Angola é uma terra imensa...Na escola, a gente aprendia que era 14 vezes e meia maior do que Portugal mas, na altura, que me recorde, apenas tinha pouco mais que 5 milhões de habitantes. Ao espreitar pela janela do combóio, a gente tinha a verdadeira dimensão do gigantismo territorial, com as planicies estendendo-se para além do horizonte...Aqui e ali, um pequeno aglomerado de cubatas, dava um sinal de vida à paisagem deserta.
Estranhamente, a temperatura atmosférica parecia ter descido e, naquele tempo (1957...) as carruagens do Caminho de Ferro de Benguela não tinham ar condicionado...Porem, a explicação era simples: estávamos subindo para o Planalto do Huambo que, segundo se dizia, era a zona de Angola, juntamente com Sá da Bandeira, onde se fazia sentir um clima mediterânico quase perfeito que permitia cultivar-se naquelas paragens os mesmos produtos da Europa Meridional. Era, de resto, famosa, a laranja da Umpata, perto de Nova Lisboa, cidade belíssima fruto do sonho de um militar célebre, o General Norton de Matos.
Senti-me muito orgulhoso ao passar tão perto da terra (Umpata) de um célebre futebolista que fez parte de uma não menos célebre equipa do Sporting, a dos "cinco violinos", em que pontificava esse angolano, goleador implacável, que dava pelo nome de Fernando Peyroteo...A minha saudade de homenagem a um grande desportista e a um grande homem...
E a viagem, essa continuava, comigo a disfrutar de outra experiencia nova que era a de dormir enquanto o combóio devorava quilómetros...E devo confessar que há muito tempo não dormia uma noite tão confortável, de pijama e tudo, embalado pelo macio baloiço da carruagem e o hipnotizante clic-clac-clac das rodas da composição martelando sobre os vãos de dilatação dos carris...Parecia uma canção de embalar...
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