Creio que as décadas de 40 e 50 do século passado balizam uma era em que Portugal detinha uma frota mercante assinalável com três empresas de grande dimensão comandando o transporte de mercadorias e de pessoas, entre Portugal e as antigas colónias, incluindo o Brasil.No que se refere ao transporte de passageiros, recordo alguns nomes de paquetes que escalavam o Porto Grande (S.Vicente/C.Verde), nas suas viagens entre Lisboa e Luanda, Lourenço Marques e Rio de Janeiro, como o Pátria, Funchal, Amélia de Melo, Vera-Cruz, Infante D.Henrique, Príncipe Perfeito e outros. Costumavam ficar fundeados a meio da baía, imponentes e de linhas elegantes, durante largas horas, o que era motivo para um fluxo razoável de pessoas ir a bordo, ou por mera curiosidade ou, até, para almoçar ou jantar, a preços razoáveis, nos enormes salões e tomar um café ou cocktail no acolhedor bar, fumando uma cigarrilha "Talvis", acabada de chegar do Rio. As senhoras aproveitavam para aprimorar os seus penteados no cabeleireiro de bordo, e para tratar das unhas. Enfim, durante uma horas vivia-se um ambiente de algum requinte que fazia bem ao ego e era uma agradável variante para a vida rotineira de todos os dias...Depois ficava-se, em terra, vendo o paquete zarpar em direcção a Lisboa ou ao Rio e, nostalgicamente, lá se voltava à realidade. Afinal, tinha sido um óptimo "Dia de São Vapor"...
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