Páginas

terça-feira, 30 de agosto de 2011

A PRESUNÇÃO DA INOCENCIA...

O sorriso de Dominique Strauss-Kahn, antigo Director do FMI, detido em Maio, em New York no meio de um autentico circo mediático muito à moda dos Estados Unidos, reflecte o que decerto lhe vai na alma, depois de contra si terem sido retiradas todas as acusações que tinham levado à sua detenção. Na realidade, os procuradores consideraram que o caso não tinha sustentabilidade para seguir para julgamento, devido às contradições nos depoimentos da alegada vitima e a falta de provas concretas...
O jurisprudencia americana também diz defender o primado da presunção da inocencia dos acusados até que as investigações ou os julgamentos provem o contrário mas, infelizmente, nem sempre as coisas são conduzidas por forma a respeitar tal principio e, no caso de Strauss-Kahn, as atitudes condenáveis da policia de Nova Iorque na montagem do espectáculo da detenção como se tratasse da captura de um qualquer terrorista apanhado em flagrante delito, com algemas, empurrões e outras formas mais ou menos ostensivas de ameaça física e psicológica foi a mais pura demonstração de racismo social a que assistimos em directo...Até parece que a policia americana anda a ver séries policiais a mais...
Depois foi o que se sabe, com interrogatórios intermináveis, idas e vindas às audiências dos júris, a fixação de residência, acareações, pressões, enfim, o habitual...
Por fim, dizem ao detido que, afinal, foi tudo fita: ele não fez nada, a fulana que o acusou não diz coisa com coisa e ele, apesar de ter rabos de palha (terá ?), não fez nada de condenável...Dão-lhe uma palmadinha nas costas e...sorry, Sir!
Quanto é que terá custado a defesa de Dominique?
Quão profundas serão as feridas psicológicas?
Que influências sofrerá a sua vida profissional?
Que beliscaduras atormentarão o seu matrimónio?
Que consequências no seu relacionamento social?
Que fragilidades no seu estatuto de figura publica?
Porque, que diabo, não se pode fazer a um qualquer cidadão o que foi feito a este homem, julgado inocente pelos seus algozes mesmo antes de ser julgado, sem que alguém ou alguma instituição seja chamado à responsabilidade por abuso de autoridade e excesso de zelo moral na proporção da monstruosa injustiça que lançou Dominique Strauss-Kahan para o lamaçal do julgamento publico, felizmente, sem sucesso...

6 comentários:

  1. Eu como um leitor assíduo deste seu blogue, que aprecio muito, não posso deixar de discordar consigo relativamente a esse olhar que tens do caso DSK.

    O homem é reincidente neste tipo de situação e a única razão que não tem nenhuma acusação prévia a este caso é por causa da cultura europeia, a francesa e italiana, onde o "homem maduro" com posses e influência é visto com jovens (e muitos menores de idade) como uma coisa normal e até sofisticada...

    Nem preciso dar o exemplo do Berlusconi.....

    Existe dois factos importantes neste caso que não podem ser descartadas:

    Facto 1 é que realmente a empregada do Hotel se contradiz muitas vezes durante o depoimento isso porque, acredito, foi influenciada por alguns abutres típicos nestas situações a perseguir mais do que a simples justiça neste caso. Queria dinheiro.

    Facto 2 é que foi encontrado, nas análises dos médicos especializados e autorizados pela corte, indícios de violações recentes na empregada. Tentaram vender que foi "sexo duro", mas os médicos negam essa probabilidade.

    Sendo assim, no meu ponto de vista, o DSK violou sim a mulher, forçou ela sob ameaças de despedimento, a fazer sexo com ele.

    Mas graças a sua enorme influência e dinheiro, ele escapa a uma acusação. E é isso que me aflinge, o facto de que a justiça pode ser comprada.

    Existe muitas pessoas que se tentam aproveitar de celebridades para conseguirem dinheiro e fama (ve-se o caso de escandalos de atletas desportivos) mas isso não significa que estes são sempre vitimas e que os outros são sempre mentirosos.

    Única pena que fico é o facto da mulher ter-se tentado algo mais do que a justiça que seria dela.... pena....

    Cumprimentos!

    ResponderEliminar
  2. Obrigado, amigo, pela presença e pelo comentário...Mas, note-se, eu não tenho uma posição sobre o caso DSK, apenas comento, com base nos dados disponibilizados pelos media, sob os pontos de vista que mais me ferem a sensibilidade, neste caso, o da "presunção de inocencia"...Notará que nunca afirmo, peremptóriamente, que o homem é inocente - ele foi-o pelos seus próprios algozes...De resto, não me repugna a ideia de que não seja inocente...Mas, para um homem declarado "inocente" depois de ter sido cruxificado haverá sempre algo a reparar, por muito que a nossa sensibilidade e visão pessoal dos fenómenos nos diga o contrário...As autoridades americanas jogaram um poker com cartas viciadas? Deixarams-se bater por um "bluff" de cifrões? Serão os procuradores de N.Y. incompetentes, distraídos ou já contavam com o coelho na cartola, pronto a ser exibido como troféu de uma qualquer caça ao homem?
    Meu amigo: tão mau, ou talvez pior, do que um "homem maduro" que se atira a negras de meia-idade (com todo o respeito pela côr e pela idade da senhora...)num hotel de maior ou menor luxo, é a Lei de Linch!
    Um abraço do "velho" legalista
    Zito Azevedo

    ResponderEliminar
  3. Calma, homem, nao va tao depressa, dans la besogne como dizem os franciùs!

    Olha so esta de hoje no Libératio de alguém que conhece bem o Dominique e falo do antigo primeiro ministro Rocard:

    "dominique a une maladie mentale, qui ne lui laisse maîtriser ses pulsions".

    E atençao, que Rocard, ja vai na sua terceira mulher psicanalista!
    O homem sabe do que fala!

    Sejamos mais rigorosos. O que é que diz das dezenas de pedidos apresentados em gabinetes de advogados para queixas-crimes contra o nosso criminoso sexual?!

    Espere pois para mais evoluçoes nas proximas semanas, porque o gajo é conhecido em todo o Paris mundano como um autêntico Sade dos novos tempos;

    Nao é apenas uma questao de gostar de sexo; o gajo viola, espanca e agride as mulheres todas com quem tem sexo com ou sem consentimento; as mas linguas dizem que entra como é obvio no rol a propria mulher.

    Estamos perante gente perversa, de doentes mentais como diz Rocard...

    ¨Prof Masoch

    ResponderEliminar
  4. Diacho, com tanto lume aínda se me esturra o arroz no tacho...Vou tentar colocar alguma água na fervura...Eu não sou nem contra nem a favor de DSK e apenas me sirvo do homem e do seu caso mais recente para construír o "meu" caso em torno de algo que me ofende visceralmente: o abuso da autoridade...Te-lo-ei feito de forma rebuscada? Mea culpa!

    ResponderEliminar
  5. Claro que foi de forma rebuscada!!

    Mas como nao sei onde se informa sobre o caso, aqui tem apenas um cheirinho sobre as ultimas com links e tudo:

    http://www.lefigaro.fr/politique/2011/08/31/01002-20110831ARTFIG00599--sarcelles-le-pere-de-l-ex-maitresse-de-dsk-parle.php


    Prof Masoch

    ResponderEliminar
  6. Obrigdo, prof. e desculpe lá a rebuscadura...É o espirito causídico que vive em mim!

    ResponderEliminar