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segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

[6578] - A FALAR É QUE A GENTE SE ENTENDE...

Pessoalmente, já nem sei o que pensar ao ver tanta quantidade bem farta de desentendimentos em torno daquilo que exatamente devia unir os Caboverdianos: a sua língua, seja ela a expressão que tiver. Afinal, Santiago tem mais dialetos e formas. O dito arranjo, não tem validade técnica. O Alupek, feito à pressa, é apenas uma amostra da doença nacionalista e não o aspeto sério da necessidade identificadora dessa mesma nacionalidade.
Continuo a dizer que a preparação duma forma de Crioulo, como idioma expressivo de todos, vai ser complicado criar devido a posições mais políticas do que de causa semântica. Mais: são necessários linguistas, acima de tudo, especialistas na evolução  dialética, como tem acontecido nas Antilhas Holandesas com o Papiamento ou aconteceu na Tanzânia, quando Julius Nyerere, declarou o Suaili, língua oficial do país, indo contra a lógica da implementação do Inglês, imposta pelo Commonwealth ou, ainda, na Espanha, depois da morte de Franco, o Basco, Catalão, Asturiano, Galego, Maiorqui... e tantos outros exemplos... e sem nunca deixarem de falar o seu original!
É um tempo perdido, este de se guerrear uma partícula da expressão crioula, seja ela de origem badia ou não! Afinal, o Caboverdiano esmera-se em falar outros idiomas e até acultura-se; como acontece no Brasil e Argentina, sem falar nos EUA. Mas depois, nega o seu natural habitat com base duma discriminação que pode até ser considerada de posição «racista»! Se aprendemos Inglês, Francês, Alemão e até Latim (uma língua morta); porquea só tambm aprende quem quer, não será obrigatório. Sendo assim, que cada um fique com o seu. Afinal, porquê  ter uma língua oficial se a maioria se identifica pelo Português. Não vejo nenhum escritor de CV preocupado em escrever romances, novelas, ensaios, textos científicos, enciclopédias e etc., en Crioulo, quando já tem a sua possibilidade expressiva numa língua universal que no final tambem é a sua e desdobrada por continentes.
Que se faça uma gracinha na poesia, entre uma ou outra frase e na lírica musical, tudo bem! Aqui, certamente há a liberdade criativa individual e o sentimento caboverdiano em cada um, sem crítica nem riola, escrever e usar aquilo que lhe der na melhor das ganas.
Forte abraço e uma boa semana a todos!
Veladimiro Cruz

5 comentários:

  1. Como já bastas vezes disse, preocupem-se eles com aquilo que é urgente e prioritário em Cabo Verde. Quanto ao crioulo, deixem-no como ele gosta de estar: solto, livre e com as suas variantes locais. Quanto a língua, não vejo nem necessidade nem fundamento racional para menosprezarmos uma língua que é inteiramente nossa como é dos portugueses e de outros povos com os quais estamos irmanados no mesmo sonho de colectividade..

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  2. Varias vezes tive ocasião de dizer que esse alupec (ainda mais com a violência que a querem implantar) sô serve para dividir cada vez mais os filhos dessa terra.
    No principio eram poucos os que reagiam e mostravam os inconvenientes de tal proposta mas agora aparecem muitos a afirmar que não aceitam tal coisa e que preferem o seu falar..
    "... não se pode enganar todos todo o tempo".

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  3. Amigos Cabo Verde não pode ir para vias radicais como pretendiam em 1974/75. alguns jovens estudantes filiados nos grupos de esquerda radical portuguesa, mas mais bon enfant festeiros do que verdadeiros revolucionários. Mas era o ar do tempo rasgar tudo para começar a ‘zero’?.
    Já passaram 40 anos da revolução do 25 de Abril e a ala radical teve mais tempo de tomar juízo, tendo ficado alguns nostálgicos que apoiam esta agenda radical fundamentalistae aventureira de erradicar o português, unificar o crioulo na base da sua versão badia e susbstituí-la pela versão do crioulo badio a que elegeram como fundamental e materno de todos os cabo-verdianos.
    Meus amigos não temos conflitos com Portugal nem com a CPLP, nem com a língua portuguesa, que é um património desta comunidade.
    Sou favorável ao estudo investigação e valorização do crioulo em todas as suas vertentes mas vou contra esta agenda utópica de querer à pressa na calada da noite dar este golpe linguístico e criar mais um facto consumado. Nem tão pouco temos vocação para engolir as versões dos crioulos do norte de Cabo Verde, este pacto obsceno que os fundamentalistas propõem para que depois engulam tudo.
    Por isso que a Regionalização para além de ser uma necessidade será um escudo e uma protecção para todos os cabo-verdianos do norte de CV que não se alinham nos radicalismo de alguns grupos da ilha de Santiago.

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