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quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

(6465) - DA POEIRA DOS TEMPOS...


O SEMINÁRIO – LICEU DA ILHA

DE S. NICOLAU DE CABO VERDE

POR

JOSÉ DOS REIS BORGES

Professor do Liceu Infante D. Henriques

A história da sua fundação e o papel preponderante por ele exercido na civilização do arquipélago.
A elevação de Cabo Verde a bispado em 1533, devia naturalmente corresponder a ideia de se fundar um estabelecimento de ensino secundário para a instrução do clero.
Assim, por uma carta régia de 12 de Janeiro de 1570 determinava-se a criação de um seminário na vila de Ribeira Grande, na ilha de S. Tiago; mas a régia carta ficou, infelizmente, letra morta, a despeito dos esforços empregados pelo então bispo de Cabo Verde, o venerando prelado D. Fr. Francisco Cruz.
Dos imediatos sucessores deste prelado, alguns houve que curaram do assunto tão zelosamente como ele. Mas uns após outros, foram caindo, sem que o seminário se efectivasse.
Dobraram depois anos, muitos anos. A ideia, que ficara felizmente de pé, toma, ao depois, novamente vulto, outra determinação surge, no mesmo sentido, em 1824. Era bispo da diocese D. Fr. Jerónimo do Barco.
Este ilustre prelado fez o possível para a realização de tão louvável ideia, já encarregando-se ele mesmo de dirigir as obras do edifício seminarial, cujos fundamentos foram por ele lançados, já dotando generosamente o futuro seminário com uma propriedade sua, que adquirira por 2.200$ o que não deixava de ser uma dotação importante, atendendo ao valor que tinha então o dinheiro. Mas… estava escrito que não era ainda desta vez, e nem era em S. Tiago, que havia de surgir o que vinha iluminar esta terra hesperitana.
Eleito deputado, o venerando prelado retirou para Lisboa, ficando paralisadas as obras de edificação, a que tão ardorosamente se havia devotado.
Muito distante vinha ainda o ano imorredoiro em que se havia de erguer em Cabo Verde.
Efectivamente, só 40 anos depois é que, por decreto de 3 de Setembro de 1886, se ergueu na Ilha de S. Nicolau tão almejado farol -- o Seminário Liceu que veio rasgar fundamente as trevas da ignorância em que vivíamos imersos.

Continua
IN B:G:C.. 1926

Colab. A.Mendes

 

1 comentário:

  1. Os atrasos, os impasses, os adiamentos, são uma nota genética do desleixo incurável da administração portuguesa, para além do desprezo a que estava votado o arquipélago. Mas, enfim, após séculos, lá se conseguiu o seminário-liceu. O único facto que me liga a esse antigo seminário é o meu avô paterno ter estudado lá.
    Foi interessante relembrar este facto da história da educação em Cabo Verde. Esperemos pela continuação.

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