PASSO DE CARACOL...

Acabo de chegar a casa, em Monte Abraão, Queluz, e são 18 horas, 11 minutos e vinte e seis segundos, tendo transcorrido 1 hora, 8 minutos e alguns segundos desde que saí de Lisboa, da zona do Areeiro, de automóvel. Faço este percurso desde o dia 7 de Novembro do longínquo ano de 1977, tendo batido o recorde de lentidão num certo dia de Abril de 1985, quando, tendo saído do escritório às 18,00 horas, cheguei a casa às 22,30...O recorde inverso é de 18 minutos, mas com batedores da GNR e em carrão preto com luzinhas azuis a piscarem...

Antigamente era a pé até à estação da CP de Queluz/Belas, comboio até ao Rossio e metro até ao Saldanha e, por norma, em 45 minutos eu estava sentado à minha secretária, de "mata-bicho" tomado e o cigarro fumado.

Depois, claro, fui envelhecendo e as viagens de comboio e metro, autenticas lutas de tracção, duas vezes ao dia, começaram a reflectir-se nas articulações. Decidi começar a fazer as idas e vindas de carro e, catrapuz, o tempo passou logo para o dobro e, quando conseguia menos de uma hora já pensava que era caso para o Livro dos Recordes...Já, então, trabalhava na zona do Areeiro, tendo á minha disposição um túnel, um percurso algo complexo entre o Campo Pequeno e a Praça de Espanha, depois, assim-assim, até à A5 com o sol a dar-nos nos olhos, seguida da célebre rampa dos Cabos d'Ávila (a fábrica ja fechou há que tempos...), uma IC19 que até mete medo e uma entrada em Queluz - Monte Abraão, onde já várias senhoras deram à luz e deve ser o local do planeta onde se consome mais gasolina por segundo...E a gente a rezar para que venham as férias ou dias 10 de cada mês porque há manos carros num caso por as criancinhas estarem em casa ou porque, no outro, há menos dinheiro na carteira para o combustível que é uma coisa que, por ser de consumo intensivo, sobe de preço todos os dias.

Quer isto dizer que melhoraram de forma considerável as condições rodoviárias colocadas à disposição dos utentes auto-transportados; isso é inegável...Só que de há 30 anos a esta parte não sei se é exagero dizer-se que a população dormente duplicou, o que fez aumentar de forma exponencial o numero de veículos em circulação mas mantiveram-se os mesmos e estreitíssimos acessos às cidades satélites que nascem como cogumelos na orla das auto-estradas. Cabecinhas pensadoras...

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