Há dias, visitando o Blogue Esquina do Tempo, apercebi-me de que se comemorava o dia da Medicina Tradicional Africana e a imaginação voou até à Rua de Lisboa, mais precisamente, à Farmácia do Leão onde, aí pelos anos 60 do século findo havia um funcionário que desempenhava as funções de uma espécie de ajudante do ajudante de farmácia que era, na altura (e desde sempre) o eterno Sr. Agostinho...
Referímo-nos ao amigo Inácio - que veio a falecer prematuramente em Moçambique - que era uma jóia de pessoa, funcionário competente e homem "pirracento" até dizer chega...
Uma tarde, um "boice" (1) conhecido do Inácio, entrou na Farmácia e recitou: "Ó s'nhor Ináce, mamãe manda'm li pâ você vende'm raméde pâ róte!"... (Ó senhor Inácio, a minha mãe mandou-me cá para v. me vender remédio para o rato)... Claro que o Inácio estava careca de saber que o moço queria, obviamente, "veneno" para ratos mas ele não deixava escapar uma oportunidade de gozar com as situações e, por isso, voltou-se para o rapaz e com voz autoritária indagou:
- Sim s'nhor, raméde pâ róte...Mas, ó Nhelas, qual ê doença qu'êsse róte tâ sofrê?! (Sim senhor, remédio para rato... Mas, ó Nhelas (Daniel) qual é a doença de que esse rato sofre?!)...
Nhelas engoliu em seco enquanto os circunstantes ríam a bandeiras despregadas!
Em memória de Inácio, um Homem Bom!
(1) Corruptela de "boy" - rapaz.
(1) Corruptela de "boy" - rapaz.
Piada tipicamente mindelense. E que com o "sabor" do crioulo ainda mais graça tem.
ResponderEliminarBraça c'raméde,
Djack
O meu Amigo, Prof. Brito Semedo, ou melhor Manel de Xanda, disserta sobre os "ramêde de terra" e vem-me à mente Nha Lorença, uma senhora mais velha que Nha Liza (avosinha do Lalela), que passava regularmente pelas casas da Chã do Cemitério (1944, etc.) prègando "Oli chá d'mote", ervas que tinham lugar cativo ao lado "inxunda d'galinha" e "azête d'pulga".
ResponderEliminarFalou-se aqui de Nhô Djack d'Cinema. Esse; um gigante com mãos de anjo, era o mestre-endireita que, entre muitas outras pessoas, livrou a minha mãe de uma operação cirúrgica por uma "espinhalinha caide". Mas vou citar o primeiro endireita que conheci e de que me lembro embora fosse criancinha: - Nh'Ontone Baluca, que residia frente ao Cruzeiro da Rua do Coco. Disseram-me que esse velhinho endireitou-me por duas vezes a coxa direita mas, a ideia que me ficou foi de me ter curado uma "impija" tenaz. Ainda me pergunto-me como não tive complicações pois o remédio utilizado era o pó retirada das pilhas que hoje são cuidadosamente recolhidas.
Bolas !!!
Belas lembranças do humor mindelense e das nossas antigas soluções curandeiras e, não poucas vezes, milagreiras.
ResponderEliminarInácio Brito foi, de facto, uma excelente pessoa. Mas faleceu em São Vicente, Zito, vítima de diabetes em estado avançado. Montara uma papelaria no Mindelo, onde hoje trabalham alguns dos seus filhos.
ResponderEliminarInácio Brito foi, de facto, uma excelente pessoa. Mas faleceu em São Vicente, Zito, vítima de diabetes em estado avançado. Montara uma papelaria no Mindelo, onde hoje trabalham alguns dos seus filhos.
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