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sábado, 10 de setembro de 2016

[9664] - TUDO COMEÇOU HÁ, APENAS, 100 ANOS!


2017 O ano da Comemoração Oficial do Centenário do Liceu Oficial de Cabo Verde? Sem este Liceu não haveria as ilustres gerações que passaram por Cabo Verde e seríamos todos analfabetos e incultos.
Silva Antonio colocou um excelente Post a propósito: 

"Alguém em Cabo Verde ainda se lembra deste edifício onde já funcionou o Liceu no início do século passado, assim como o outro que esteve ou está a cair de pedaços. Eu disse uma vez que nós tivemos o privilégios de estudar nestes edifícios, que eram Universidades antes de existirem, com professores mestres da Sabedoria e da Humanidade.
Dirão os Novos Poderes, o Novo Sistema e a geração de Homens Novos que se trata de uma Velharia: as velharias e os Velhos não têm lugar em Cabo Verde: o futuro deste país será contruir Manhatans tropicais para 'épater' os incrédulos sobre as potencialidades destas ilhas 'paradisíacas', que acabarão por ser edifícios vazios, sem história e que ruirão em amontoados de betão armado.
Devem dizer que se lixe este e todos os outros velhos edifícios públicos que têm o azar de serem colonias, para além de exemplares únicos de relíquias de arquitectura colonial, misto dos Impérios coloniais português e britânico, presentes na ilha do Porto Grande.
Logo para o lixo da História com estas velharias, um refrão que temos ouvido sempre que defendemos que se devem preservar Edifícios Históricos, Repositórios da Memória.
Pois estes e demais edifícios mindelenses têm o azar de se encontrarem num mau local. Para estes nunca sopram os ventos da bonança, que sopram mais a Sul, mas sim sempre os ventos secos de Leste, os famosos ventos da fome exorcizados por Onésimo, que teimam em abater tudo o que resiste de pé.
Que 2017 seja o ano da Comemoração Oficial do centenário do Liceu Oficial de Cabo Verde e que seja na Cidade do Mindelo."

Remessa de
José Fortes

13 comentários:

  1. O sujeito chama-se mesmo Silva António? Quanto ao texto, APROVADÍSSIMO.

    Braça com memória,
    Djack

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  2. Pôr o apelido (Silva) antes do nome (António) é um hàbito francês que os lusofalantes adoptam facilmente. Portanto penso ser um dos muitos que residem (ou residiram) em França. Mas là que sabe... sabe.

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  3. Comemorar este centenário devia ser oportunidade para uma profunda e ampla reflexão sobre o papel que a cultura e a cidadania participada podem ter no futuro de Cabo Verde. E também para procurar soluções, enquanto ainda é tempo, para a salvaguarda e a recuperação do património material e imaterial de Cabo Verde. Essa reflexão só poderá ter lugar em S. Vicente e não deverá deixar ninguém indiferente ou a assobiar para o lado. Pois, se Cabo Verde não souber dar esse passo, pode perder a sua verdadeira identidade mais tarde ou mais cedo.

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  4. Lembrança do meu Visavô -- continuo (Auxiliar de educação)

    "... Em 1890 ( mil oitocentos e noventa) criou-se na Praia um Liceu pela reunião das cadeiras já existentes ( instrução primária, latim, filosofia racional e moral e teologia) a que se juntaram mais tarde as seguintes : francês, inglês, desenho, matemática e rudimentos de náutica.
    Pouco durou, porém, o Liceu, decerto porque a Praia não possuía as condições necessárias para nela se manter um estabelecimento de tal natureza..."

    In-Instrução Pública em Cabo Verde - Adriano Duarte Silva (BAGC - 1929

    Nota: Cá para mim: - A degradação que fala é vingança de "badio" ...

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  5. Amigos temos que apertá-los para que se comemore dignamente este Centenário. Eu sei que não há 'dinheiros', mas que se lixem os dinheiros||

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  6. Este deverá ser o último comentário que aqui deixarei registado, porque tenha a consciência dos meus limites literários e culturais... Não devo, por isso, ter o topete de emparceirar com ilustres letrados... No Liceu não passei dos primeiros anos, mais por cabulice e "abusos" do que por burrice... A ele devo, porém, muita gratidão, aos colegas Professores, que tiveram a paciência de me aturarem! Há anos que me dedico quase diariamente a lutar para a reabilitação do Nosso Liceu... estive muito lá muito perto... Falhou pelo o ostracismo das autoridades responsáveis (idem para a Escola Nova)... Por isso, a minha comemoração não esperou o centenário, ela é celebrada diariamente no meu coração e acção!

    Mantenha

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    1. Artur, esta é uma das mais belas provas de estima a uma instituição que eu já li...Ninguém precisa de ser doutor para "sentir" pois, como escreveu António Damásio, É A SENTIR QUE A GENTE PROVA QUE EXISTE!
      Braça Gilista
      Zito

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  7. Fico ao mesmo tempo triste e intrigado com a resolução ora tomada pelo Artur de não mais comentar aqui. Ainda mais porque a razão invocada não é minimamente aceitável. Não estamos aqui para emparceirar com quem quer que seja. O contributo de cada um é valorizável pelo seu conteúdo e não por quaisquer atributos académicos. Até porque neste campo o Artur intervém sempre com comentários sempre de grande interesse e, sobretudo, primando por um notável sentido de liberdade e autonomia intelectual. O Artur nunca interveio aqui para fazer frete a quem quer que seja ou a moldar a sua opinião à opinião de outros. Para mim, isto é absolutamente importante, e só por isso considero uma perda o seu afastamento.
    Além do mais, as colaborações que o Artur volta e meia aqui deixa são de valor e resultam de um aturado trabalho de busca e pesquisa, ou não tivesse ele confessado que é um rato de biblioteca.
    Por último, Artur, deixe que lhe diga que as qualidades "literárias e culturais" não têm a ver apenas com os anos que se passam nos bancos dos liceus e das universidades. Se ler uma entrevista dada pelo professor Henrique de Oliveira (rapaz mais ou menos do meu tempo) e publicada num semanário cabo-verdiano, verá o que ele diz acerca do nível intelectual de muitos dos actuais licenciados. Essa denúncia é válida para Cabo Verde como para Portugal. Conheci e conheço pessoas de grande cultura e de preciosa pena que nunca obtiveram diplomas académicos. E mesmo os que os têm, pouco ou nada acrescentam ao seu conhecimento e formação global se não continuarem a dedicar-se ao estudo e à leitura. Pelo que já percebi, o Artur é um leitor inveterado e tem o gosto pela cultura. Quem dera a muitos dos que gostam de se pôr em bicos de pés.
    Por isso, Artur, desista dessa sua resolução. Os leitores do Arrozcatum agradecem.

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    1. Amigo, eu estou convencido que o Mendes se referia a "ultimo comentário sobre o assunto" e não de forma radical...A menos que esteja enganado!

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    2. Esperemos que sim, Zito. Pode ser que eu tenha interpretado mal.

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  8. Espero, desejo e faço votos que se comemore o evento com dignidade e muita reflexão, pois o significado profundo da criação da instituição liceu em São Vicente; o qual, ao lado do Seminário-Liceu de S. Nicolau, representa um marco de excelência da instrução cabo-verdiana do século XX.
    O interessante é que o velho «Infante Dom Henrique» e posteriormente «Gil Eanes» chegam ao século XXI com uma credibilidade embora já pertencente ao passado,mas ainda surpreendente, pelas gerações que nele fizeram os seus estudos secundários e que por via disso, singraram na vida, como profissionais e como cidadãos.

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  9. Jurei que não comentaria mais sobre este tema.
    Perdoe-se-me a quebra.( Já dei 3 voltas à igreja)

    Simplesmente não resisto ( respeitosamente)a responder ao comentário acima na parte-

    " ... Pelas gerações que nele fizeram os seus estudos secundários e que por via disso, singraram na vida como profissionais e como cidadãos."

    Ora, aqui está a razão da minha "raiva"... Estes "profissionais", excelentes cidadãos, foram e alguns ainda são: presidentes da República, ministros, presidentes de camaras, deputados da Nação, administradores de reputadas empresas, empresários de sucesso....
    Pergunto: - Como deixaram /permitiram e permitem que o Liceu Gil Eanes / Jorge Barbosa esteja a cair aos poucos... sendo que, amanhã será tarde para o salvar duma morte matada e sepultado no mesmo cemitério do Eden Park , Fortim, Farol de S. Pedro (segundo o Praia de Bote)?

    Na mesma linha, permitam-me (já que pequei) desabafar um pouco mais:
    -- Há dias vi uma foto da casa de Nhô Roque, abandonada e em começo de ruina, não seria mais benéfico transformá-la numa casa da cultura, onde se expusesse o seu espólio literário e onde se reproduzissem em som as cronicas lidas por ele ( e não só) na rádio? Tenho a certeza que a juventude estudante e o Povo apreciaria mais ouvir o "Enterro di Nha Candinha Sena" do que esperar por um qualquer aniversário para o homenagear.
    (Para quem conhece; seria do género Casa Fernando Pessoa).
    Perdoem-me o desabafo
    Mantenha

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