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domingo, 13 de setembro de 2009

O SATURNIANO...



Dias atrás tocam~me à campainha da porta e dizem-me para ir lá abaixo - eu moro num 5º andar - porque parece que alguém havia batido no meu carro...Embora não sendo a primeira vez não deixei de ficar pior do que uma barata, e lá
fui ver os estragos.Alguém havia, efectivamente, metido dentro a porta do lado do condutor!Um senhor de bom aspecto aproximou-se de mim, perguntou se era o dono do carro, se a porta já estaria assim da ultima vez que eu a vira, e quando disse sim a uma e não à outra, deu-me um papelinho onde tinha anotada uma matricula, um numero de telefone e o nome de uma instituição - por acaso de solidariedade social - e adiantando que a condutora era uma senhora baixinha, de óculos, que tinha batido ao fazer marcha-atrás mas que seguira caminho e aconselhou-me a comunicar à polícia para que fosse levantado o auto competente.
Claro que não foi necessário nada disso pois telefonei à Instituição que já estava avisada pela condutora que, afinal apenas estava com pressa para atender a uma amergência e tinha tentado entrar em contacto comigo, sem o conseguir, e tudo se resolveu com a célebre declaração conjunta às companhias de seguro.
Na altura, claro, agradeci ao senhor e, na perspectiva de comunicar à polícia, pedi-lhe o nome para o indicar, obviamente, como testemunha...Aí o solícito delator, pois disso se tratava, ficou menos sorridente e disse, e cito: "Testemunha, não! Eu não sou de cá..."
E eu fiquei a pensar que, afinal, existem várias variedades de cidadãos cumpridores dos seus deveres de civilidade e cidadania: os que fazem de conta que não viram nada, os que viram mas não são de cá e os que viram e são de cá sendo, estes, os mais raros.
Olhei para o cavalheiro, de alto a baixo, pensando de onde seria ele, afinal? E, ao -lo de dedos ornamentados por vários anéis, concluí, sorrindo intimamente: "Este tipo é de SATURNO!"

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