Governo organiza fórum para discutir agenda pós-2015
O Governo, o sector privado, os trabalhadores, a sociedade civil e a diáspora vão estar reunidos entre 14 e 16 de Maio, no IIº Fórum da Transformação de Cabo Verde. O evento vai discutir a agenda pós-2015 e perspectivar o desenvolvimento do país no horizonte 2030.
Decorridos 10 anos do Iº fórum – realizado em 2003 – os cabo-verdianos residentes e na diáspora são convidados a revisitar o caminho percorrido e projectar o futuro do país a médio/longo prazo.
“Trata-se de um momento de reflexão para construir um consenso nacional, associando o Governo, o sector privado, os trabalhadores, a sociedade civil e a diáspora sobre uma visão de futuro e o que se pretende para transformar a economia e projectar a nova realidade social e económica, perspectivando um Cabo Verde próspero”, alega o Gabinete de Imagem do Governo.
Todos são chamados a participar nesta reflexão e, sobretudo, na construção deste futuro. Vão ser organizados “Diálogos Estratégicos” como forma de envolver de forma efectiva as diferentes camadas da sociedade nessa discussão, que se pretende seja produtiva e dê continuidade ao trabalho que se iniciou no Iº Fórum, quando o Governo decidiu pela modernização das infraestruturas e da economia de Cabo Verde. "Com ganhos evidentes", sustenta o Primeiro Ministro.
Este pensar colectivo tem o alto patrocínio do PM, José Maria Neves, que esta segunda-feira vai traçar, em conferência de imprensa, as linhas mestras deste IIº Fórum da Transformação de Cabo Verde.
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Lembrem-se que foi anunciado para este ano um Fórum sobre a Regionalização... Será o mesmo Fórum ?
Ser for, o caso parece-me, como o título indica, que este vai ser de ‘largo espectro’ (não focalizado exclusivamente na Problemática da Regionalização) Efectivamente, a Regionalização não pode ser concebida na ausência de Reformas e tem que ser debatida num quadro largo de políticas de Desenvolvimento. Mas temos que tomar muito cuidado para não nos afogarmos no mar da abstracção, a tentativa ‘noyer les poissons’ como se diz em bom francês.
O Fórum não se pode transformar numa manobra dilatória de diversão para se discutir nada, quando os problemas essências, as Reformas, e entre outras a Regionalização, são prioritários. O desenvolvimento será o corolário de boas reformas.
Eu já disse aos rapazes de S. Vicente para ‘look out’, para se prepararem, pois se não se mexerem serão ultrapassados pelas estratégias políticas.
Esta batalha da Regionalização pode ser perdida, não tenhamos dúvidas, e será mais uma oportunidade perdida (talvez a última) para S. Vicente e o resto da periferia de Cabo Verde!
Portanto, preparemo-nos para o desafio: pode se o FORUM DA LIBERDADE ou do FECHO pois depois, se não conseguirmos o avanço da nossa causa, cairá a cortina e, depois, será ‘business as usual’
José Fortes Lopes
O que causa estranheza é este fórum, ou lá o que venha a ser, surgir a cerca 1 ano do fim da legislatura. Este fórum teria todo o cabimento no início da presente legislatura, mas não agora em que o governo pode estar na iminência de deixar o poleiro. A não ser que o PM e o seu partido se convençam de que já atingiram um status de inamovibilidade, ou seja, de pura condição de partido único, senhor absoluto dos destinos do país. Admitirão, na intimidade das suas congeminações, que qualquer sufrágio que se faça consagrará reiterada e inapelavelmente esse estatuto? Conceber essa possibilidade constitui por si só um raciocínio perverso, na medida em que equivale a passar um atestado de óbito ou, no mínimo, de menoridade insanável, à democracia cabo-verdiana. Eu há muito tempo venho dizendo que a vitória do PAICV em 3 legislaturas consecutivas, ainda mais quando a última foi conseguida em tempo de crise, pode ser já o sinal de uma estagnação eleitoral pouco promissora. Ou então de um terreno eleitoral irremediavelmente contaminado (por aquilo que o rumor público fez circular) e do qual já não se espera, por conseguinte, qualquer sinal de fecundidade, susceptível de gerar nova e diferente lavra. A esterilidade só poderia ser contrariada com uma revitalização dos partidos da oposição, mas essa é uma possibilidade que temos de descartar para já. E mesmo que o não fosse, parece não haver grandes ilusões sobre uma resposta do MpD, caso a venha a ser governo, favorável à reforma profunda que entendemos ser necessária para um verdadeiro volte face na situação cabo-verdiana. Os dois partidos são farinha do mesmo saco no que toca à desconstrução da teia de interesses e compromissos centrada na ilha capital, em que ambos se interligam capciosamente. Outro matiz poderia beneficiar o xadrez político se a UCID tivesse uma outra expressão eleitoral, para que pudesse ser um factor de desequilíbrio. Até porque a democracia cristã, se não se desvirtuar, pode ser um bom fermento para a massa da governação.
ResponderEliminarAlém do mais, estás certo denuncias que o Fórum, tanto quanto é dado ver, põe abstractamente a tónica no desenvolvimento e "outros lugares comuns", mas sem uma palavra explícita para a magna centralidade que deve merecer uma reforma profunda do Estado. Falar de desenvolvimento sem referenciar aquilo que é fundamental para o viabilizar e exponenciar é, realmente, um "lugar comum". Está mais que visto que é precisar virar do avesso a actual organização do Estado. Pode mesmo ser necessário rever a Constituição e pensar até num regime presidencialista, sobretudo se isso passar, como se impõe, por um Estado descentralizado e regionalizado.
Mas não deve ser essa a intenção do PM, convenhamos. Isto cheira é a uma jogada eleitoralista para enganar o pagode.