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quinta-feira, 17 de março de 2016

[9021] - MÚSICA...DESAFINADA...

Fico intrigada como é que um partido, que esteve 15 anos no poder, e foi, inclusive, responsável por várias revisões do Código Eleitoral, venha agora, em pleno período de campanha, justificar o incumprimento da lei, por a considerar inconstitucional. Por isso, continuam a dar música a todos, até à lei...

«oooOooo»

Todas as pessoas sabem que os carros, Hiaces, Hilux e afins têm uma limitação máxima do número de ocupantes, seja em viaturas para uso privado, como para uso público. Há, até, uma lei que regula essa questão. Mas nem por isso os condutores respeitam essa lei, e coitado do polícia que a faça cumprir. No mínimo é um malandro, no máximo é insultado de tudo e mais alguma coisa, inclusive até pelos passageiros, que nem zelam pela sua própria segurança.

Todas as pessoas sabem que se deve colocar o lixo nos contentores apropriados. Mas é bem mais fácil largar os sacos de lixo no meio da rua ou, até, e pasme-se, ao lado do contentor. Cumprir é que dá muito trabalho.

Todas as pessoas sabem que os passeios são para os transeuntes circularem, e as estradas para os carros. Mas como há centenas de pessoas que precisam de ganhar a vida, e ocupam os passeios, os transeuntes têm de se deslocar na estrada, com todos os riscos que isso acarreta.

Os carros, ao circularem numa via, e até a estacionarem, são obrigados a agir de acordo com o código da estrada, mas isso de parar nos sinais de Stop e respeitar prioridades é só perda de tempo, estacionar em 2ª fila é dado adquirido um pouco por todo o lado, assinalar mudanças de direcção ou paragens no meio da via é completamente facultativo.

Estes são apenas alguns dos muitos atropelos constantes e diários que ocorrem na sociedade cabo-verdiana. Mas não é de estranhar. Diz-se que o exemplo tem de vir de cima, e os cabo-verdianos têm vivido os últimos 15 anos com constantes distorções da lei, pendendo a mesma para o lado que mais convém, levando a uma perigosa indefinição do que é verdadeiramente correcto e incorrecto.

Este período de campanha eleitoral tem sido um exemplo disso mesmo. Fico intrigada como é que um partido, que esteve 15 anos no poder, e foi, inclusive, responsável por várias revisões do Código Eleitoral, venha agora, em pleno período de campanha, justificar o incumprimento da lei, por a considerar inconstitucional. Por isso, continuam a dar música a todos, até à lei.

É quase anedótico que pessoas, algumas delas que estão desde 2011 à espera para serem sorteadas para o Programa Casa para Todos, sejam prejudicadas por terem de esperar mais uma semana. Ai CNE, ai CNE, a prejudicar assim as pessoas, que grande maldade!

Ainda assim a CNE, dentro dos seus constrangimentos, e apesar dos insultos, ameaças e acusações, tem mostrado que, pelo menos, no que diz respeito a fazer o seu trabalho, não se deixa ir na cantiga. Haja profissionalismo! (in Cabo Verde Direto)

Marisa de Carvalho | m_a_carvalho@yahoo.com
[escrito com a antiga grafia da língua portuguesa]

2 comentários:

  1. Concordo. É também minha opinião que a Comissão Nacional de Eleições se tem portado com elevado sentido do momento eleitoral, com muita correcção e boa postura cívica. Não tem deixado passar em branco, os erros e desvios ao Código Eleitoral. Felizmente que neste particular os fraudulentos "habitués" e demasiado óbvios, estão sempre a ser chamados a capítulo. esperemos que a votação decorra, sem fraude.

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  2. O apontamento das situações caóticas revela o nosso estado de civilidade.

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