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quarta-feira, 17 de julho de 2013

(5611) - ERA UMA VEZ, ANGOLA - XXXV ...


Da última vez que nos encontrámos, eu tinha batido, violentamente, com o chamado "peito do pé" numa das colunas da entrada da Missão Católica de Cazombo, onde ia a convite do Padre Dâmaso, para um churrasco de facochero (javali)...
O diagnóstico foi que tinha ofendido de forma grave um dos tendões que comandam alguns dos movimentos mais amplos dos pés. Como no Hospital não havia ligaduras gessadas, vi-me, ao cair do dia, estendido ao comprido na minha cama da pensão com o pé direito em ângulo de 90º com a perna, graças a umas talas em tabuinhas, obra artística e muito útil do Heitor que, pelos vistos, além de caçador, condutor de veículos e jogador de "king" também era carpinteiro...As talas estavam agarradinhas à perna e ao pé por um intrincado sistema de ligaduras de gaze e as dores que sentia eram pouco menos do que insuportáveis...
Assim estive, de perna estendida, por uma semana - três dias na cama e quatro numa cadeira de  verga e com o pé pousado sobre um puf gentilmente cedido pela D. Helena, esposa do Mário Matos, dono da pensão...
Depois foi-me retirada a tala e o pé ligado com todo o cuidado para reduzir os movimentos ao mínimo e lá ia, todos os dias, para a Administração, de Jeep com o Heitor ao volante...
Foram precisos trinta dias antes que eu conseguisse  movimentar o pé livremente e sem dor e calçar os meus botins preferidos.
Fiquei com uma espécie de calo no peito do pé que, ainda hoje, passados mais de 55 anos, me incomoda, na época do frio.
Respirei de alívio e acabei, semanas mais tarde, por ir à Missão, de carro, provar as febras grelhadas de um outro facochero que o padre Dâmaso havia caçado entretanto, mal desconfiando que o destino me estava a preparar uma prolongada estada num hospital...Um dia destes eu conto!

3 comentários:

  1. Estive no Leste de Angola, no subsector militar de Gago Coutinho, com Cazombo, sede de outro subsector, bem mais a norte. Foi lugar por onde não passei.

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  2. E quando foi isso, meu caro? Eu andei por aquelas bandas entre 1957 a 1960...
    Forte abraço,
    Zito

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  3. Ah, foi bem mais tarde, entre 1965 e meados de 1967.

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