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sexta-feira, 14 de março de 2014

[6658] - GRANDE HOTEL BRAZILEIRO...


Agradecemos ao amigo Djack o envio desta foto dominada pelo Grande Hotel Brazileiro, mesmo ao lado da Câmara Municipal de S,Vicente vendo-se, lá ao fundo, a fachada inconfundível do antigo Hospital...Sobre o Hotel, há algumas referencias no Post anterior (Nº 6657), nomeadamente sobre o seu proprietário, localização, etc. Não temos, infelizmente, indicações quanto à data desta cena nem do significado da decerto inusitada aglomeração humana...Será que haverá por aí alguém com ideias sobre o assunto?

8 comentários:

  1. "O Marinha de Campos", é a frase/nome que podemos ler no postal ilustrado, cujo verso infelizmente não possuo em imagem, ao contrário de muitos outros. Artur Marinha de Campos foi o primeiro governador de Cabo Verde em tempo republicano, nomeado logo a 29 de Outubro mas exonerado pouco após, em Abril do ano seguinte. A este propósito, ver a excelente biografia do comandante em

    http://arepublicano.blogspot.pt/2011/06/artur-marinha-de-campos-parte-i.html

    Quanto ao Hotel Brazileiro, o nome que consta na fachada é o de Annibal Rocha, o conhecido "Pudjim", nominha que ainda hoje é aplicado aos seus descendentes. Um deles, José Emídio Craveiro Rocha, foi meu colega de turma no Gil Eanes e é reconhecido médico em Lisboa. Diga-se que Aníbal Rocha poderia não ser o dono do hotel mas tão somente da casa comercial do piso térreo. A família Pudjim viveu deste ramo até tarde, no século XX.

    A título de curiosidade, fui ao meu arquivo e lá encontrei um anúncio a este hotel (ali com o "Brasileiro" escrito com "s"). O dito está publicado em "O Futuro de Cabo Verde" de 1 de Maio de 1913 e diz o seguinte: "Grande Hotel Brasileiro / O melhor hotel de São Vicente / Recomenda-se a todos os srs. passageiros / Belas acomodações, excelente serviço de comida. à portuguesa, à francesa, à inglesa e à hespanhola (assim mesmo, com "h") / Serviço rápido e escrupuloso."Este hotel rivalizava com outro, o Hotel Central de Isaac Wahnon que como trunfo tinha "grande sortimento em doces, vinhos finos, cervejas, cafés e... banhos, para além de... preços módicos.

    E pronto, tenho dito e já não é pouco...

    Braça hoteleira,
    Djack

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  2. A aglomeração:

    Dia de saldo de grogue.

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  3. Ainda relativamente à aglomeração (acrescida da tal frase/nome), gostaria de dizer o seguinte: na imagem há pelo menos três polícias, dois nas esquinas visíveis do edifício da Câmara e um na embocadura da rua - o que, convenhamos, é muito, a não ser que... e o "que" é que entre as duas primeiras portas da casa Pudjim vemos pessoas não exactamente vestidas como as outras, mais ocidentalizadas. Ou seja, vemos povo por ali espalhado mas há uns mais bem vestidos, de tchapéu di padja e fatos janotas. Um deles poderá ser o governador Marinha de Campos e daí a referência que alguém colocou no postal querendo dizer para a pessoa a quem o enviava: "Olha aqui o Marinha de Campos no meio do povo".

    Braça com "suponho que",
    Djack

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  4. Quanto ao atunzeiro-mor, anda mesmo em fuga. Vamos lá a acabar com o raio das beringelas recheadas de uma vez!

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  5. Eis um velho ditado que me ensinou o Djosa de nha Bia e que se aplica de facto a este blogue: "Quem abandona o Atum, não come nenhum." Obrigado, o dono encheu-se de beringelas recheadas e agora está no Hotel Brazileiro a refazer-se do lauto repasto. É a janela da esquerda no primeiro andar, bem fechadinha para não ouvir as tagarelas do quarto ao lado que não saem da janela nem o povo que na rua observa o Marinha de Campos.

    Braça sem dono de Atum,
    Djack

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  6. Ah, tanto tempo tem esta fotografia! Tanto tempo que já lá vai!
    Djack, não deve ser o Marinha de Campos, não. É que ele costumava disfarçar-se para sair anonimamente à rua para fazer olho gordo às crioulas. Dizem as más línguas que ele até costumava untar a cara de graxa para passar por crioulo "moreno" e usando roupa modesta. Um dia, o guarda Raspa olhou para ele de soslaio e a pensar com os seus botões: "Mas onde é que já vi este gajo? A cara não me estranha". E há quem diga que a sua crioula preferida morava naquela rua que se vê mais ao fundo. Mas como provar agora tudo isto se quem sabia de alguma coisa de concreto deixou este mundo diazá?
    Quanto ao Zito, nem queiram saber. Ele deve estar que nem um nababo a provar toda aquela comida do "Grande Hotel Brazileiro: comida à portuguesa, à francesa, à inglesa e à hespanhola". E afinal aquele amontoado de gente está ali precisamente à espera para conhecer o mandrongue que conseguiu bater todos os recordes da boa comezaina.

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    1. Se assim era, ele era um super-rápido do engate, pois só esteve cerca de quatro meses no governo de Cabo Verde, dado que foi nomeado a 29 de Outubro de 1910, tomou posse a 14 de Novembro e em Abril do ano seguinte do ano seguinte foi despachado para Lisboa, devido a alguns abusos de poder, segundo parece. Mas como se diz no site que citei, também teve momentos de grande rasgo relativamente à miséria local. Leia-se:

      "Toda a acção de Artur Marinha de Campos provocou muita celeuma em Cabo Verde e o próprio acabou por alimentar mais polémica ao afirmar publicamente que, “se estivesse no arquipélago em 1903, aquando da grande fome, se teria revoltado” [Célia Reis, “Cabo Verde”, O Império Africano. 1890-1930, Coord. A. H. de Oliveira Marques, Nova História da Expansão Portuguesa, Dir. Joel Serrão e A.H. de Oliveira Marques, Editorial Estampa, Lisboa, 2001, p. 105 apud João Nobre de Oliveira, A Imprensa Cabo-Verdiana, Macau, 1998, p. 180 e 245 ]"

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  7. As beringelas estavam óptimas, muito obrigado...Tenho andado a ver esta foto à lupa e noto que entre o pessoa´l que se encontra frente ao Hotel, existem fardas militares o que advoga a favor da tese da presença do tal Governador marinheiro de terra, pois era da Marinha de Campos e não de Mares...Quando eu cheguei ao Mindelo o Pudjim já tinha cedido a loja ao Leão e, no primeiro andar creio que já morava o Juloca da Casa Feijóo...Disse!
    Braça com bafo de paella hespaniola
    Zito

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