Tínhamos ficado naquela de que Mariazinha era um autentica Cleópatra, não apenas na proverbial beleza mas graças, também, ao seu narizinho arrebitado, cabeça levantada, passo firme, embora curto...
Manecas, primo dela, e que sabia - ou desconfiava - da minha paixão pela prima, segredou-me uma tarde que ela se tinha zangado com o Nhelas (Daniel), um xico fininho com cara de poucos amigos e com a mania de que era mau...Havia largos meses que eles namoravam mas eu, sem curar muito sobre a situação e consequencias do meu acto, não perdi tempo a sair da minha concha e lá vesti a minha "farda" de conquistador: camisa de dois bolsos e mangas curtas, em nylon castanho claro, calças compridas de linho branco, sapatos de atacadores, de couro de duas cores, castanho e branco, tacão de borracha, cabelo penteado à maneira com a minha popa sustentada por uma dose extra de Brylcream, uma espécie de brilhantina inglesa que facilitava os penteados, dava brilho ao cabelo e cheirava deliciosamente...Pendurei ao pescoço o fiozinho de ouro com uma medalhinha do meu signo (Gémeos) e, no pulso esquerdo, o meu relógio Tissot, no bolso lenço lavado com um cheirinho do perfume da minha mãe e, no "fucsin" alguns trocos para umas "sucrinhas" ou pastilhas de "chuinga"...
Quando cheguei à Praça Nova, lá andava ela, mais três miúdas, naquelas intermináveis voltas a todo o perímetro da praça, falando, animadamente, vá-se lá saber do quê...Andei por ali, meio escondido, a ver se via o Nhelas, pois não queria arranjar nenhuma "riola" logo no primeiro dia da minha conquista à praça, agora abandonada e deserta...
(Continua um dia destes...)
Creio que entendo porque não tem comentários. As pessos estão sem palavras...
ResponderEliminarNão sou unknown. Sou Paula Simão!!
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