Ainda hoje, passados para aí 70 anos desde que comi o primeiro "purtcháb" em Cabo Verde, não consigo perceber (!) como é que há gente que não gosta deles...Eu até posso entender que os percebes sejam o parente pobre dos mariscos mas só se for por via do seu aspecto quáse fálico porque, meus caros, em matéria de paladar, de textura, de consistencia, nada se lhe compara, principalmente se eles forem de S.Nicolau...Em Portugal, infelizmente, apanham os coitados quando aínda são tão bebés que só se conseguem comer com a ajuda de uma pinça cirúrgica e têm a lata de os vender ao preço do ouro de lei...
Regressado de Cabo Verde em 1977 - onde havia chegado em 1943 - vivo hoje, como decerto compreenderão, de muitas memórias que inexorávelmente me ligam a pessoas, a lugares a manjares, cujos fantasmas me acompanharão até à cova...Não errarei muito se disser que os percebes, os meus ricos purtchábs, com aquele inegualável sabor a mar, povoarão os meus sonhos mesmo para além da morte...Assim o desejo!
Percebo que o Zito percebe de gostos que se percebe que são daqueles bons que a gente percebe.
ResponderEliminarPerceba o Zito que está aqui um percebedor que percebe de percebes e que não tem dúvidas da grande percepção que os percebes sempre receberam nas suas papilas gustativas. Comeu-os às toneladas, em tamanho quádruplo e quíntuplo dos que vendem aqui em Portugal, vindos directamente da Frigorífica e da Congel, dos melhores do Mundo, embora não os tenha comido de mais parte nenhuma mas estes só podiam ser os melhores do Mundo. Percebe-se... eram de Cabo Verde!
Perecebeu? Se não percebeu, vá ao Jumbo e compre um molhinho deles e ao mesmo tempo compre uma lupa...
Braça percebida, do
Djack Percebido
Ainda a propósito do perceptível gosto dos percebes, aqui fica um excerto de "Paris é uma Festa", do Hemingway que não mete percebes mas mete ostras, ditas "portugaises", e algo mais.
ResponderEliminar«Fechei o caderno; meti-o na algibeira de dentro e pedi ao criado uma dúzia de 'portugaises' e meia garrafa de vinho branco, seco, da casa (...). Comi as ostras, que possuíam um forte sabor a água do mar e um leve travo metálico que o vinho branco e fresco ia neutralizando para lhes deixar somente o gosto próprio da sua massa suculenta, e, à medida que ia bebendo o líquido frio de cada concha e o fazia descer com o vinho fresco e bem apaladado, ia deixando de sentir a tal impressão de vazio. Comecei a sentir-me feliz e a fazer planos.»
Bem, o mesmo se poderá dizer dos percebes, sem tira nem pôr. Perecebe-se que o Hemingway percebia desta coisa da qual o Zito e eu também percebemos. Resumido, quem não percebe só pode ser por um motivo: não tem percepção.
Braça ostro-percêbica, do
Djack
gralha em "Perecebe-se". Claro que é "Percebe-se"
ResponderEliminarMeu caro, uma vez, na Nazaré, tentei degustar um minusculo molhe de percebes microscópicos e não consegui pois senti-me desconfortavelmente pedófilo...
ResponderEliminarHá dois ou tres anos, ainda comprei no Jumbo uns espécimes de razoáveis dimensões e sabor recomendavel, com origem na Costa do Marfim...Há muito tempo que não há!
Tristemente despercebido,
Zito