Páginas

quinta-feira, 24 de maio de 2012

O ETERNO TRIANGULO...(4)


Tudo corria às mil maravilhas, o céu era azul e as noites estreladas e os sapatos já andavam a pedir tacões novos de tantos quilómetros na Praça Nova...mas durou pouco!
Um dia, no intervalo antes da aula de inglês, o Lucas veio falar comigo (ele era da turma do Nhelass) a dizer-me que ele andava a falar à boca pequena que tinha que dar "uma carga de porrada" por andar com a namorada dele e coisas do género...Fiquei preocupado mas não dei parte de fraco e, por meias palavras, como que lhe mandei um recado pelo Lucas, dizendo-lhe, apenas, "quando e onde ele quisesse"!
Andei ansioso o resto da manhã e quando, à saída do Liceu, contei à Mariazinha, ela ficou danada: que eu era doido, que ele era parvo e que ela não era nenhum troféu de guerra! Claro que estava certa mas eu é que não podia dar parte de fraco e andei dois ou três dias sempre a olhar por cima do ombro quando andava na rua: o Nhelass e a sua cambada não eram de confiar...e, como se dizia em crioulo, "quen ten cu, ten medo!" 
Era uma quinta-feira, dia de estreia no cinema Éden-Park e, no intervalo, lá estava eu e a minha malta a fumar um "Chesterfield" às escondidas, quando aparece, outra vez, o Lucas, com  a noticia que o "duelo" seria no dia seguinte ao pé do Padrão, que o Saturnino sería o padrinho do Nhelass e que eu devia escolher o meu...tudo como mandava o figurino dos filmes de capa-e-espada. Escolhi o Manecas, claro e debaixo de uma enorme camada de nervos lá fui ver o resto do filme mas acabei por não perceber patavina: o meu pensamento estava ocupado com outras aventuras e quase que entendi como se deviam sentir os bois a caminho do matadouro...
(Continua, um dia destes...)

2 comentários:

  1. Uma nove com suspense... Digna dos mais famosos escritoes!
    Paula Simão

    ResponderEliminar
  2. Onde se lê nove, deverá ler-se novela e onde se lê escritoes é claro que é escritores.

    ResponderEliminar