Já vai longa esta digressão pelos recantos da memória e terá chegado a altura de referir algo que mudou, por completo, a minha vida, ocorrido, aliás, de forma um tanto bizarra, já que se trata do meu casamento, estando eu, o noivo, em Angola (Cazombo) e a noiva na ilha Brava (Cabo Verde)...
Chamava-se a isto "casar por procuração" o que obrigava a passar uma procuração a quem substituiria o noivo (ou a noiva)nos actos civis e canónicos...No meu caso, coube-me a mim enviar uma procuração nomeando meu futuro sogro, Antero de Jesus Leitão, meu procurador...
Foi no dia 3 de Outubro de 1957 que o casamento foi celebrado e abençoado pelo Padre Pio, um italiano que dedicou parte importante da sua vida aos cabo-verdianos, primeiro, na Brava e, anos depois e até à sua morte, em Boston, USA...Foi um Santo Homem a quem, aqui, rendo as minhas saudosas homenagens!
Conforme os relatos recebidos semanas mais tarde, foi uma festa linda em Nova Sintra, na presença de praticamente toda a família residente em Cabo Verde, tendo as pessoas de S.Vicente, entre as quais, minha mãe e madrinha, a D. Maria dos Anjos, esposa do Patrão-Mor do Porto Grande e obreira-mor do vestido da noiva, meu grande amigo e padrinho, José Pedro Afonso e outros convidados, viajado no Senhor das Areias. Aliás, o meu padrinho era telegrafista da Marinha destacado no velho bacalhoeiro transformado em cargueiro, que lá se ia movimentando graças às débeis forças de um motor que patenteava alguma dificuldade em fazer andar o pesado navio...
Em Cazombo, o dono (Mário Matos) mandou o cozinheiro matar um pato, do qual comemos uma canja e um assado muito razoável acompanhado de cuscús marroquino de fabrico artesanal...Foi servida cerveja fresca, uma garrafa de vinho espumoso e, inesperadamente, um bolo de fécula com cobertura e tudo, encimado, imaginem, por um parzinho de noivos...Foi um mimo das senhoras e meninas da família do Mário, o que muito agradeci...Estavam presentes, além do Administrador Estaca e esposa, o Padre Dâmaso, o Heitor e as pessoas da casa - o Mário, a esposa, a cunhada, o cunhado, e duas irmãs, todos muito divertidos...Fui ao quarto buscar o que restava dos charutos do McCosh e, constatando-se que não chegavam para todos quantos queriam fumar, resolveu-se cortá-los ao meio e até sobraram três metades...
Da foto que recebi com as noticias da boda e que abaixo reproduzo, só a noiva está viva...Os restantes foram-nos abandonando com o correr dos anos, deixando, cada um, um triste vazio na nossa alma...À direita da já minha mulher, Maria do Carmo, os avós e padrinhos, João Maria e Zulmira Feijóo e, à esquerda, o meu sogro e procurador, e os meus padrinhos, Pedro Afonso e minha mãe Laura...Já lá vão 56 anos...
É de facto triste ver estas fotos de casamento... nas minhas, também há uma grande maioria de vazios. E sou um bocado mais novo. É a vida... ou a morte...
ResponderEliminarBraça sem nada,
Djack
É O DESTINO, O QUE QUER QUE ISSO SIGNIFIQUE...
ResponderEliminarBraça vazio
Zito
Linda e graciosa estava a noiva!!!!
ResponderEliminarSaudações.
Dilita
Ultrapassada a bartreira dos 80 continua a ser uma bela mulher...
ResponderEliminarObrigado pela visita!
A minha mãe era, e ainda é, realmente lindíssima!
ResponderEliminarDa foto, nunca tive o prazer de conhecer os meus bisavós...
Gostei de ficar a saber um pouco mais da história.
Beijinhos
:-)
Obrigado, Paula...Ao fim e ao cabo, estas "pequenas" coisas também fazem parte da tua própria história pois pertencem à causa primeira da tua existência...
ResponderEliminarBjs~
Pai
Feliz idade, feliz cidade, feliz encontro que já dura tantos anos.
ResponderEliminarFeliz de quem permanece amante e amado por décadas.
Votos que assim continue por mais tempo!