O
SEMINÁRIO – LICEU DA ILHA
DE
S. NICOLAU DE CABO VERDE
POR
JOSÉ
DOS REIS BORGES
Professor
do Liceu Infante D. Henriques
A história da sua
fundação e o papel preponderante por ele exercido na civilização do
arquipélago.
A elevação de Cabo
Verde a bispado em 1533, devia naturalmente corresponder a ideia de se fundar
um estabelecimento de ensino secundário para a instrução do clero.
Assim, por uma carta
régia de 12 de Janeiro de 1570 determinava-se a criação de um seminário na vila
de Ribeira Grande, na ilha de S. Tiago; mas a régia carta ficou, infelizmente,
letra morta, a despeito dos esforços empregados pelo então bispo de Cabo Verde,
o venerando prelado D. Fr. Francisco Cruz.
Dos imediatos
sucessores deste prelado, alguns houve que curaram do assunto tão zelosamente
como ele. Mas uns após outros, foram caindo, sem que o seminário se
efectivasse.
Dobraram depois anos,
muitos anos. A ideia, que ficara felizmente de pé, toma, ao depois, novamente
vulto, outra determinação surge, no mesmo sentido, em 1824. Era bispo da
diocese D. Fr. Jerónimo do Barco.
Este ilustre prelado
fez o possível para a realização de tão louvável ideia, já encarregando-se ele
mesmo de dirigir as obras do edifício seminarial, cujos fundamentos foram por
ele lançados, já dotando generosamente o futuro seminário com uma propriedade
sua, que adquirira por 2.200$ o que não deixava de ser uma dotação importante,
atendendo ao valor que tinha então o dinheiro. Mas… estava escrito que não era
ainda desta vez, e nem era em S. Tiago, que havia de surgir o que vinha
iluminar esta terra hesperitana.
Eleito deputado, o
venerando prelado retirou para Lisboa, ficando paralisadas as obras de
edificação, a que tão ardorosamente se havia devotado.
Muito distante vinha
ainda o ano imorredoiro em que se havia de erguer em Cabo Verde.
Efectivamente, só 40
anos depois é que, por decreto de 3 de Setembro de 1886, se ergueu na Ilha de
S. Nicolau tão almejado farol -- o
Seminário Liceu que veio rasgar
fundamente as trevas da ignorância em que vivíamos imersos.
Continua
IN
B:G:C.. 1926Colab. A.Mendes
Os atrasos, os impasses, os adiamentos, são uma nota genética do desleixo incurável da administração portuguesa, para além do desprezo a que estava votado o arquipélago. Mas, enfim, após séculos, lá se conseguiu o seminário-liceu. O único facto que me liga a esse antigo seminário é o meu avô paterno ter estudado lá.
ResponderEliminarFoi interessante relembrar este facto da história da educação em Cabo Verde. Esperemos pela continuação.