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sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

NHÔ DJUNGA, "FOREVER"...

Esta extraordinária composição gráfica foi "surripiada" de A ESQUINA DO TEMPO, e julgo que o seu gerente não se importará de aqui a ver reproduzida, o que faço por imposição da estima e admiração que sempre nutri por este cidadão, desde os meus dez anos de idade...Fomos vizinhos, durante anos, e eu era visita diária do seu estúdio, instalado na casa onde agora foi aberta a público a Livraria que leva o seu nome, na Rua Senador Vera-Cruz...Nhô Djunga era uma alma irrequieta, um brincalhão, com uma inesgotável experiência da vida, da qual havia colhido ensinamentos que não recusava a ninguém e um extraordinário critico da superficialidade social que o rodeava...Grande amigo de Baltazar Lopes da Silva que mais tarde haveria de ser meu professor e com quem me cruzei várias vezes, com ele dava longos passeios em animadas conversas de que só eles sabiam o conteúdo.
Foram célebres, também, as suas sessões de bisca com Nhô Chinchim...Este relacionamento singular deu até origem a largo e impagável anedotário, e não podemos esquecer a sua contribuição para a História da Rádio de S.Vicente com os notáveis relatos da "Roupa de Pipi", transmitidos pela Rádio Barlavento...Foi um humorista de mão cheia e às vezes o seu humor escondia preocupações que passavam despercebidas, como, por exemplo, na tarde em que sobre a sua cabeça caíram umas enganadoras gotas de chuva o que lhe mereceu o desabafo (em crioulo): - Ora bolas, lá vem esta chuvinha dar cabo de um bom ano de seca!...
Nhô Djunga, velho amigo, uma saudade permanente!

17 comentários:

  1. Sabios que gostaria de conhecer.....esses sim Sao verdadeiros Homens da sabedoria e porque nao Macons(pedreiros do saber).

    ManuMoreno
    Kel Abxom di kuraxom!

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  2. E' sabido que o crioulo sanvicentino odeia (va) a chuva. Tantas vezes eu nao disse repetindo o que ouvi dos mais velhos isto:

    êsse tchuvinha de gaita, bêm moiam nha cabêm que jam tinha pintiode!

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  3. Manú, meu amigo, bem-regressado ao "arroz"...Diz bem: há Homens Sábios que todos devíamos ter a felicidade de conhecer e com eles aoprender...
    Caro Anónimo, não creio que alguma vez, algum crioulo tenha odiado a chuva...A oportunidade, talvez, mas a própria, nunca...Eu mesmo tomei alguns alegres e ruidosos banhos dela, das poucas vezes que tive a felicidade de contempla-la, no Mindelo! Era uma festa!!!

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  4. O "Na Esquina" sente-se gratificado em poder partilhar o "Nhô Djunga" pois ele e de todos. Braça grande!

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  5. Bem, o Mindelo que conheci nao foi o Mindelo de Zito.

    E' sabido em Cabo Verde, que o mindelense nunca gostou nem de chuva nem de vento!

    Volto a dizer que toso os mindemenses passavam a vida a reclamar quando tinham uma festa e começava a chover. Era cada nome feio que se ouvia a proposito da chuva maldita que nos estragava o cabelo, as calças, os sapatos....

    Bem, o Zito era um felizardo porque so andava de carro e nunca pôs os pés nas fraldas de Mindelo para ouvir as reclamaçoes do povo!!!

    Eu conheço SVicente de lés a lés!

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  6. Foi, foi o mesmo Mindelo, pelo menos o Mindelo da minha juventude, sobre o qual teremos diferentes olhares e diferentes vivências: eu de carro e V. a pé...Ali+as, eu consegui comprar a meu pai o meu 1 carro, em 2ª mão (um Seat 500), tinha já 31 anos...e uma larga experiencia de andar a butes... E lembro-me do mar de milho plantado ali nas imediações do campo da Fontinha, de tal forma que até passaram a chamar-lhe Ribeira de Paúl...E lembro-me da tristeza das pessoas que víam as suas sementes perderem-se na terra seca pela chuva que não vinha mas que semeavam, sempre, na esperança de que um dia ela haveria de caír...O vento, meu caro...o vento soprava sempre, mais do leste que do norte e não havia como fugir dele e não deve ser paradigma do mindelense, apenas, não gostar do vento excessivo: eu também não gosto mas andei cerca de 30 anos a enfrentá-lo, diáriamente, estóicamente, naturalmente...Há coisas que não basta conhece-las - é preciso senti-las!
    Mindelo, "forever" com ou sem chuva, com ou sem vento mas, com muito carinho...

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  7. Sr anonimo, desculpa mas de Portugal ao USA, muito pouco Caboverdeano que goste da chuva e isso nao quer dizer que os Caboverdeanos nao goste da chuva! Mas o titulo do blog fala por mim(arroz com atum) que poderia ser katchupa d'atum e katchupa e' midjo, e midjo e' tchuba!

    Manu Moreno
    Kel Abxom di kuraxom!

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  8. Oh Manu, aprende a ler; Estamos a falar do MINDELENSE e nao do "caboverdeano".

    Em S Vicente era tão conhecido que o mindelense não gostava da chuva, (anos 60/70 por cemplo) que a mata no Liceu dizia que chuva tinha que dar so em Sintanton, que a gente chamava o quintal, o celeiro de Soncente.
    E agora vou ser mais explicito e usar um desses palavrozinhos que a mata dizia.

    3ês txuvinha da merda ja começà ta dà, para bem impedime de sair de casa, pa bai para quel fistinha".

    Isto era generalizado na minha geraçao.

    QuanTo a visoes diferenets. Olhe que nao Zito, olhe que nao;nAO ESTOU A FAZER JUIZOS mas a descrever um facto real.

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  9. Alias ha outra expressao que traduz o quase o odio que a malta tinha pela chuva.

    "Hoje ê um pingue, um pôte".

    Traduçao: utilizavamos esta expressao que era dita ou com o tom ironico demolidor do mindelense ou com uma sanha raiva dos diabos.

    Mas dizia a traduçao era porque nao gostamos dessa chuvinha e ela està a cair contra a nossa vontade, entao que seja como um diluvio para levar toda esta ilha....

    Esta visao das coisas era corriqueira nas geraçoes da minha mae, até à minha dos anos 50/60....

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  10. No meu entendimento - e gostaria que algum linguista se pronunciasse - UM PING' UM POT tal como CHUVA DE MATÁ P'TIN...apenas farão referencia a CHUVA INTENSA...Não consigo lêr ódio ou simples repulsa nestas expressões...

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  11. Eheheheh.....aprender a ler?!?....ups, se calhar e' de tanto ler que ganho tempo em dealogar consigo amigo, mas eu nao sou daqueles que engole antes de mastegar e se eu iterpretei mal peco desculpa!
    Manu Moreno
    Kel Abxom di kuraxom!

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  12. Nao é birra Zito, acredite-me! E' que eu sou um debatedor rigoroso! Portanto, vai-me desculpar, mas o rigor intelectual exige que estejamos à altura e falemos nao por acharmos que é assim, mas porque é, porque temos exemplos e referências concretos.

    Eu quando digo que a gente dizia Um pingo um pôte, na acepçao que lhe dei, é com base naquilo que eu ouvia à minha volta. Os comentarios eram do género: "hoje esta chuva vai levar tudo". "Oh dEUS, bôcê mandal hoje um pingue um pote, pa leva tudo isso".

    Se o Zito, acha que tem versao idêntica, tem entao que dar exemplos como eu dei. Os meus exemplos nao sao inventados. Era o que eu ouvia entre as gentes do povo de Mindelo. E na minha geraçao, mesmo no Liceu, quando a gente nao conseguia vestir uma boa camisinha branca, ou umas sapatilhas brancas, ou uns sapatos bem engraxadinhos!...
    Eu falo sempre daquilo que sei?

    Por exemplo sobre o seu ditado "chuva ta mata ptin", confesso que é a primeira vez que o oiço. Ja vasculhei na minha memoria e nao consigo dar-me com esse ditado, pelo que fica aqui a minha ignorância sobre a interpretaçao que o Zito lhe da!

    jA AGORA VOU tentar procurar saber donde vem esse ditado e o que significa, mas fica para ja registada a sua versao.

    Enfim, que dizer do Manu? Nao, nao tem de epdir desculpas. So tem de saber que eu sou um polemista que estuda todos os dias; MAS ficou claro com esse ditado do Zito, que nao sei tudo; alias ninguém sabe, sobretudo nessas matérias do crioulo, que nao fazia parte do curriculum escolar..

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  13. CHUVA DE MATÁ P'TIN e não CHUVA TA MATÁ P'TIN...Em ambos os casos os p'tin acabam mortos mas o conceito não é o mesmo...Quanto ao resto...estou a digerir, por enquanto!

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  14. Um debate jeometrico(cone) de 3bicos! Gostei e com muita elevacao e etica!
    ManuMoreno.
    Kel Abxom di kuraxom!

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  15. Manú, creio que estas "aságuas" aínda vão ter desenvolvimentos e, do meu ponto de vista, pouca ou de mais, paciencia, o que é preciso é que venha...

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  16. Desculpe mas não tem nenhuma imagem surripiada, compare-a com a que estas referindo e veras que são diferentes.
    Esta composição gráfica foi trabalhada em cima da foto original

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