EÇA DE QUEIROZ |
AREIA DE CABO-VERDE |
…” Tendo
deixado de falar para resolver, o actual sr. Ministro da marinha nem fala nem
resolve.
O parlamento
fechou-se sem que sua ex.ª lhe apresentasse:
O orçamento
do ultramar.
O relatório
do seu ministério.
O
mais simples e exíguo projecto de lei.
Da actividade com que sua ex.ª ocorre ao expediente
dos negócios pendentes da sua secretaria, daremos ao leitor uma ideia contando
uma história.
À exposição de Paris de 1867 mandou um habitante do
arquipélago de Cabo Verde uma amostra das areias daquela costa. Examinou em
Paris as referidas areias, a École des arts et des métiers, e em Lisboa a
sociedade farmacêutica. Averiguou-se então que a areia das costas de Cabo Verde
continha partículas de ferro.
Há tempos a casa A. Dubois & C.e, de Rouen, tendo
catorze navios em navegação entre o nosso arquipélago e os portos europeus,
lembrou-se de pedir ao governo português licença para exportar, como lastro, a
areia de Cabo Verde, pagando ao governo a quantia que ele arbitrasse a cada
tonelada de areia, e obrigando-se a casa Dubois a fixar o mínimo das toneladas
exportadas, a fim de que o governo pudesse desde logo fixar no orçamento do
estado esta nova receita.
Um amigo nosso, o sr. Regnauld, sócio da casa Dubois,
negociantes milionários, cuja respeitabilidade foi afiançada em Lisboa pelo
próprio sr. Thiers, o sr. Regnauld dizemos, veio pessoalmente a Portugal tratar
do negócio, e expô-lo em toda a sua simplicidade ao sr ministro da marinha. S.
ex.ª mandou ouvir a junta consultiva do ultramar. Esta deu o seguinte parecer
sibilino:
Que, havendo aço na areia de Cabo Verde, e sendo o aço
um metal, a exportação da sobredita areia se deveria regular pela legislação
das minas!
De sorte que, tendo-se primeiramente decidido, sobre a
praia, que a praia se considerasse mina, resolveu-se depois sobre a mina, que a
mina se considerasse praia.
O Sr. Regnauld apresenta-se, pede, suplica, exora: --
Meus senhores, considerem a areia como muito bem quiserem, considerem-na praia,
considerem-na mina, considerem-na pano cru, considerem-na óleo de mamona, mas
respondam-me uma coisa: digam-me sim ou digam-me não, como lhes aprouver, mas
respondam-me por quem são, porque eu estou aqui a morrer de calor e de tédio, e
quero ir-me embora para casa!
Tal tem sido em cada dia a linguagem do nosso amigo, o
qual está em Lisboa há noventa dias: O seu requerimento foi apresentado há dez
meses!
Não se lhe responde nada, senão que se está meditando
o assunto.
IN- FARPAS- EÇA DE QUEIROZ – RAMALHO ORTIGÃO
COLABORAÇÃO - DJEU
Atenção à imagem do escritor.
ResponderEliminarBraça
Caro Djack, publiquei tal como o original enviado. Diz-me que não se trata de uma imagem do Eça?
EliminarBraça
Pois não, é de Camilo Castelo Branco!!!
EliminarObrigado!
O problema é sempre o mesmo. Enviam-nos coisas com erros, a gente fia-se e depois... Ou seja, em Internet, a palavra de ordem só pode ser esta: "Duvidar, duvidar, duvidar". Isto, porque coisas deste género já me aconteceram.
EliminarBraça camiliana e eciana,
Djack
Esqueci-me de dizer que provavelmente, a pessoa que lhe enviou o texto já o recebeu assim e se calhar também a outra antes dele/dela e por aí fora. Agora quem cometeu o erro primordial, decerto nunca se saberá quem foi, ahahaha. E mais, até nem o deve ter feito por mal. Ou seja, estamos todos perdoados.
ResponderEliminarNova braça,
Djack
Reportando-me à despedida no anterior comentário, acontece que saiu asneira, pois seria "Novo braça"...
EliminarBraça, agora com concordância gramatical,
Djack
Não há crise, já está resolvido!
ResponderEliminarAbraço e mais uma vez obrigado!
Sete (7) comentários devido a uma troca de carinha.... é obra!
ResponderEliminarEsperam-se 70 pelo texto...
DJEU