Rádio Morabeza, o professor fez um diagnóstico negativo do percurso da cultura cabo-verdiana nos últimos anos e aponta o dedo.
À Morabeza, Brito Semedo defendeu que cabe ao Estado incentivar a promoção cultural nas ilhas, mas a execução deve ser deixada à sociedade civil ou aos privados.
“Cabe ao Estado, através do Ministério da Cultura, dar orientações, fazer o enquadramento, mas não executar. O problema deste Governo é que substitui a sociedade civil, substitui as iniciativas privadas”, criticou Brito Semedo.
Uma outra questão que deve ser repensada é a suposta divisão das ilhas pela sua vocação cultural.
“Essa de dividir as ilhas e as actividades em função do que se classificou ser a sua vocação, acho que está errado. Por exemplo, realizar actividades ligadas à promoção do Carnaval em São Nicolau ou colocar São Vicente no centro em termos de artesanato”, frisou à Morabeza.
Manuel Brito Semedo entende que em Cabo Verde há uma inversão na criação de projectos culturais estatais e justifica a posição com a criação da orquestra nacional.
“Estamos a construir dos tectos para baixo. Cria-se uma orquestra nacional, quando não temos escolas de música, não temos salas de espectáculos. Criou-se uma orquestra que é uma falácia. Não temos músicos que lêem a partitura, mas temos músicos que podem fazer a adaptação e de ouvido que podem tocar as músicas de Cabo Verde. Mas isto não é uma orquestra”, analisou.
O programa Cabo Verde 2016 pode ser ouvido na Rádio Morabeza, todas as segundas-feiras, às 12:30, com repetição aos sábados, às 8:00, em 90.7 (São Vicente, Santo Antão e São Nicolau) e 93.7 (Santiago, Maio e Fogo), horas de Cabo Verde...
" ... Criou-se uma orquestra que é uma falácia... " Não temos músicos que leem uma partitura"....
ResponderEliminarAgora compreendo a razão do Ministério da Cultura de CV... não ter tido a "educação" de mandar agradecer as dezenas de Mornas centenárias ( com partituras incluídas) que lhe enviei por correio....
Algumas Mornas eram manuscritas com a data de 1864!
Oferece-se a quem as souber ler.... e tocar!
O comentário do Brito Semedo tem todo o fundamento.
ResponderEliminar