Quando meu filho Paulo tinha 3 anos de vida, a família tinha vindo para Portugal, em férias, corria o ano de de 1969. Tínhamos desembarcado do paquete "Funchal", no Cais da Rocha de Conde de Óbidos, numa manhã ensolarada, depois de uma viagem de quatro dias de uma perfeição digna de nota...O Porto Grande já estava longe e S.Vicente já era uma saudade...
Depois da enorme barafunda da recolha das bagagens de cabine, da passagem pela Alfandega (ficaram-me com seis garrafas de whisky que recuperei na viagem de regresso), onde os verificadores faziam uns rabiscos a giz nas malas depois de terem metido o nariz em tudo e mais alguma coisa...
Um tanto apertados dentro de um táxi lá nos metemos no inferno do transito da Marginal, com filas de carros em todas as direcções e a habitual chinfrineira de buzinas mais ou menos estridentes...Foi quando o Paulo, que espreitava, embebecido pelo óculo traseiro do carro exclamou: "Mamã, mamã... tás a ver? Lisboa tem tanto casamento?!
~o~
Lá seguimos viagem, sem mais incidentes, até ao Carregado, a pouco mais de 6 quilómetros de Vila Franca de Xira...Fazia um calor sufocante, a convidar a uma loirinha fresca acabada de tirar já na companhia de meu irmão que tinha chegado dias antes com a mulher...Enquanto tentávamos dar vida a um velho televisor, até porque, daí a uns dias, os americanos se preparavam para pisar a Lua, as senhoras tratavam da janta...
Convém aqui referir a estranheza que as pessoas sentem quando chegam à Europa meridional vindas de localidades mais a sul do globo ao depararem com os longuíssimos dias do nosso Verão, com a presença do astro-rei a prolongar-se até depois das 9,00 horas da noite..
Foi, certamente, por isso que, quando a minha cunhada nessa tarde-noite exclamou: "Meninos: prá mesa que o jantar está pronto!", o Paulo comentou: "O quê? Jantar com Sol?"...
Perspicácias de uma criança de três aninhos...
Sem comentários:
Enviar um comentário