Páginas

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

O PALÁCIO DA VENTURA ...


Sonho que sou um cavaleiro andante,
Por desertos, por sóis, por noite escura,
Paladino do amôr, busco anelante
O palácio encantado da Ventura!
.
Mas já desmaio, exausto e vacilante,
Quebrada a espada já, rota a armadura...
E eis que súbito o avisto, fulgurante
Na sua pompa e aérea formosura!
.
Com grandes golpes bato à porta e brado:
Eu sou o Vagabundo, o Deserdado...
Abri-vos, portas d'ouro, ante meus ais!
.
Abrem-se as portas d'ouro, com fragor...
Mas dentro encontro só, cheio de dor,
Silêncio e escuridão - e nada mais!
.
.
Antero de Quental




2 comentários:

  1. Li este poema e de imediato co- mecei a pensar num recem formado, que se julga preparado para enfrentar a vida e, ao deparar com a porta do Palácio encantado da Ventura, onde pensa encontrar o primeiro emprego, só vê Dor...
    É assim este cavaleiro Vagabundo e Deserdado...Será em Portugal?

    ResponderEliminar
  2. Essa foi a ideia ao publicá-lo...
    Embora a ideia original do poeta seja, decerto, mais prosaica, tudo, afinal, é actual nestes versos...O circulo inexoravel da vida!.Abraço.

    ResponderEliminar