Páginas

sexta-feira, 3 de maio de 2013

UM HERÓI ESQUECIDO...


Este garboso marinheiro chamava-se MANUEL ERNESTO AVELINO, era natural da Ilha do Fogo, Cabo Verde,  e foi, talvez se não o primeiro um  dos primeiros caboverdianos a emigrar para a Holanda, passou-se isso em 1898...Foi casado com Willenpje Heijndijk de quem teve dois filhos, Luzia e André e viviam, todos, na cidade de Brielle, enquanto Avelino ganhava a vida como marinheiro de 2ª classe, a bordo do navio mercante holandês Colômbia, da Companhia KNSM...
Com os estalar da guerra, o Colômbia foi requisitado pela Marinha  da Holanda e, em 1941 foi transformado em barco de guerra na Escócia, armado com 18 canhões e metralhadoras,  tendo como função fornecer os submarinos holandeses de víveres, combustíveis e munições...O emigrante Avelino viu-se, assim, transformado em marinheiro de guerra da Armada Holandesa, situação que, embora legalmente irregular não o assustou nem demoveu..
O Colômbia tinha a sua base em Colombo, na antiga Ceilão, hoje, Sri Lanka, mas, em 1943, viajou para a África do Sul, em má hora pois, perto da cidade do Cabo foi descoberto pelo submersível alemão U256 que disparou três torpedos, dois dos quais atingiram o navio de Avelino...Uma corveta da Marinha Britânica ainda tentou ajudar mas não conseguiu mais do que pôr a embarcação germânica em fuga...
Entretanto, os 318 tripulantes do Colômbia tentaram fazer descer as cinco enormes baleeiras salva-vidas...Avelino tomou lugar numa das primeiras a ser baixada mas depressa se verificou que havia problemas com três dos botes, presos num emaranhado de cordas e cabos...
Então, Avelino voltou a bordo, enquanto o navio se afundava rapidamente, ajudou a desembaraçar as três embarcações, e os seus colegas a embarcarem rapidamente e só quando todos estavam a salvo saltou da ré para o mar no instante em que o oceano reclamava mais uma vítima da mais ignóbil das guerras... Resgatado por uma das baleeiras, acabaram todos por ser recolhidos pelo Queen Mary, transformado em transporte de tropas, constatando-se que apenas havia 8 desaparecidos, não sendo estranho a este facto, o comportamento heróico do foguense Avelino que a Rainha Guilhermina, exilada na Inglaterra, condecorou em 1943, com a Cruz de Mérito. Foi louvado pelo Decreto Real Nº 21 e, antes do fim guerra ainda serviu em diversos navios da sua antiga Companhia.
Só em 1947 se reuniu à sua família, depois de lhe ter sido conferida a Cruz de Guerra da Holanda, 
Avelino recebeu a nacionalidade holandesa em 1947 tendo falecido, serenamente, em Brielle, em 8 de Junho de  1980, tinha 81 anos.
A história de Manuel Ernesto Avelino, caboverdiano do Fogo, foi recentemente contada, com profusão de fotos, num jornal de grande circulação na Holanda e os filhos do herói-marinheiro estão certos de que, em breve,  Brielle dará o nome de seu pai a uma praça ou rua ou praça da cidade...
E o Fogo, o que fará?

Recolha de Maria Odete Koene
(Adaptação)

2 comentários:

  1. Caro ArrozKatum

    Efectivamente a Câmara Municipal de Brielle já lhe prestou a devida homenagem baptizando uma rotunda com o seu nome.
    ( segue em separado uma foto ilustrativa)
    Mantenha

    ResponderEliminar
  2. Apreciei a evocação que fez deste ilustre foguense. Por sinal, tio da Anita Avelino Delgado como já bem referiu. Ela veio ter comigo e trouxe mais dados sobre esse ascendente para fazermos aqui nas ilhas alguma divulgação e ver também se conseguimos que a Câmara Municipal de S. Filipe, cidade-berço de Maunuel Ernesto Avelino,o memoriza,o celebriza, atribuindo o nome dele, por exemplo ao chamado Largo da Meia-Laranja, onde se encontra a casa, onde o nosso herói terá nascido. Ou outro tipo de homenagem que honre a memória deste ilustre patrício.
    Finalmente, gostaria de lhe pedir autorização para usar os dados dos seu artigo em algum trabalho que resulte desta iniciativa da Anita, à qual me associo com muito prazer.
    As minhas felicitações pelo seu trabalho.

    ResponderEliminar