Um interessante programa televisivo sobre as célebres chinelas bordadas de Viana do Castelo, acabou por me deixar de boca aberta, não pela beleza das chinelas e das socas mas porque, numa delas aparecia esta palavra bordada:
CURASÃO
Não acreditamos que o artesão que, aliás se expressava com toda a correcção gramatical, não saiba escrever a palavra "coração" pelo que haverá que ir buscar explicação para esta bizarria aos, por vezes, obscuros meandros do regionalismo...Estou receptivo a tentativas, mais ou menos etnográficas, para esta estranha questão...
É facílimo, caro Zito! Até me admira como ainda não sabe coisa tão badalada. Que descuido!!!...
ResponderEliminarOra vejamos...
Maria da Conceição da Agonia, vinda ao mundo em 1867 na Meadela, Viana do Castelo, nasceu coxa, com a perna esquerda 10 cm mais curta que a outra. Os pais, agricultores abastados, produziam o famoso vinho verde Agonia, muito bebido nas festas da dita Nossa Senhora.
Ora a São, pelo seu defeito físico, era motivo de troça dos colegas na escola. Porém, havia um deles que nutria grande paixão pela moçoila - a qual aos dez anos já era muito bonita e aos 18 uma estampa, cheia de saúde, qual Clara das "Pupilas do Senhor Reitor" - tirando a questão coxal, sempre motivo de desgosto da proprietária da perna mais curta.
Barnabé Silveira, o tal rapaz, agora homem feito, continuava a demonstrar o seu interesse por Conceição (o mesmo se passando do lado dela), mas a família dele, apesar dos bens da rapariga, não queria o casamento, alegando que certamente ele a partir do consórcio seria apodado de "marido da coxinha"...
Farto de ouvir tal desaforo, Barnabé foi a Afife, onde vivia uma velha bruxa, de nome Zulmira, mulher de um sapateiro, à qual contou a sua desdita. A velha, a troco de 100 mil réis, prontificou-se a tratar do assunto, dizendo-lhe que voltasse daí a oito dias, altura em que o feitiço estaria feito.
E assim aconteceu. Ao voltar com a quantia pedida pela bruxa, Barnabé viu que ela lhe entregava um par de chinelos feitos pelo marido de Zulmira, bordados com a palavra "Curasão" na parte superior. Que ela os calçasse e o seu mal passaria.
O resto, já se adivinha: São ficou curada, a perna cresceu (o que aumentou a área pernil a necessitar de depilação) casou com Barnabé e tiveram uma ninhada de filhos que herdaram as terras de família e deram origem à Cooperativa de Vinho verde de Afife-Meadela...
Ah! E todos viveram felizes para sempre, já me esqucia de dizer.
Bolas, ó Zito, não me diga que não conhecia isto, safaaa!!!
Braça inventório-escritória,
Djack
esquecia*
ResponderEliminarMuitos tapeceiros famosos usam mão dr obra barata das mulheres moradoras nas ilhas . O mesmo ocorre com as rendeiras do nordeste e , vez por outra, nos deparamos com erros dd português, quando o bordado tem texti.
ResponderEliminarArriscarua a dizer .. justiça divina!
Creio mais na versão brasileira pois, nestas coisas, o Djack não é de fiar...
ResponderEliminarBraça do curação,
Zito
A minha versão é rigorosamente verdadeira!!!
ResponderEliminarVem no "Almanaque da Relação das Origens da Palavra 'Curação' e Outras de Tipo Cardíaco" de Franquelim Arterial de Sangue Azul, publicado na cidade do Cabo, editorial Barnard, 1970.
Braça com jugular rota,
Djack
Isto já parece uma história do Conde da Transilvania...Grrrr!
ResponderEliminarBraça, arrepiado,
Zito
...e por falar em erro, vixe quantos no meu post!!
ResponderEliminarPerdão Djack, não tenha uma ataque. já expliquei do meu maldito teclado de celular e da minha desatenção cotumaz!