Mil e muitos quilómetros depois, aí estávamos nós em Vila Teixeira de Sousa, hoje Luau, a dois passos da fronteira com o então Congo Belga... A vila era pequena mas agitada e, aos fins de semana, havia grandes farras no Hotel Terminus, graças aos belgas que vinham do Dilolo ao cheiro da caldeirada de cabrito e do vinho verde Casal Garcia...Estes fulanos, principalmente os mais jovens, funcionários dos Caminhos de Ferro, vinham da Bélgica, imaginem, com mulheres de aluguer...Isso mesmo!
Como vinham em comissões de serviço de dois, três anos, colocavam anúncios nos jornais destinados a mulheres que estivessem dispostas a ir para África por tempo limitado como companheiras (de tempo e corpo inteiros) contra o recebimento se uns tantos milhares de francos belgas...Essas lourinhas faziam as delícias dos D. Juan angolanos (e não só) com quem se divertiam enquanto os "maridos" se enfrascavam até cair...
Foi aqui, em Teixeira de Sousa, que nas Festas do 15 de Agosto de 1959 comi o leitão assado mais saboroso de toda a minha vida...Soube, depois que, afinal, era leitão, sim, mas de...javali ou, melhor, de focochero...Uma delícia!
Do outro lado da fronteira, a menos de 6 quilómetros, ficava a vila congolesa de Dilolo onde, mais tarde, haveria de conhecer um comerciante grego, de nome Panagis que tinha duas filhas lindíssimas, de história acidentada, e um empregado de confiança que haveria de ser conhecido internacionalmente. Chamava-se Moisés Tchombé, falava português fluentemente pois tinha andado na escola em Benguela onde a família se tinha radicado anos atrás. Pareceu-me ser um fulano calmo e culto e, na altura, não passava pela cabeça de ninguém o infortúnio que lhe estava reservado no banho de sangue que se seguiu à independência do Congo!


Nota especial, para afixar na porta do frigorífico ou no espelho do armário da casa de banho: "O Djack disse-me que se eu não publicar estas notas em forma de livro isso constituirá crime!"
ResponderEliminarBraça,
Djack
ANOTADO COM O DEVIDO CARINHO E TODOS OS RECEIOS INERENTES A TAL TAREFA...
ResponderEliminarUm abraço,
Zito