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segunda-feira, 3 de março de 2014

[5707] - SOBRE A LINGUA PORTUGUESA...

SIM, ACORDO ORTOGRAFICO...


Carlos Enes - Deputado do PS
 

"A reforma da ortografia portuguesa de 1911 teve como objetivo contribuir para uma democratização cultural, funcionando como um instrumento de combate ao analfabetismo. Esse espírito está patente em outras iniciativas desencadeadas até se estabelecer o Acordo Ortográfico (AO), em 1990. A Assembleia da República aprovou-o, por larguíssima maioria, bem como aos Protocolos Modificativos que se seguiram, dando origem a um tratado entre os países que têm como oficial a língua portuguesa.
Em qualquer reforma, há uma geração que se confronta, sempre penosamente, com uma transição; foi o que aconteceu depois de 1911 e de 1945. Porém, não consta que os portugueses de então tenham ficado traumatizados, perdido as referências culturais ou a identidade nacional.
A perspetiva deve ser a de se caminhar com confiança. Assim se está fazendo nas escolas deste país, com alunos e professores empenhados no sucesso da aprendizagem..
É falsa a crítica de que o AO impõe na grafia do Estado qualquer caos maior do que o que muito temporariamente acarretam todas as reformas, como também não são baseados em critérios científicos muitos dos reparos de ordem técnica. Estudos rigorosos e verificáveis apontam para uma maior convergência, na proporção de cinco para um, entre a ortografia portuguesa e brasileira. Este AO é um compromisso para o futuro e como tal deve ser encarado.
O AO tem sido aplicado em Portugal, dentro do planeado, bem como no Brasil, cujo embaixador confirmou em recente carta aos deputados portugueses que o seu país está determinado na reforma. É natural que nos restantes países da CPLP seja necessário assegurar a existência prévia das condições tecnológicas e humanas, o que está a ser feito, no âmbito do Vocabulário Ortográfico Comum, como previsto no tratado.
O AO não fere a dignidade de Portugal nem da sua língua. Mantendo o respeito por todos os povos, sem ninguém se impor ou vergar, todos passamos a escrever segundo um único ditame legal. Quem o quiser aplicar tem à sua disposição bons instrumentos; quem não o quiser, por convicção, preguiça, ou até snobismo, continua a ter liberdade para escrever conforme os seus conhecimentos, como sempre o fez.
Uma coisa é certa: as gerações que estão fazendo a sua aprendizagem com as novas regras não irão rejeitar o legado ortográfico que esta geração lhes deixou. Este é um acordo para o futuro. É nossa obrigação não recuar e, como escreveu José Saramago, "é preciso cumprir o que foi assinado"."
 
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Tal como dizem os franceses, "je m'en fiche pour l'accord". Não tenho paciência para estas novidades que ponho na mesma órbita do lunático alupek cabo-verdiano. Não tenho mesmo paciência. O próximo livro será entregue em português de Portugal (o da Península Ibérica) na gráfica. Se o editor achar melhor alupekizá-lo-acordo-ortograficoportuguêsmente, que lhe faça bom proveito - coisa que aos leitores não sucederá decerto.
Braça sem alterações idiotas,
 Joaquim Saial
 

Estou velho e não vou mudar para pior (a meu ver!). Não me ato a este acto e ninguém me pode obrigar.
Desde menino sempre adorei ouvir o brasileiro com a sua forma de falar mas não quero saber da escrita por esles adoptada e que não foi acolhida por todos os cidadãos dessa terra maravilhosa.
Não vos cito figuras máximas da sua literatura cujos depoimentos não pude recolher mas, se tiverem tempo, recomendo-vos o Prates (José Luís ou Luís Carlos?) a defender e Língua Portuguesa... e não sô!!! Um regalo !!! Encorajante !!!
Valdemar Pereira
 
A estes desabafos anti-"sim, acordo" gostaríamos de juntar outros, contra e a favor, pois é da discussão livre e descomplexada que surgem as soluções mais alargadas...Como se sabe, nestas, como em muitas outras coisas, nunca será possivel agradar a gregos e troianos, portanto, quantas mais vozes se pronunciarem, mais democrática será a a aconclusão final...
Do nosso lado, afirmamos a nossa mais vincada negação à grande maioria das alterações previstas no A.O. no que concerne à grafia de muitas palavas...Nós começámos a apreder a escrever no ano de 1941 e, desde então, muitas voltas já deu a língua mas, no essencial, achamos que estava muito bem como estava antes de meia-dúzia de iluminados decidirem à revelia de milhões de pessoas que têm, óbviamente, que ser ouvidas e não, apenas, a obedecer..
Zito Azevedo


 

1 comentário:

  1. Eu também sou contra o Acordo, como bastas vezes já me pronunciei. Não o faço por "preguiça ou snobismo", como insinua o autor do texto relativamente aos que não o aprovam. O que eu penso sobre o Acordo decorre das minhas próprias convicções, mas que se apoiam também nas opiniões de gente qualificada na matéria que reflectiu sobre o problema. Eu acho que o problema é agora mais bicudo do que nos dois anteriores acordos referidos pelo autor. Não faltam as evidências nesse sentido. Não prestei atenção aos pormenores da escrita deste artigo, mas saltou-me à vista o uso do gerúndio em duas situações, em desacordo com a prática corrente da escrita portuguesa. É o caso, por exemplo, de "estou fazendo", em vez de "estou a fazer".

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