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quarta-feira, 29 de julho de 2009

HISTÓRIA DE UM BANHO...



Chamava-se Ildo mas a gente chamava-lhe "senhor engenheiro" pois, apesar dos seus problemas de índole mental, dizía coisas com inegável sentido. Consta, até, que tería sido, no seu tempo, um aluno brilhante e tería ficado "assim" por tanto e tanto estudar.
O certo é que era um indivíduo atilado, inofensivo, de olhar perdido num outro mundo. As pessoas mais próximas dele afirmavam que, por vezes tinha lampejos de lucidez, durante os quais o olhar e a expressão facial se alteravam e ele olhava em volta, como se perguntado, sem pronunciar uma única palavra, que lugar era aquele. Enfim, estava ali uma pessoa inegávelmente inteligente agrilhoada a um tipo de loucura que nunca chegou a ser diagnosticado. Se não, atente-se na história que meu pai contava, acontecida pelos anos 50 do século passado.
Estando ele, o meu pai, à porta do seu estabelecimento, na Rua de Lisboa, aparaceu o Ildo que, sem mais nem menos, lhe pediu...um fato! Meu pai olhou-o de alto a baixo e ter-lhe-á dito que sim, que lhe daría um fato se ele fosse tomar um bom banho, pois estava todo sujo. O Ildo concordou com um acenar de cabeça.
Regressou, dias depois e, pelos vistos, mais sujo e esfarrapado do que nunca, e vinha reclamar o prometido fato. Meu pai retorquiu-lhe, mal humorado, que não via vestígios de qualquer banho que ele tivesse tomado e, então, calmamente, o Ildo disse:
-Sabes, Azevedo, há pessoas que tomam banho de chuveiro e há pessoas que tomam banho de tina...Eu, tomei...BANHO DE SOL!
Não sei se o meu pai lhe chegou a dar o fato mas é bem certo que o merecia...
Zito Azevedo

2 comentários:

  1. O Porto Santo continua a ser o meu destino de férias preferido.
    ...e tem razão a comida é mesmo divinal.
    Ainda existe aquela barraquinha de gelados de máquina na praça perto da casa de Colombo?

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