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sábado, 30 de julho de 2011

O DIA EM QUE MEU IRMÃO (NÃO) MORREU...

Era um casamento...Por acaso, o de meu filho Paulo, o único do tipo a que a maioria da vaga de convidados e, se calhar, alguns penduras jamais teria assistido...Para uma ideia  - embora vaga - imaginem-se os colegas de trabalho do nubente,que vinham, todos, impecavelmente encadernados em camisas, gravatas de seda, casacos de corte italiano...calções de banho e chinelos japoneses...É que havia piscina e houve  cerimónia civil celebrada perante um funcionário do Registo Civil pouco àvontade, nada de fatos, nada de vestidos e chapéus complicados, tudo na maior, por entre a mesas disseminadas por aqui e por ali, os grelhadores inundando os ares de estranhos aromas, chapéus de sol imensos, niagaras de caipirinha, musica à maneira e montes de gente feliz, na Quinta "do não sei quantos", longe p'ra caraças mas uma beleza de sítio...Jamais esquecerei  o prazer de um mergulho entre duas caipirinhas e uma boa lasca de picanha, ao longo de horas, num ambiente que, na altura, me pareceu vizinho do paraíso...
Às tantas, já era noite e estava tudo com um grão na asa, incluindo meu irmão, tão volumoso ou mais do que o irmão dele, tipo bem disposto, de bexiga exigente...E lá foi ele, até ao pavilhão, aliviar águas onde, estamos hoje certos, não deve ter resistido a sentar-se na sanita o que, com os miolos a rodopiar, era convite inevitável para passar pelas brasas...E passou! De tal forma que, quando acordou estremunhado e saiu para o ar livre, reinava um silencio sepulcral, não havia vivalma à vista e o ambiente, todo ele iluminado a velas colocadas pouco acima do solo, parecia outro mundo...De olhos esbugalhados e coração apertado, deu consigo a pensar: "Ora, porra, morri!"...
Foi quando, começou a ouvir uns sons pouco usuais e, apesar de morto (!), lá seguiu a pista sonora e foi desembocar numa clareira onde, afinal, estava todo o mundo a assistir a uma exibição de musica tântrica ou algo que o valha...Suspirou de alivio, emborcou um bom gole da caipirinha mais próxima e sentiu-se ressuscitado...A família e os amigos, uma vez conhecedores da história, fizeram do facto motivo para comemorar o segundo nascimento do meu mano, que, desde então, não voltou a morrer e se encontra de boa saúde mas, por motivos óbvios, saudoso "da noite em que (não) morreu"...

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